A partir de hoje e até dia 11 de Maio, as escolas do 1.º ciclo vão levar a cabo as chamadas provas de aferição dos seus alunos do segundo ano a Educação Artística e Educação Física. Seguem-se, entre 16 e 26 de Maio, as provas de Educação Física para os alunos do quinto ano e de Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC) para os do oitavo.
Todas estas provas serão digitais e têm sido alvo de forte contestação por parte dos encarregados de educação, professores e directores escolares. A par de problemas de rede nalgumas escolas, identificados pelos directores, professores e encarregados de educação defendem que as provas não fazem sentido porque ainda se estão a recuperar aprendizagens perdidas durante a pandemia e muitos consideram que os alunos do segundo ano, na maioria com sete anos, poderão não conseguir responder usando o teclado e o rato.
Segundo a Federação Nacional dos Professores (Fenprof/CGTP-IN), estas provas, instituídas em 2016, «sempre careceram de uma avaliação quanto aos níveis de eficácia no que deveria ser o seu propósito», realçando, por oposição à narrativa da tutela, que não servem para actuar junto dos alunos perante dificuldades detectadas.
«As provas de aferição, tal como estão instituídas, mais não são que a formalização de um sistema de avaliação, em formato de exame, independentemente do ano de escolaridade, e levam à ocupação de muito tempo da actividade lectiva, incluindo para o "treino" da sua preparação, o que não tem qualquer sentido, tratando-se de aferição», refere a estrutura sindical na nota enviada ao AbrilAbril.
Tendo em conta que desta aferição «não resultam nem mais apoios para as crianças e jovens com dificuldades, nem mais recursos humanos para as escolas», e que «são recursos e apoios que, em decisiva medida, as escolas carecem para a obtenção de resultados ainda mais positivos», a Fenprof insiste nas reivindicações que diz fazerem falta. «Para ultrapassar as dificuldades, mais do que diagnosticadas pelos professores, deveria existir uma efectiva redução do número de alunos por turma, a atribuição de mais recursos materiais e humanos às escolas, a redução da burocracia e, também, um efectivo rejuvenescimento do corpo docente», frisa.
Certa de que não são necessárias provas de aferição para identificar dificuldades de aprendizagem, a Federação insiste que não há vantagens com este modelo, admitindo que o mesmo possa criar «mais ansiedade» aos alunos pelo pouco domínio no uso do computador para a realização deste tipo de provas. Ao mesmo tempo, alerta, «os professores ocupam ainda mais tempo da actividade lectiva para ensinar e treinar competências digitais, reduzindo o tempo despendido para a recuperação das aprendizagens e a consolidação de conhecimentos». Desta forma, acrescenta, «reduz-se a utilidade das competências digitais à sua aplicação na realização de uma prova».
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