Testemunhas disseram à imprensa que um grande contingente de tropas israelitas invadiu esta manhã o campo de refugiados de Askar, nos arredores da cidade de Nablus, o que gerou grandes confrontos e trocas de disparos no campo e no Bairro de al-Masaken.
Ahmad Jibril, responsável do Crescente Vermelho Palestiniano na cidade, disse à agência Wafa que dois palestinianos foram atingidos a tiro, sendo que um deles tinha falecido e o outro se encontrava ferido, em estado grave.
Em comunicado, o Ministério palestiniano da Saúde identificou o falecido como Saleh Mohammad Sabra, de 22 anos.
A Wafa refere ainda que as forças israelitas cercaram e invadiram a casa da família de um palestiniano morto, Abdul-Fatah Kharousha, que em Fevereiro participou num ataque contra colonos, e tomaram medidas para a demolir.
Com a morte de Mohammad Sabra, na Cisjordânia ocupada, o número de palestinianos mortos em 2023 por tropas e colonos israelitas sobe para 152, incluindo 33 que faleceram durante os bombardeamentos recentes contra a Faixa de Gaza cercada.
Nakba, 75 anos de uma agressão que persiste
A 15 de Maio assinala-se a Nakba – a «catástrofe» –, que diz respeito à proclamação unilateral da independência de Israel, em 1948, e à campanha premeditada que acompanhou o processo de criação de Israel, em que as milícias sionistas destruíram centenas de aldeias, cometeram inúmeros massacres e expulsaram das suas casas cerca de 750 mil palestinianos.
A propósito dessa limpeza étnica e das agressões israelitas que se seguiram, num contexto em que o povo palestiniano mantém a luta pelo direito à terra e à independência, o Gabinete Central de Estatísticas da Palestina publicou uma série de dados associados à «catástrofe».
De acordo com o organismo, o processo de ocupação e colonização israelita provocou o deslocamento forçado de 957 mil pessoas que viviam na Palestina histórica em 1948, em 1300 aldeias e vilas.
Durante a Nakba, a ocupação israelita confiscou terras e expulsou os seus habitantes, controlando 774 aldeias palestinianas e destruindo 531. As atrocidades cometidas pelas forças sionistas incluíram pelo menos 51 massacres, com um saldo superior 15 mil mortos.
De acordo com o Gabinete de Estatísticas, no final de 2022, havia 14 milhões de palestinianos espalhados pelo mundo, mais de metade dos quais vivem na Palestina histórica. O número de refugiados palestinianos chegou a 6,4 milhões (dados das Nações Unidas de Dezembro de 2020), sendo que cerca de dois milhões vivem em campos na Cisjordânia e na Faixa de Gaza, na Jordânia, na Síria e no Líbano.
Desde 1948, o número de palestinianos mortos pelas forças de ocupação é superior a 100 mil, estima o organismo, afirmando que o ano mais sangrento foi o de 2014, com 2240 mortos.
Referindo-se a múltiplos aspectos da vida dos palestinianos nestas sete décadas de ocupação, o documento destaca questões como a situação dos presos nas cadeias israelitas (4900 em Abril de 2023); a política expansionista dos colonatos (em 2021, havia mais de 719 mil colonos na Cisjordânia); o elevado número de ataques e agressões perpetrados pelos colonos à população palestiniana (8724 registados em 2022); o confisco de terras e o processo de judaização intensiva de Jerusalém, a demolição de casas e outros edifícios propriedades de palestinianos (9353 desde 2009, segundo a ONU).
Solidariedade com a Palestina na Casa do Alentejo, em Lisboa
O MPPM – Movimento pelos Direitos do Povo Palestino e pela Paz no Médio Oriente promove, hoje, às 18h, na Casa do Alentejo, em Lisboa, uma Sessão de Solidariedade com a Palestina evocativa dos 75 anos da Nakba.
A sessão será presidida por Carlos Araújo Sequeira, presidente da Mesa da Assembleia Geral do MPPM, e contará com intervenções de Salim Nazzal, escritor, dramaturgo e poeta palestiniano; Nisreen Lubbad, refugiada e resistente palestiniana residente em Madrid; João Vasconcelos-Costa, investigador e ensaísta, e Carlos Almeida, vice-presidente do MPPM.
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