Segundo um comunicado da FNAM a táctica do Governo é simples: dividir para reinar. No acordo salarial que está a ser a ser negociado, a entidade que representa os médicos diz que «ninguém larga a mão de ninguém» e que face a uma tentativa de fragmentação, a postura passa por exigir um acordo global que dê uma resposta de emergência para salvar todas as carreiras médicas e o SNS.
Diz a FNAM que não irá abrir mão do que exige «para os médicos hospitalares, os médicos-internos ou os médicos de saúde pública, a troco do que exigimos para quem está nas Unidades de Saúde Familiar». Segundo a visão exposta no comunicado, o Governo procura usar a carreira de uns como moeda de troca para não garantir as exigências de outros, algo caracterizado como «olhar de licitador».
A sustentar todas as exigências salariais nas negociações que já duram 15 meses está um estudo do economista Eugénio Rosa que confirma que os médicos em Portugal estão entre os mais mal pagos da Europa e que, entre todos, são aqueles que mais valor salarial perderam nos últimos 12 anos.
De acordo com o estudo invocado, os médicos especialistas em Portugal ganham menos 44,4% que os médicos espanhóis, menos 71,3% que os médicos alemães e menos 50% face à média europeia e entre 2010 e 2022 a remuneração mensal dos médicos foi reduzida em cerca de 1000 euros de valor bruto. Esta desvalorização, segundo as conclusões, serve apenas o propósito de empurrar os médicos para o sector privado, o negócio da doença.
A proposta de aumento salarial que o Governo faz é de apenas 1,6%, algo que a FNAM considera ser «um insulto» já que não existem aumentos salariais há 12 anos e tal deve-se a uma «falta de vontade e inoperância do Sr. Ministro da Saúde em resolver o problema laboral dos médicos» e que esse tem sido o «principal obstáculo, para que se chegue a um bom acordo para o SNS».
Neste sentido, a FNAM exige a presença de um mediador externo que seja capaz de desbloquear todo o processo negocial que se arrasta de forma a conseguir integrar todas as suas propostas no sentido da valorização das condições de trabalho e dos salários para todos os médicos e que volte a integrar os médicos internos, que são um terço da força de trabalho.
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