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Encerramento de urgências: «está na altura de o ministério ouvir o grito de alerta»

Tendo em conta «a falta de investimento no SNS e a desvalorização do trabalho dos médicos e profissionais de saúde», a ruptura nos serviços de urgência não surpreendeu a Federação Nacional dos Médicos.

CréditosAndré Kosters / Agência Lusa

O encerramento de vários serviços de urgência, com particular destaque para os de Ginecologia e Obstetrícia, um pouco por todo o país – Almada, Portimão, Caldas da Rainha, Lisboa, Braga, Barreiro, Setúbal, Santarém –veio confirmar, «lamentavelmente», aquilo para o qual a Federação Nacional dos Médicos (FNAM) tem alertado nos últimos anos.

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Ruptura nos serviços de urgência de obstetrícia da região Lisboa

A Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo (ARSLVT) deu nota este sábado dos constrangimentos que irão ocorrer no atendimento de alguns serviços de Obstetrícia/Ginecologia entre os dias 10 e 13 deste mês.

CréditosPaolo Aguilar / EFE

Durante este período, estarão encerradas as urgências de Ginecologia/Obstetrícia do hospital Beatriz Ângelo (Loures), do Centro Hospitalar de Lisboa Ocidental, do Centro Hospitalar de Setúbal, do Centro Hospitalar Barreiro-Montijo e do Hospital Garcia de Orta (Almada), a que se juntou o hospital de Braga, que também teve o seu serviço de urgência de obstetrícia fechado por falta de médicos, tal como os da ARSLVT. Aliás, há muito tempo que vêm surgindo denúncias sobre a falta de recursos humanos em várias maternidades do país, com especial incidência nos serviços de urgência.

O número de especialistas de ginecologia/obstetrícia está muito abaixo do necessário para garantir o atendimento, nomeadamente na Guarda, onde deveriam ser 10 e são 8, em Leiria, onde deveriam ser 24 e são 18, em Setúbal, que deveria ter 22 e tem 10 e no São Francisco Xavier, que tem 14 mas deveria ter 22.

Em 2020, dos mais de 850 especialistas que estavam no SNS, 46% tinha 55 ou mais anos, o que deixa antever a possibilidade de degradação nos serviços de obstetrícia, considerando que o Governo tarda em dar resposta a esta problema.

Entretanto, face a esta situação, o Grupo Parlamentar do PCP já solicitou esclarecimentos ao Governo, no sentido de saber que medidas vai tomar o Ministério da Saúde para que situações como as deste fim-de-semana não se repitam e se o Governo tem conhecimento de outras unidades hospitalares que estejam em igual situação de ruptura, arriscando também o encerramento dos seus serviços de Obstetrícia/Ginecologia.

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«A política de acentuado desinvestimento no Serviço Nacional de Saúde (SNS), como a que tem sido levada a cabo por este ministério – que ao mesmo tempo desvaloriza o trabalho médico e é incapaz de atrair e fixar os jovens especialistas nos locais onde são necessários – tem graves consequências para os doentes».

Se esta situação não é ainda mais grave, considera a FNAM, em comunicado enviado ao AbrilAbril, isso deve-se exclusivamente ao «esforço, dedicação e persistência dos médicos e dos restantes profissionais de saúde». Sem esse trabalho, um número ainda maior de doentes veria a sua acessibilidade aos cuidados de saúde em situação de doença aguda reduzida.

Exemplos disso são os «encerramentos de urgências de Cirurgia Geral, Medicina Interna, Ortopedia e Pediatria, entre outras, bem como as sucessivas notícias de sobrelotação das urgências existentes». É previsível que exista um «agravamento deste quadro à medida que se aproximam os períodos habituais de férias».

Para a FNAM, a realidade vivida hoje nos hospitais portugueses é inaceitável. «Há apenas um caminho possível para garantir o normal funcionamento dos serviços de urgência do SNS, que o Ministério da Saúde deve adoptar sem mais demoras: acabar com a política de desinvestimento nos serviços públicos de saúde, valorizar as carreiras médicas, actualizar os salários dos profissionais de saúde e implementar o estatuto de risco e penosidade acrescido para os médicos».

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