A «Marcha pela Vida» contou com a participação de povos indígenas, agricultores, estudantes, organizações sociais e de direitos humanos, sindicatos, partidos políticos e figuras públicas a título pessoal, que há vários dias se mostravam empenhados em construir uma grande jornada de mobilização para demonstrar o apoio ao «processo de mudança» na Colômbia.
Com marchas e actos públicos convocados nos 32 departamentos do país, houve grande mobilizações em cidades como Ibagué, Bucaramanga, Cúcuta, Medellín, Barranquilla, Cali ou Cartagena.
De vários pontos do país – Guajira, Putumayo, Nariño, Cauca e Norte de Santander, entre outros departamentos – chegaram à capital, Bogotá, muitos milhares de indígenas participantes na minga (assembleia) contra a violência nos seus territórios e os assassinatos dos seus dirigentes, mas também de apoio ao diálogo do governo colombiano com os grupos armados e às reformas laboral, das pensões, da Educação e da Saúde dinamizadas por Petro, que visam beneficiar camadas da sociedade tradicionalmente excluídas.
Na Praça Bolívar, no centro de Bogotá, o ajuntamento de pessoas foi enorme, como que parecendo responder ao apelo feito pelo Partido Comunista Colombiano, que, no seu portal, havia vincado a importância da mobilização, «sem medo e com esperança», e havia denunciado o silêncio dos «meios de comunicação corporativos» sobre as «conquistas deste governo».
Por seu lado, o presidente da Central Unitária dos Trabalhadores (CUT), Fabio Arias, declarou à imprensa que, com a mobilização de 27 de Setembro, queriam mostrar ao país o impacto das reformas sociais e pressionar politicamente aqueles que, no Congresso, entravam o seu debate.
Arias acusou sectores do patronato de oferecerem dinheiro aos partidos políticos para que as reformas promovidas pelo executivo não avancem, garantindo assim grandes privilégios, indica a TeleSur. Neste contexto – disse –, aos trabalhadores e outras camadas da sociedade não lhes resta mais que lutar nas ruas.
«Para poder viver na Colômbia, é preciso mudar a lei e maneiras de entender as coisas»
O presidente da República, Gustavo Petro, agradeceu as mobilizações de apoio às medidas que o seu governo propõe para transformar o país – um dos mais desiguais do mundo.
«Temos de mudar e transformar a sociedade para que possamos viver, é simples. Poder viver na Colômbia significa mudar uma série de normas, de leis, de maneiras de entender as coisas. Da exclusão, da desigualdade, da injustiça», sublinhou o chefe de Estado, ao discursar para a multidão na Praça Bolívar.
Tendo feito referência às reformas nas áreas da Saúde, laboral, da Educação, das pensões, que pretendem beneficiar quem não pode aceder aos serviços básicos, Petro anunciou que, além dessas medidas, o seu governo vai apresentar a reforma dos serviços públicos, para dar mais direitos aos utentes.
Profunda desigualdade no país na origem da violência
«Estou convencido de que temos violência porque somos profundamente desiguais. Somos o quarto país mais desigual do planeta Terra. Somos aterradoramente desiguais como sociedade», disse, sublinhando que isso provoca a violência e os actuais problemas do país, o narcotráfico, o surgimento de guerrilhas, as guerras que ainda persistem.
Neste sentido, defendeu como prioridade a construção da justiça social e «permitir que essa distância encolha, fazendo mais ricos os pobres, tirando os pobres da pobreza», refere a Prensa Latina.
«Desta praça cheia de gente, das praças da Colômbia, interpelo a oligarquia colombiana, os que têm o poder económico, para que façamos um grande Acordo Nacional sobre a verdade e a justiça», disse ainda Petro, acrescentando que «o povo organizado» é «a estratégia deste governo».
«Se temos um povo organizado, não vão derrubar este governo», frisou.
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