O Instituto de Estudos para o Desenvolvimento e a Paz (Indepaz) revelou que Giovanny Chávez Vega, ex-guerrilheiro firmante do acordo de paz de Novembro de 2016, foi morto a tiro por desconhecidos, esta segunda-feira, no município de Sucre (departamento do Cauca).
O assassinato de Chávez Vega (primeiro de 2024) segue-se ao crime que pôs fim à vida de Favian José Chamorro Zabala, menos de 24 horas antes, em Chalán (departamento de Sucre).
Com o assassinato de Chamorro Zabala, igualmente subscritor do acordo de paz na Colômbia, o ano de 2023 terminou com 45 ex-guerrilheiros assassinados no país sul-americano (409 desde Novembro de 2016).
O Indepaz refere que a Defensoria do Povo havia alertado para «os riscos para a população em geral, incluindo signatários em processo de reintegração na vida civil, devido à presença de actores armados» na região.
Centenas de milhares de pessoas mobilizaram-se, esta quarta-feira, por todo o país sul-americano em defesa da paz e para apoiar as reformas promovidas pelo executivo de Gustavo Petro. A «Marcha pela Vida» contou com a participação de povos indígenas, agricultores, estudantes, organizações sociais e de direitos humanos, sindicatos, partidos políticos e figuras públicas a título pessoal, que há vários dias se mostravam empenhados em construir uma grande jornada de mobilização para demonstrar o apoio ao «processo de mudança» na Colômbia. Com marchas e actos públicos convocados nos 32 departamentos do país, houve grande mobilizações em cidades como Ibagué, Bucaramanga, Cúcuta, Medellín, Barranquilla, Cali ou Cartagena. De vários pontos do país – Guajira, Putumayo, Nariño, Cauca e Norte de Santander, entre outros departamentos – chegaram à capital, Bogotá, muitos milhares de indígenas participantes na minga (assembleia) contra a violência nos seus territórios e os assassinatos dos seus dirigentes, mas também de apoio ao diálogo do governo colombiano com os grupos armados e às reformas laboral, das pensões, da Educação e da Saúde dinamizadas por Petro, que visam beneficiar camadas da sociedade tradicionalmente excluídas. Na Praça Bolívar, no centro de Bogotá, o ajuntamento de pessoas foi enorme, como que parecendo responder ao apelo feito pelo Partido Comunista Colombiano, que, no seu portal, havia vincado a importância da mobilização, «sem medo e com esperança», e havia denunciado o silêncio dos «meios de comunicação corporativos» sobre as «conquistas deste governo». Por seu lado, o presidente da Central Unitária dos Trabalhadores (CUT), Fabio Arias, declarou à imprensa que, com a mobilização de 27 de Setembro, queriam mostrar ao país o impacto das reformas sociais e pressionar politicamente aqueles que, no Congresso, entravam o seu debate. Arias acusou sectores do patronato de oferecerem dinheiro aos partidos políticos para que as reformas promovidas pelo executivo não avancem, garantindo assim grandes privilégios, indica a TeleSur. Neste contexto – disse –, aos trabalhadores e outras camadas da sociedade não lhes resta mais que lutar nas ruas. O presidente da República, Gustavo Petro, agradeceu as mobilizações de apoio às medidas que o seu governo propõe para transformar o país – um dos mais desiguais do mundo. «Temos de mudar e transformar a sociedade para que possamos viver, é simples. Poder viver na Colômbia significa mudar uma série de normas, de leis, de maneiras de entender as coisas. Da exclusão, da desigualdade, da injustiça», sublinhou o chefe de Estado, ao discursar para a multidão na Praça Bolívar. Tendo feito referência às reformas nas áreas da Saúde, laboral, da Educação, das pensões, que pretendem beneficiar quem não pode aceder aos serviços básicos, Petro anunciou que, além dessas medidas, o seu governo vai apresentar a reforma dos serviços públicos, para dar mais direitos aos utentes. «Estou convencido de que temos violência porque somos profundamente desiguais. Somos o quarto país mais desigual do planeta Terra. Somos aterradoramente desiguais como sociedade», disse, sublinhando que isso provoca a violência e os actuais problemas do país, o narcotráfico, o surgimento de guerrilhas, as guerras que ainda persistem. Neste sentido, defendeu como prioridade a construção da justiça social e «permitir que essa distância encolha, fazendo mais ricos os pobres, tirando os pobres da pobreza», refere a Prensa Latina. «Desta praça cheia de gente, das praças da Colômbia, interpelo a oligarquia colombiana, os que têm o poder económico, para que façamos um grande Acordo Nacional sobre a verdade e a justiça», disse ainda Petro, acrescentando que «o povo organizado» é «a estratégia deste governo». «Se temos um povo organizado, não vão derrubar este governo», frisou. Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz. O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença.Internacional|
Enorme apoio popular ao governo de Petro nas ruas da Colômbia
«Para poder viver na Colômbia, é preciso mudar a lei e maneiras de entender as coisas»
Profunda desigualdade no país na origem da violência
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O organismo de defesa da paz assinala, neste contexto, que, «passados sete anos da assinatura do Acordo de Paz e apesar de o Estado colombiano ter assumido uma série de medidas para garantir a implementação integral do mesmo», constatou «a persistência da violência sistemática contra ex-combatentes das FARC-EP».
De acordo com o Indepaz, os «desmobilizados das FARC e membros do partido Comunes, signatários do acordo final de paz com o Estado», enfrentam uma «crise de segurança» e muitos deles «são vítimas de ameaças, atentados e assassinatos».
No seu relatório anual, publicado a 29 de Dezembro último, o Indepaz dá ainda de conta de 94 massacres cometidos no país em 2023 (os mesmos que no ano anterior, com um saldo de 303 vítimas) e de 188 dirigentes sociais e defensores dos direitos humanos assassinados (mais um que em 2022).
Um elemento positivo é a grande diminuição no número de deslocamentos forçados, por comparação com 2022, mas superior ao registado em vários anos recentes, pese embora a clara aposta do executivo de Gustavo Petro naquilo a que chamou a política de Paz Total.
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