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Governo diz estar a combater falta de professores estando a combater a Escola Pública

Quando era necessário um investimento estrutural na Escola Pública e um conjunto de medidas para tornar a carreira de docente atractiva, o Governo anunciou que quer contratar docentes aposentados e aumentar horas extraordinárias, tapando o sol com a peneira. 

CréditosAntónio Cotrim / Lusa

Na senda dos constantes anúncios semanais após o Conselho de Ministros dignos de uma campanha eleitoral foi hoje a vez do  ministro da Educação, Ciência e Inovação anunciar um conjunto de medidas para aparentar resolução de problemas, sem os resolver. 

Desta feita, o ministro Fernando Alexandre, apresentou um pacote de medidas que supostamente tem o objectivo de resolver a falta de professores, sendo que na realidade não responde aos problemas estruturais levantados pelos professores, alimentando as problemáticas levantadas. 

Fazendo uma análise fria, as grandes medidas apresentadas procuram somente esconder os reais problemas na Escola Pública. Ao invés de tornar a carreira de docente atrativa e dar cobro às reivindicações dos docentes, o Governo opta por manter intactas as más condições de carreira existentes, aumentendo as horas extraordinárias, retirando da reforma professores que trabalharam uma vida inteira e merecem o seu descanso.

Diz o Governo que, de forma a garantir que todos os alunos tenham professor, quer contratar 200 professores aposentados com uma remuneração extra equivalente ao índice 167 (1657,53 euros brutos). Foi ainda estabelecido o objectivo de impedir que 1000 docentes se aposentem, num investimento de nove milhões de euros, que corresponderá a uma remuneração adicional até 750 euros mensais brutos.

Quando se exigiam alterações de modo a criar atratividade para carreira de docente de forma a suprir a falta de professores, o Governo quis deixar tudo na mesma, promovendo a instabilidade dos profissionais e os baixos salários. A única forma que o ministro da Educação arranjou para aumentar os rendimentos dos docentes foi aumentar o limite para 10 horas semanais extraordinárias a atribuir a cada docente. Com esta medida, o Ministério da Educação prevê o pagamento de mais 30 mil horas extraordinárias, aumentando assim as horas de trabalho.
 

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