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MPPM denuncia o «escolasticídio» na Faixa de Gaza

Um novo ano escolar começa em Portugal, mas tal não ocorre em Gaza, onde «Israel assassina alunos, professores e funcionários, e arrasa escolas comprometendo a educação de toda uma geração», lembra o MPPM.

Rescaldo de um mortífero ataque aéreo israelita a uma escola gerida pelas Nações Unidas no Centro de Gaza, a 6 de Junho de 2024 Créditos / MPPM

Na nota que emitiu este sábado – «Escolasticídio em Gaza: como Israel quer matar o futuro da Palestina» –, o Movimento pelos Direitos do Povo Palestino e pela Paz no Médio Oriente (MPPM) sublinha que aquilo que está a acontecer na Faixa de Gaza «é um escolasticídio».

O organismo solidário lembra a grande preocupação expressa em Abril deste ano por peritos da ONU com «o padrão de ataques a escolas, universidades, professores e estudantes na Faixa de Gaza», tendo lançando um «sério alarme sobre a destruição sistémica do sistema educativo» palestiniano.

«Com mais de 80% das escolas em Gaza danificadas ou destruídas, pode ser razoável perguntar se existe um esforço intencional para destruir de forma abrangente o sistema educativo palestiniano, uma acção conhecida como "escolasticídio"», disseram então os peritos.

Escolasticídio, lembra o MPPM, é definido como «obliteração sistémica da educação através da prisão, detenção ou assassinato de professores, estudantes e funcionários, e da destruição das infra-estruturas educativas».

Dados sobre o «escolasticídio» na Faixa de Gaza / MPPM

«Todas as 12 universidades de Gaza foram bombardeadas e total ou parcialmente destruídas. 85% das escolas requerem reconstrução total ou parcial. Quase 10 mil estudantes e mais de 400 profissionais de ensino, incluindo pelo menos 95 professores universitários foram mortos», denuncia o texto.

A educação como grande património dos palestinianos

A educação dos filhos assume um papel especial para os palestinianos, num contexto em que, recorda o MPPM, Israel lhes rouba as terras, lhes derruba as casas, lhes destrói as colheitas, lhes coarcta a liberdade, lhes nega uma pátria.

«Para os palestinianos, a educação é uma forma de resistência. As crianças vão à escola ainda que tenham de passar horas nos checkpoints. Nas comunidades beduínas, as escolas que Israel destrói são reconstruídas dezenas, centenas de vezes. Na educação fortalece-se o sentimento nacional do povo palestiniano», sublinha o MPPM, acrescentando: «É isso que Israel não pode tolerar. Por isso arrasa escolas e universidades e chacina professores e alunos.»

De acordo com o Gabinete Central de Estatística da Palestina, a taxa de literacia em 2022 era de 98,2% na Faixa de Gaza e de 97,8% em toda a Palestina. A mesma fonte revelava que, em 2017, frequentavam a escola 98,1% das crianças entre seis e 11 anos, 97,0% dos 12 aos 14 anos e 84,3% dos 15 aos 17 anos.

Novo ano escolar em Portugal, não na Faixa de Gaza

Em 6 de Novembro de 2023, na sequência do ataque israelita, «as autoridades de Gaza foram forçadas a suspender o ano escolar, [e] não mais os 625 mil jovens e crianças do território voltaram à escola», recorda ainda o MPPM.

No contexto da «brutal agressão militar» lançada por Israel contra a Faixa de Gaza «com o pretexto de silenciar a resistência» palestiniana, foram mortos mais de 41 220 palestinianos (estimando-se que pelo menos 15 mil sejam crianças) e mais de 95 410 ficaram feridos – uma grande parte dos quais são também crianças.

As instalações escolares têm sido particularmente visadas por Israel, que «alega que albergariam resistentes palestinianos», refere a nota, na qual o MPPM sublinha que tal alegação «não se coaduna com o facto de muitas das vítimas serem crianças e que não pode ser validada porque Israel recusa a presença de comissões de inquérito independentes».

«Escolas e hospitais têm servido de abrigo temporário para a maioria dos 2,3 milhões de habitantes de Gaza que Israel mantém em permanente deslocação forçada», afirma.

O povo palestiniano não está só

O organismo solidário português destaca a solidariedade internacionalista que tem sido expressa pelo mundo fora ao povo palestiniano, para afirmar: «Mas é preciso mais.»

Neste contexto, declara a necessidade de «denunciar todas as formas de cooperação com o governo genocida de Israel» e de «suspender os programas europeus de financiamento de projectos que Israel desvia para alimentar a sua máquina de guerra».

Também diz ser preciso «cortar os laços com as universidades israelitas instaladas em colonatos ou envolvidas em projectos militares» e pôr fim a transacções de material militar com Israel».

«É preciso que cada pessoa se informe e se abstenha de contribuir para a economia de guerra de Israel ao adquirir produtos israelitas ou de empresas que beneficiam economicamente do sistema de colonização e de apartheid israelita», defende o MPPM.

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