A Spinumviva, de Luís Montenegro, divulgou esta sexta-feira os nomes dos seus clientes, depois de o Expresso ter feito capa com a notícia de que a Solverde, que gere os casinos de Espinho e do Algarve, paga uma avença de 4500 euros mensais, suportada por um contrato que estará em vigor desde 2021.
Recorde-se que, há precisamente uma semana, Luís Montenegro esteve no Parlamento onde, num exercício de vitimização, tentou fazer a defesa da honra e rejeitou haver conflito de interesses, reportando-se então ao decreto que altera o Regime Jurídico dos Instrumentos de Gestão Territorial, que permite construir em solos rústicos, com alterações inócuas propostas pelo PS, e que o Parlamento votou esta sexta-feira. Mas em causa estava a lista de clientes, que o primeiro-ministro se recusou divulgar, e que a sua empresa deu hoje a conhecer.
No comunicado em que confirma a Solverde e avança o nome de outras empresas, como a Rádio Popular, Ferpinta e Colégio Luso Internacional do Porto (CLIP), a empresa argumenta que a relação comercial com os seus clientes «teve início numa altura em que o Senhor Dr. Luís Montenegro era sócio e gerente desta sociedade, mas não tinha qualquer actividade política». De facto, Luís Montenegro era advogado do grupo Solverde antes de ser primeiro-ministro, tendo estado envolvido nos prolongamentos dos contratos de concessão, meses antes de subir à liderança do PSD. Sucede que, legalmente, Montenegro mantém-se ligado à empresa que criou, já que a venda de quotas à mulher e filhos é considerada nula. Nesse sentido, clientes como a Solverde, que em 2024 – já com Luís Montenegro como primeiro-ministro – representou 30% do total do volume de negócios da Spinumviva, e cujo contrato com o Estado será renegociado em breve, valida a ideia de conflito de interesses que Luís Montenegro apelidava há uma semana de «absurdo».
O primeiro-ministro reservou para amanhã à noite uma conferência de imprensa sobre o tema. Independentemente do que venha a revelar, o caso evidencia a promiscuidade com os grandes grupos económicos e o conflito de interesses com o Estado, a que, de resto, o Governo quer dar continuidade na saúde, através do regime de parceria público-privado (PPP).
Quanto à confiança no actual Executivo, os trabalhadores da Administração Pública empobrecidos já mostraram esta semana que não a têm. Ao AbrilAbril, a presidente do STAL (CGTP-IN), Cristina Torres, que esta sexta-feira convocou greve e manifestação nacional em Lisboa, disse, inclusive, que «este Executivo é governo, mas apenas para os grandes grupos económicos», e exigiu uma mudança de políticas.
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