Milhares de islandesas protestaram contra a desigualdade salarial

Assinalando a grande acção de protesto contra a desigualdade ocorrida no país a 24 de Outubro de 1975, na segunda-feira milhares de trabalhadoras islandesas saíram dos locais de trabalho às 14h38, para denunciar que ganham menos que os homens.

Milhares de mulheres juntaram-se, esta segunda-feira, em Reiquiavique, em protesto contra a desigualdade salarial
CréditosTwitter

Tomando como base a jornada laboral de oito horas e o facto de, na Islândia, os homens ganharem em média mais 14% do que as mulheres, isso significa que, a partir das 14h38, as trabalhadoras islandesas estão a trabalhar de borla.

Na capital do país, Reiquiavique, milhares de mulheres deram corpo ao protesto na Praça Austurvöllur, depois de terem deixado os seus locais de trabalho. Embora mais pequenas, houve concentrações noutros pontos do país, refere o The Independent.

Apesar de a Islândia liderar os rankings mundiais no que à igualdade de género diz respeito, os sindicatos e as organizações de defesa dos direitos das mulheres que promoveram o protesto desta segunda-feira vincaram o facto de a desigualdade salarial persistir e ser eliminada a um ritmo extremamente lento.

Num protesto de feição semelhante, realizado em 2005, as mulheres islandesas saíram do trabalho às 14h08; em 2008, saíram às 14h25. Ou seja, no espaço de 11 anos, foram retirados três minutos por ano à desigualdade salarial, refere o Grapevine, um portal noticioso islandês em língua inglesa. E acrescenta: a este ritmo, as diferenças salariais entre homens e mulheres na Islândia só serão eliminadas em 2068.

A preceder estas acções de protesto esteve o «dia de folga» que as mulheres islandesas tiraram a 24 de Outubro de 1975. Estima-se que, então, 90% da população feminina tenha participado numa acção que visou chamar a atenção para a sua importância na sociedade, a sua falta de poder político e a discriminação salarial com base no género.

Em declarações à emissora nacional RÚV, o presidente da Federação Islandesa do Trabalho, Gylfi Arnbjörnsson, sublinhou que a discriminação com base no género é ilegal no país nórdico há 60 anos. As diferenças remuneratórias podem ter justificação na instrução e no tipo de trabalho realizado, mas não no facto de se ser homem ou mulher. Arnbjörnsson considerou ainda «inaceitável» que sejam necessários mais de 50 anos para alcançar a igualdade salarial. «50 anos é uma vida», disse.

Em Portugal

Na declaração aprovada na marcha que a Comissão Distrital de Mulheres da União dos Sindicatos de Lisboa realizou, este ano, no âmbito das comemorações do Dia Internacional da Mulher, afirma-se que, em Portugal, a remuneração média mensal das mulheres é 18% inferior à dos homens, para trabalho igual ou de igual valor.

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