De facto, quando se propõe reconstituir a vida política francesa em torno de uma verdadeira força central, com «homens e mulheres vindos da social-democracia, do centro, da direita progressista e pró-europeia», fala de quê?
É que, quando cita a «social-democracia, o centro e a direita progressista e pró-europeia», francesa e não só, está, em primeiro lugar, a falar, por um lado, de vários partidos e agrupamentos políticos e, por outro, de uma mesma política, já que, para detectar as diferenças entre si, precisamos seguramente de uma lupa. Em segundo lugar, está, por outras palavras, a elencar um conjunto de orientações e executantes, uns e outros protagonistas há longos anos, nomeadamente em França e na União Europeia, de políticas sustentadas ideologicamente em interesses económicos e financeiros representantes da globalização capitalista e dos seus processos de liberalização ao serviço das grandes corporações transnacionais.
No fundo, o que Macron sugere é a continuidade de um pensamento único que nos conduziu a um quadro de profundas desigualdades e poderes assimétricos entre estados e povos, e à concentração do poder em instâncias supranacionais dominadas pelas principais potências, com a Alemanha à cabeça.
Não será pois tarefa fácil procurar, qual agulha no palheiro, diferenças entre Macron, os candidatos da direita e as políticas que têm promovido, e de que resulta a brutal ofensiva que tem agravado a exploração, o desemprego, a precariedade, as desigualdades e a pobreza que abrangem largos milhões de pessoas.
Uma vez mais, tal como já tinha acontecido com as campanhas eleitorais de Obama e Hollande, os paladinos da continuidade destas políticas económicas e sociais da União Europeia, do aprofundamento de medidas federalistas, do reforço do eixo franco-alemão e de uma política de continuidade na cena internacional, agora formalmente unidos em torno de Trump, voltam a alimentar ilusões e a anunciar novos amanhãs através de um candidato que tem uma nova roupagem mas com uma velha receita!
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