O anúncio não é uma surpresa vindo de um dos principais rostos da política de François Hollande, nomeadamente das medidas de desregulação do mundo do trabalho. Apesar de dizer ser «um homem de esquerda» e que continua «a ser socialista», Valls já tem no currículo a proposta de deixar cair o «socialista» do nome do partido de que continua a ser membro.
Na entrevista, o chefe de governo que Macron integrou, como ministro da Economia, decretou que «os velhos partidos estão a morrer ou estão mortos». Manuel Valls é deputado do PS francês pelo círculo de Evry e foi candidato nas primárias do partido em que saiu derrotado, tal como Macron, por Benoît Hamon. Nas presidenciais, apoiou o candidato vencedor.
O En Marche!, um movimento criado por Macron à sua imagem, com as suas iniciais, para sustentar a sua candidatura presidencial, vai apresentar listas próprias às eleições legislativas de Junho. O porta-voz do movimento, Benjamin Griveaux, já afirmou que o ex-primeiro-ministro do PS tem de passar pelo crivo do comité de nomeação de candidatos como qualquer outro.
O presidente do comité, Jean-Paul Delevoye, já afirmou à BFMTV que o En Marche! já tem um candidato escolhido para o círculo de Valls. No entanto, até quinta-feira tudo pode mudar, indicou.
Emmanuel Macron ainda não anunciou qualquer nome para o cargo de primeiro-ministro, ocupado por Valls até Dezembro passado. Os resultados eleitorais de Junho podem vir a ser decisivos na constituição do executivo, que necessita de apoio maioritário na Assembleia Nacional.
O que faz um «candidato Macron»? A «capacidade de existir nos media»
O comité de nomeação do En Marche! definiu vários critérios para a escolha dos seus candidatos. O desejado são listas com diversidade, sem casos judiciais, com advogados e agricultores, metade dos quais mulheres e outra metade da «sociedade civil».
Quanto à outra metade, reservada a quem já ocupou cargos públicos, a Europe1 revela os critérios de selecção, aplicados através de uma escala de pontos até dez: a popularidade, a implantação ou o mediatismo (ou, em tradução literal, «a capacidade de existir nos media»).
A decisão final, no entanto, caberá sempre a Emmanuel Macron – um método decisório unipessoal à imagem do movimento. O prazo para entrega das listas para as legislativas agendadas para 11 e 18 de Junho termina na próxima segunda-feira.
Emmanuel Macron, um candidato oriundo do PS e com passagem pela alta finança, venceu no domingo a segunda volta das presidenciais francesas, com 66%, derrotando a candidata da extrema-direita, Marine Le Pen (34%).
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