Nos dados agora publicados o INE divulga ainda informação sobre a evolução trimestral do emprego, na óptica das Contas Nacionais.
Estes dados confirmam que o PIB cresceu no primeiro trimestre do ano 2,8%, em relação ao primeiro trimestre de 2016 (variação homóloga), e 1,0% em relação ao quarto trimestre de 2016 (variação em cadeia).
Para o crescimento de 2,8% registado em termos homólogos, o INE considera que o contributo da procura interna, constituída pelo consumo privado, consumo público e investimento, foi de 2,3 pontos percentuais, enquanto a procura externa líquida, constituída pelas exportações menos as importações, contribuiu com 0,5 pontos percentuais. No quarto trimestre de 2016, estes contributos tinham sido respectivamente de 2,6 pontos percentuais e -0,6 pontos percentuais.
Do último trimestre de 2016 para o primeiro trimestre de 2017, a aceleração de 0,8 pontos percentuais verificada no PIB, em termos homólogos, resultou do bom comportamento da procura externa líquida, que de um contributo negativo (-0,6 pontos percentuais) no último trimestre de 2016, passou agora a positivo (+0,5 pontos percentuais), enquanto a procura interna registou uma desaceleração entre estes dois trimestres.
A análise mais pormenorizada das exportações e das importações de bens e serviços agora divulgadas, quer a preços correntes, quer a preços constantes de 2011, mostra-nos que, se é verdade que as importações e as exportações aceleraram o seu ritmo de crescimento em volume, do quarto trimestre de 2016 para o primeiro trimestre de 2017, também é verdade que a preços correntes as importações crescem sempre mais que as exportações.
No quarto trimestre de 2016 as importações cresceram a preços correntes 8,0% e as exportações cresceram 6,6%, enquanto no primeiro trimestre de 2017, as importações cresceram 14,3% e as exportações cresceram 13,1%.
A razão fundamental porque isto acontece prende-se com os ritmos de crescimento dos preços das importações e das exportações no primeiro trimestre de 2017 comparativamente a igual período do ano anterior. Enquanto os preços das exportações cresceram neste período 3,1%, os preços das importações cresceram 5,8%.
O INE não disponibiliza informação desagregada sobre a evolução dos preços dos bens e serviços importados e exportados, no entanto, de acordo com a Agência Independente de Energia (AIE), no primeiro trimestre do ano o preço do barril de petróleo Brent cresceu em relação a igual período de 2016, 59,3%, o que tendo em conta o peso dos combustíveis nas nossas importações poderá justificar em grande parte a grande subida registada no deflator das importações.
«Foram criados, entre o primeiro trimestre de 2016 e o primeiro trimestre de 2017, 148 900 empregos»
Dos dados agora divulgados consta ainda informação sobre a forma como o crescimento do PIB neste trimestre se repercutiu no crescimento dos vários sectores económicos. O Valor Acrescentado Bruto Total cresceu em termos homólogos 2,1%, destacando-se dentro deste o sector industrial (4,5%), o sector da construção (7,4%), o comércio e reparação de veículos e alojamento e restauração (3,1%), as outras actividades e serviços (1,4%) e as actividades financeiras, de seguros e imobiliárias (-0,5%).
Por fim, o INE informa que o emprego total no conjunto dos ramos de actividade da nossa economia, corrigido de sazonalidade, cresceu em termos homólogos no primeiro trimestre de 2017, 3,2%, enquanto no quarto trimestre esse crescimento tinha sido de 2,4%. Em termos numéricos isto significa que, em termos homólogos e na óptica das Contas Nacionais, foram criados, entre o primeiro trimestre de 2016 e o primeiro trimestre de 2017, 148 900 empregos, enquanto que o número de empregos remunerados aumentou neste período 125 900.
Em síntese pode afirmar-se que 2017 registou no primeiro trimestre do ano um bom ritmo de crescimento na actividade económica, beneficiando por um lado de um bom andamento da procura interna e, em especial, do investimento e do consumo privado, a que não é alheia a melhoria do rendimento disponível das famílias e, por outro lado, da melhoria da procura externa líquida resultante de um ritmo de crescimento em volume das exportações superior ao das importações.
Neste último caso, a subida do preço das importações a um ritmo quase duplo da subida do preço das exportações e o muito bom comportamento das exportações de serviços, em especial do sector do turismo, foram determinantes.
Os resultados agora obtidos devem no entanto ser avaliados com alguma cautela, não apenas porque o PIB do nosso país em termos reais se encontra ao nível de 12 anos atrás, o que facilita a subida em termos homólogos, mas também porque dado o grau da destruição do nosso aparelho produtivo, a desejável aceleração da procura interna, por via do consumo ou do investimento e o aumento das exportações, inevitavelmente conduzirão ao novo desequilíbrio da nossa Balança Corrente.
Só assim não será se ao nível da nossa política económica foram adoptadas medidas de defesa da produção nacional, na substituição de importações e na promoção de exportações com elevado valor acrescentado.
Que se saiba, até agora essas medidas ainda não são conhecidas pelo que não é sustentável, mesmo que permaneça a conjugação de todos os factores favoráveis até agora verificados (preços matérias primas, desvalorização do euro, juros baixos e mercados externos a crescerem), a manutenção deste ritmo de crescimento para além do curto prazo, sendo bem provável que no final do segundo semestre comece a surgir algum abrandamento.
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