Uma moção da Federação Intersindical das Indústrias Metalúrgicas, Químicas, Eléctricas, Farmacêutica, Celulose, Papel, Gráfica, Imprensa, Energia e Minas (Fiequimetal/CGTP-IN), sobre a transformação em curso do sector energético, foi aprovada por unanimidade no recente congresso da Industriall Europa, refere aquela federação sindical portuguesa, em comunicado distribuído nesta quarta-feira.
O documento aprovado defende, nomeadamente: que a transição energética seja feita de forma gradual e equilibrada, sem deixar ninguém para trás; que garanta postos de trabalho sem perda de direitos, com formação de qualidade e reconversão profissional, quando esta for necessária; e que traga progresso à indústria e às economias dos cidadãos e dos países.
São rejeitadas tentativas de abusar do «Fundo para uma Transição Justa» para empreender uma reestruturação económica brutal a pretexto de protecção ambiental, como sucede em Portugal. Nesse particular, os congressistas condenam os encerramentos da central termoeléctrica de Sines e da refinaria de Matosinhos, pelo que representam em perda de emprego e em desaceleração do crescimento económico e industrial.
Os trabalhadores da refinaria de Matosinhos garantem que vão lutar «até ao fim» pelos postos de trabalho e enfrentar o despedimento colectivo, decidido pela Galp, depois de concentrar a operação em Sines. «Fomos [comissão de trabalhadores] mandatados para levar a cabo qualquer iniciativa na defesa intransigente dos postos de trabalho», revelou à Lusa o dirigente do Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias Transformadoras, Energia e Actividades do Ambiente do Norte (SITE Norte/CGTP-IN), Telmo Silva. O sindicalista falava no final de um plenário de trabalhadores que decorreu esta segunda-feira nas instalações da refinaria em Matosinhos, no distrito do Porto. A Galp decidiu concentrar as suas operações de refinação e desenvolvimentos futuros no complexo de Sines e descontinuar a refinação em Matosinhos, dando início a um despedimento colectivo de cerca de 150 trabalhadores. A petrolífera justificou a «decisão complexa» de encerramento da refinaria de Matosinhos com base numa avaliação do contexto europeu e mundial da refinação, bem como nos desafios de sustentabilidade, a que se juntaram as características das instalações. «Querem tirar-nos tudo, mas nós não baixamos os braços e vamos continuar a lutar até ser possível», garantiu Telmo Silva. O sindicalista contou que, na semana passada, terminaram as conversas com o Ministério do Trabalho, onde ficou claro que a «intenção» da Galp é o despedimento colectivo. «Ao fim de quatro reuniões, a empresa mostrou nunca querer negociar, rejeitando todas as soluções apresentadas», vincou. Telmo Silva adiantou que vão reunir hoje com o ministro do Ambiente, em Lisboa, para exigirem uma solução para os trabalhadores. Desde o anúncio do encerramento da refinaria, em Dezembro passado, a luta dos trabalhadores tem mostrado que se está a assistir à destruição do aparelho produtivo nacional e ao aumento da dependência externa. A administração da Galp consumou, esta sexta-feira, o encerramento da refinaria de Matosinhos com a paragem da laboração. O País passará, a partir de hoje, a importar o alcatrão necessário para as suas estradas, bem como os óleos base, as ceras e os aromáticos. O Governo, a Galp e a União Europeia têm alimentado a ilusão de que esta decisão serve objectivos ambientais. No entanto, o facto de o País passar a importar o que hoje produz não altera em nada a emissão global de gases com efeito de estufa. Pelo contrário, esta decisão contribuirá para aumentar a produção desses gases pelo acréscimo da necessidade de transporte de um vasto conjunto de mercadorias. A Galp, à boleia da pandemia, tomou a decisão de encerrar a sua refinaria de Matosinhos, cuja consequência é o despedimento directo de mais de 400 trabalhadores e indirecto de cerca de outros mil, referentes a empresas que operam para a refinaria. Uma opção que não resulta nem da defesa do interesse nacional nem do facto de a empresa estar a perder dinheiro, mas sim dos interesses dos seus accionistas, que pretendem fazer outros investimentos mais lucrativos. A não ser travada, esta opção levará à concretização de novas medidas de destruição da capacidade produtiva nacional, capacidade que tem sido defendida pelos que lutam em defesa dos seus postos de trabalho. Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz. O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença. O ajustamento operacional traduziu-se na suspensão, desde 10 de Outubro, da produção de combustíveis em Matosinhos e na altura a Galp garantia que o encerramento não teria impacto nos trabalhadores. A consequência desta decisão é o despedimento directo de cerca de 500 trabalhadores e indirecto de outros mil, referentes a empresas que operam para a refinaria. Uma opção que não resulta nem da defesa do interesse nacional nem do facto de a empresa estar a perder dinheiro, mas sim dos interesses dos seus accionistas, que pretendem fazer outros investimentos mais lucrativos. Para este encerramento, Governo e Galp alegam a necessidade de reduzir as emissões de CO2. No entanto, tal não acontecerá se se verificar apenas uma deslocalização da produção, por exemplo para a refinaria da Repsol na Corunha, ligada por um pipeline até à fronteira portuguesa. De outro modo, terá mesmo um efeito contraproducente face à necessidade da utilização de transporte pesado de mercadorias para trazer o combustível. Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz. O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença.Trabalho|
Trabalhadores não aceitam despedimento colectivo em Matosinhos
Nacional|
Consumado crime contra interesses nacionais
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O projecto europeu do hidrogénio é considerado prematuro. Quanto ao abandono do gás natural como fonte de energia mais limpa e rentável– ao contrário do que acontece no caso alemão, cujo plano de mudanças tem como meta 2038 –, o mesmo é considerado preocupante.
A Industriall Europa (Industriall Trade Union na sua denominação inglesa) é uma federação da Confederação Europeia de Sindicatos (CES) nos sectores da Metalurgia, da Química, da Energia, das Minas, dos Têxteis, do Calçado e outras indústrias relacionadas, em 37 países europeus.
Agrupa 180 sindicatos e federações sindicais da indústria pesada e ligeira, na sua maioria na União Europeia (UE) ou associados desta, que abrangem sete milhões de trabalhadores,
«Construindo uma recuperação para todos»
O terceiro congresso da Industriall Europa realizou-se nos dias 1 e 2 de Junho, a partir de Bruxelas e online, devido à pandemia em curso. Contou com a participação de cerca de seiscentos delegados. Os trabalhos decorreram sob o lema «Construindo uma recuperação para todos, uma voz forte para os trabalhadores da indústria na Europa».
A delegação da Fiequimetal foi composta por Rogério Silva, Manuel Bravo e Mário Matos, membros do Secretariado Permanente da Direcção Nacional da federação.
Além da defesa da moção apresentada, a Fiequimetal proferiu uma intervenção chamando a atenção para a importância de uma mais justa distribuição da riqueza em cada país, assente no aumento dos salários, na redução do horário de trabalho para 35 horas semanais, no combate à generalização do teletrabalho (e pela garantia de que a residência dos trabalhadores não se torne uma extensão do seu local de trabalho), na defesa do emprego e na exigência de alternativas às alterações em curso no sector energético.
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