O diabo ainda não está atrás da porta!

Passos e Cristas voltam a agitar o «papão» da esquerda, numa versão século XXI da «injecção atrás da orelha» ou do «comer criancinhas»!

Os caretos são os que se trajam de diabo no Carnaval
Créditos / Wikipedia

Os atropelos dos discursos de Passos Coelho e Assunção Cristas no passado domingo, insinuando uma disputa pelos votos do eleitorado da direita nos próximos actos eleitorais, onde porventura estará em causa a sobrevivência política de ambos, não disfarça a ânsia do PSD e do CDS pelo regresso ao poder. De facto, os líderes dos partidos da direita parlamentar convergiram nos ataques ao Governo e à actual solução política que a suporta e voltaram a agitar o «papão» da esquerda, numa versão século XXI da «injecção atrás da orelha» ou do «comer criancinhas».

Agora, falam em tragédias como consequência das políticas do actual governo, procurando caracterizar desta forma a reversão de medidas gravosas impostas pela governação da anterior maioria e que constam das posições conjuntas entre o PS, o PCP, o BE e o PEV. É o tal diabo à solta em Setembro de que falou o líder do PSD.

Mas a verdade é que os discursos de Passos Coelho e Assunção Cristas, e não só os de domingo passado, não apresentam propostas ou novas ideias para o futuro. O que prometem é o regresso puro e duro às políticas da anterior legislatura, nomeadamente da promiscuidade entre negócios privados e actividades públicas, com privatizações, liberalizações e desregulamentações laborais e sociais, a degradação dos serviços públicos e o fim do investimento público.

Do que verdadeiramente se trata é de, em articulação com as instituições europeias, procurar condicionar o Orçamento do Estado do próximo ano e, naturalmente, os acordos que sustentam o Governo do PS.

Ora, o diabo ainda não está atrás da porta e pode mesmo não vir a estar se, em 2017,  o Salário Mínimo Nacional subir de novo, as pensões e reformas tiverem um aumento digno, o Serviço Nacional de Saúde contemplar melhorias, nomeadamente com mais médicos e enfermeiros, a Caixa Geral de Depósitos reforçar a sua intervenção enquanto banco público e o investimento público retomar.

Estes são, apenas, alguns dos exemplos das catástrofes iminentes de que falam PSD e CDS, que, seguramente, não atingirão a esmagadora maioria dos portugueses mas, sim, os interesses dos grandes grupos económicos e da alta finança, que tanto preocupam Coelho e Cristas.

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