Os trabalhadores, concentrados hoje junto à sede da EDP numa acção promovida pela Fiequimetal/CGTP-IN e os seus sindicatos, denunciam que os lucros da empresa «foram obtidos à custa da exploração dos trabalhadores e das altas tarifas cobradas aos consumidores»
Em dia de apresentação de resultados pelo Conselho de Administração (CA) da EDP, os trabalhadores decidem destacar alguns dados que, segundo afirmam, a empresa «oculta».
Nos últimos cinco anos a EDP acumulou mais de 6 mil milhões de resultados líquidos que, segundo o comunicado distribuído hoje na concentração, são alcançados «com o esforço dos trabalhadores», com o aumento de cerca de 20% da tarifa, e com a generalização dos vínculos precários, nomeadamente nos centros de atendimento a clientes e lojas e na reparação de avariais, leituras e outras áreas técnicas. Segundo a Fiequimetal, só nos call centers da EDP existem perto de 3000 trabalhadores que «se apresentam como sendo da EDP», mas são contratados através de empresas de trabalho temporário, estando a maior parte em situação de precariedade.
6 mil Milhões
Resultados líquidos da EDP nos últimos cinco anos
Ao mesmo tempo, os trabalhadores consideram um «escândalo obsceno» as remunerações auferidas pelo Conselho de Administração (CA) da empresa, que em igual período ultrapassaram os 50 milhões de euros, com destaque para Presidente, António Mexia, que «poderá arrecadar este ano 2,5 milhões de euros». Denunciam ainda que o Presidente do Conselho Geral e de Supervisão, Eduardo Catroga, «arrecada 515 mil euros ao ano». Recorde-se que António Mexia foi ministro das Obras Públicas, Transportes e Comunicações do governo de Santana Lopes, e Eduardo Catroga foi ministro das Finanças de Cavaco Silva entre 1993 e 1995.
Ainda em igual período, os accionistas beneficiaram de dividendos num valor superior a 3 mil milhões de euros, ou seja, mais de 50% dos resultados líquidos.
50 Milhões
Valor das remunerações do Conselho de Administração nos últimos cinco anos
Por outro lado, nos últimos cinco anos, as actualizações salariais ficaram bastante abaixo dos 2% e nas negociações para 2017 a administração pretendia terminar o processo negocial «impondo uma actualização de 0,7%, valor rejeitado pela Fiequimetal/CGTP-IN». Os trabalhadores consideram «imoral» e denunciam que a administração tentou criar um clima de receio e de ameaças para forçar os representantes dos trabalhadores a aceitarem a sua proposta.
Para os trabalhadores, a EDP, hoje empresa privada detida maioritariamente por capital estrangeiro, «privilegia os accionistas, aumenta os custos aos consumidores, estimula os vínculos precários e está no top das empresas cujo vencimento do Presidente do Conselho de Administração entre outros elementos, representa uma desvalorização de quem trabalha e um verdadeiro escândalo ao qual deveria ser colocado termo».
Dirigentes sindicais que realizaram intervenções no local da concentração lembraram ainda que a privatização trouxe pior qualidade aos serviços e prejuízos ao País, ao «mandar para o estrangeiro» maior parte dos lucros.
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