Há «condições económicas e financeiras» para a administração da Resinorte (empresa que explora e gere os sistemas de triagem, recolha, valorização e tratamento de resíduos urbanos em 35 concelhos do Norte de Portugal) valorizar, de forma apropriada, os seus trabalhadores, considera o Sindicato dos Trabalhadores da Administração Local (STAL/CGTP-IN), em comunicado enviado ao AbrilAbril.
Os serviços mínimos decretados «arrasam o direito à greve», afirma o STAL, que irá lutar pela sua impugnação, sublinhando que, dias 26 e 27, haverá uma «grande acção de luta e unidade» na Resinorte. O Sindicato Nacional dos Trabalhadores da Administração Local e Regional (STAL/CGTP-IN) denuncia, num comunicado hoje emitido, que o acórdão do Tribunal Arbitral do Conselho Económico e Social relativo aos serviços mínimos, no âmbito da greve convocada para as próximas quinta e sexta-feira, coloca em causa «um direito fundamental dos trabalhadores [da Resinorte], o direito à greve». A violação desse direito concretiza-se quando o tribunal decreta «como serviços mínimos oito equipas de dois trabalhadores para fazer a recolha dos ecopontos nos concelhos de Guimarães, Vila Nova de Famalicão, Santo Tirso, Fafe, Vila Real, Amarante, Marco de Canaveses e Chaves, invocando questões de perigo para a salubridade pública, para o ambiente e para a segurança», afirma a estrutura sindical, que acusa a instância de «nunca fundamentar» tais riscos. «O STAL rejeita liminarmente esta decisão por entender que a mesma significa admitir que uma greve possa ser limitada ao ponto de não causar qualquer incómodo», lê-se no texto, no qual se acrescenta que, em última análise, tal representa «a negação do efeito último da greve e como tal a negação deste direito, o que viola claramente o enquadramento jurídico e constitucional neste âmbito». A estrura sindical explica que «esta "recolha selectiva multimaterial" não é fundamental à vida e não coloca em nenhuma situação em causa a saúde publica» e que, «se assim fosse, caberia à empresa explicar porque é que nem sequer a efectua diariamente», uma vez que apenas a realiza «em função do esgotamento da capacidade de cada ecoponto». «A única preocupação da empresa», denuncia, «é a questão estética, que não é, nem nunca poderá ser, "uma necessidade social impreterível" passível de limitar o direito constitucional à greve». Neste sentido, STAL e trabalhadores da Resinorte, que não aceitam o acórdão e «irão lutar por todos os meios, incluindo os judiciais, pela sua a impugnação», frisam que «não é com isto que os demovem de lutar pelos [seus] direitos», e prometem levar a cabo uma «grande acção de luta e unidade nos próximos dias 26 e 27 de Dezembro. Recorde-se que, além dos trabalhadores da Resinorte, também os da Resiestrela (do grupo EGF [Empresa Geral de Fomento]) estarão em greve nos próximos dias 26 e 27, para exigir a valorização das carreiras, a melhoria das condições de trabalho e o aumento dos salários. Num comunicado distribuído aos trabalhadores, este mês, o STAL condena a atitude da administração da holding pública, na medida em que se recusa a «iniciar qualquer processo de negociação colectiva global ou local». Os trabalhadores e as suas estruturas representativas reivindicam, entre outras matérias, o respeito pela contratação colectiva; a melhoria dos salários e de outras prestações pecuniárias, como o subsídio de refeição e de transporte; e a recuperação do poder de compra perdido. Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz. O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença.Trabalho|
Tribunal Arbitral «põe em causa o direito à greve» na Resinorte
Luta na Resinorte e Resiestrela
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E os aumentos salariais não se podem ficar pela «esmola» decidida unilateralmente pela administração, defende o sindicato: os trabalhadores querem um aumento significativo, «que recupere o poder de compra perdido há vários anos, bem como a respeito pela dignificação profissional, como trabalhadores que prestam um serviço público essencial para as populações».
«A taxa de rentabilidade aprovada pelo regulador para o sector dos resíduos» tem de reflectir-se na melhoria das condições remuneratórias daqueles que verdadeiramente produzem a riqueza. A prioridade destes profissionais, neste momento, passa pelos aumentos dos salários e subsídios de refeição e de transporte, a reclassificação das carreiras (de forma a reconhecer as funções reais desempenhadas pelos trabalhadores), e o respeito pela contratação colectiva.
Estas exigências foram subscritas por várias centenas de trabalhadores, num que trabalham no sector dos resíduos urbanos, na Resinorte, em Alijó, Amarante, Armamar, Baião, Boticas, Cabeceiras de Basto, Celorico de Basto, Chaves, Cinfães, Fafe, Guimarães, Lamego, Marco de Canaveses, Mesão Frio, Moimenta da Beira, Mondim de Basto, Montalegre, Murça, Penedono, Peso da Régua, Resende, Ribeira de Pena, Sabrosa, Santa Marta de Penaguião, Santo Tirso, São João da Pesqueira, Sernancelhe, Tabuaço, Tarouca, Trofa, Valpaços, Vila Nova de Famalicão, Vila Pouca de Aguiar, Vila Real e Vizela.
Os trabalhadores da Resinorte reafirmam a sua disponibilidade para continuar a luta em defesa dos seus direitos, «mandatando o STAL para definir as formas de luta mais adequadas para alcançar esses objectivos».
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