Inaugurada em 1986, a fábrica da Yazaki Saltano em Serzedo, Vila Nova de Gaia, foi a primeira unidade fabril a produzir cablagens na Europa. Seguiu-se, anos mais tarde, a instalação de uma nova unidade em Ovar. A partir daí, de despedimento em despedimento, a multinacional nipónica acabou por encerrar a fábrica em Gaia e concentrar a produção em Ovar, atirando mais de 400 trabalhadores para o desemprego.
A estabilização da fábrica em Ovar como principal e único foco da empresa não protegeu os trabalhadores. Em 2008, por exemplo, os 312 operários dessa unidade juntaram-se aos 400 colegas de Gaia no despedimento. A Yazaki Saltano, refere nota da Comissão Concelhia de Ovar do PCP, chegou a empregar mais de 7 mil pessoas, número que em 1998 já tinha sido reduzido para metade.
Aos dias de hoje, alegando quebra na venda de veículos eléctricos, «fortemente afectada pela actual situação crítica da indústria automóvel europeia», a Yazaki Saltano prepara mais um despedimento colectivo de 364 trabalhadores, que já foi comunicado ao sindicato.
À RTP, um dirigente do Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias Transformadoras, Energia e Actividades do Ambiente do Centro Norte (SITE Centro-Norte/CGTP-IN) explicou o procedimento da empresa: o despedimento colectivo «será transversal a vários sectores da fábrica e irá afectar, sobretudo, os funcionários mais velhos, que estão mais perto da idade da reforma, e os que estão há menos tempo na fábrica».
Os grupos parlamentares do Bloco de Esquerda (BE) e do Partido Comunista Português (PCP) já fizeram chegar à Assembleia da República um conjunto de perguntas dirigidas ao Governo PSD/CDS-PP. O BE considera «inaceitável que uma empresa com a dimensão da Yazaki Saltano não tenha encontrado uma alternativa que garantisse a manutenção dos postos de trabalho»
Já a pergunta colocada pelo PCP denuncia a «operação que, a concretizar-se, poderá ter um impacto social e económico devastador, uma vez que coloca em causa o direito ao trabalho, ao salário e ao rendimento de muitas famílias».
Que medidas vai, afinal de contas, tomar o Governo para proteger estas centenas de trabalhadores?
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