Há uma «Enciclopédia» a descobrir no CCB 

O mais recente trabalho da Razões Pessoais, companhia dirigida por Pedro Gil e Raquel Castro, que mais logo partilham o palco do pequeno auditório do CCB com Ana Isabel Arinto, Danilo Da Matta, Diogo Andrade, Katrin Kaasa, Mário Coelho e Sara Inês Gigante, é uma comédia de portas de construção colectiva, no âmbito do projecto Estúdio de Criação, desenvolvido pela companhia. 

Uma família poliamorosa é o centro desta Enciclopédia da Vida Sexual, escrita e dirigida por Pedro Gil. Desconstrói-se a ideia de triângulo amoroso, em que uma das pessoas são cinco, mas com os mesmos ingredientes de uma relação monogâmica. «Apesar de ser uma família poliamorosa, há um drama normal como em qualquer outra relação, porque existe o amor também, existe o compromisso, existe traição na mesma, existe fim de relação», contou o autor ao AbrilAbril.

«Atropelar é afrodisíaco, podia ter morrido alguém, deviam odiar-se, mas não, [...]. O que é que ele pensa de nós?», pergunta João (Diogo Andrade) a Dora (Raquel Castro). «Ainda não lhe contei», responde-lhe esta. «Às vezes, é complicado explicar». 

Pedro Gil, que se diz atraído por histórias «que tenham o máximo do mundo nelas», escolheu uma com um núcleo «fértil» (família), para, recorrendo à comédia, falar de escolhas, amor, sexo, liberdade, medo e perda, e assim poder questionar convenções ou inventar um mundo novo. Afinal de contas, diz, esse «é o gozo de fazer arte».

«Já imaginaram um mundo em que não fosse preciso escolher?», a pergunta será feita mais logo (a partir das 20h), no palco do pequeno auditório do CCB. A estreia desta «peça de artesanato cómico», uma brincadeira de palavras usada pelo criador, já que a matéria do teatro é «muito artesanal», no sentido em que é feita com o corpo e «muito no presente», marca também uma nova etapa do AbrilAbril, que é parceiro media da Razões Pessoais no biénio 2025-2026.