Móglaí Bap, Mo Chara, DJ Próvai, são os integrantes do Kneecap, colectivo de hip hop na vida real e que por via da sétima arte procuraram misturar a realidade com a ficção e contar, em parte, a sua origem.
Nesta longa metragem há elementos de comédia, a mensagem até pode parecer superficial à primeira vista, mas é muito mais que isso. O objectivo do filme passa por denunciar o imperialismo britânico, a luta do povo da Irlanda do Norte contra uma ocupação que se mantém, retrata uma vontade colectiva pela unificação da Irlanda, e a língua é exercida como um elemento nacional que, para além de ter que ser preservada, deve ser usada com arma de luta.
Em Kneecap está presente a rebeldia da juventude, os excessos, a irreverência, mas também a vontade de querer fazer algo mais. O gaélico assume-se como uma personagem e a música como um elemento dominante que desafia a constante opressão que as forças britânicas exercem contra quem quer ser livre e soberano.
Ao realizar um videoclipe para os Kneecap, Rich Peppiatt entendeu o potencial que tinha em mãos. Lançou o desafio a Móglaí Bap, Mo Chara e ao DJ Próvai e estes aceitaram. Peppiatt captou, assim, a realidade de Belfast e o que significa fazer parte da «geração do cessar-fogo», uma geração que carrega consigo séculos de luta contra a coroa inglesa.
O filme foi longe, tendo sido o primeiro em gaélico irlandês com presença no festival Sundance, arrecadando o NEXT Audience Award, e foi também selecionado como a entrada irlandesa para o Oscar de Melhor Longa-Metragem Internacional no 97.ª edição da gala de prémios.
A par deste reconhecimento, os Kneecap tiveram um batalha que, talvez, tenha sido a mais importante. O trio de rap ganhou um processo judicial contra a nova líder do Partido Conservador, Kemi Badenoch, depois de esta ter bloqueado uma subvenção, invocando que os Kneecap promoviam políticas anti-britânicas.
Basicamente o grupo tinha direito a um financiamento de 14 250 libras através do Music Export Growth Scheme, supervisionado pelo Department for Business and Trade e pelo Department for Culture, Media and Sport, mas Badenoch, então secretária de Estado dos Negócios, bloqueou a ajuda.
Os Kneecap levaram o caso a tribunal, acusando Kemi Badenoch de descriminação. O trio ganhou o caso e o dinheiro que era seu por direito, e disse que iria dividir os 14 250 libras em partes iguais entre duas organizações juvenis que trabalham com comunidades protestantes e católicas na Irlanda do Norte «para criar um futuro melhor para os nossos jovens».
Em Portugal o filme sobre os Kneecap nas salas de cinema no dia 3 de Abril, no cinema Midas em Lisboa, às 21h45, estará em cartaz ao longo de toda a semana.
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