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CGT sai das negociações e mobiliza aposentados em toda a França

A Confederação Geral do Trabalho (CGT) anunciou a saída das negociações com o governo francês sobre a reforma das pensões e apela à participação na mobilização nacional de reformados e aposentados desta quinta-feira.

CréditosMohammed Badra / EPA

A decisão surge como resposta à inflexibilidade do governo e do Presidente Emmanuel Macron em reverter as alterações ao sistema previdenciário, que impôs o aumento da idade mínima para os 64 anos.

A secretária-geral da CGT, Sophie Binet, denunciou a postura do governo, afirmando que o primeiro-ministro e os patrões estão unidos para manter o aumento da idade da reforma, aproveitando o momento geopolítico para impor novos retrocessos, e que, por isso, o regresso da idade da reforma para «os 62 anos é a questão central». A dirigente sindical destacou ainda que o novo sistema previdenciário, em vigor há apenas um ano, já está a ter consequências nefastas para os trabalhadores, empurrando muitos para condições de desemprego, sem apoios sociais ou trabalho precário.

Face à recusa governamental em atender às reivindicações sindicais, a CGT e outras organizações apelaram à participação na mobilização nacional nesta quinta-feira para reivindicar a valorização das pensões e a defesa do sistema de segurança social. O protesto insere-se na campanha «Reconquista da Segurança Social», que assinala os 80 anos do modelo solidário de protecção social francês.

Mobilização massiva em várias cidades

Desde as primeiras horas da manhã, milhares de pessoas saíram às ruas em diversas cidades do país, incluindo Paris, Marselha, Lyon e Toulouse. Os aposentados juntaram-se a trabalhadores de vários sectores, exigindo a revogação da reforma da previdência, mas também um aumento significativo das pensões e o reforço dos serviços públicos.

«Pensões e não canhões», numa crítica à corrida armamentista da União Europeia, uma das palavras de ordem exibidas no protesto desta quinta-feira  CréditosMohammed Badra / EPA

A secretária-geral da União Confederal dos Aposentados (UCR) da CGT, Cathy Cau, sublinhou que «a segurança social tem sido alvo de ataques constantes desde a sua criação, e é fundamental defendê-la». As reivindicações incluem, além da revogação da reforma de previdência, o acesso universal à saúde e um sistema de pensões digno para todos.

A secretária-geral da UCR-CGT denuncia ainda que patrões e governo estão alinhados para impor medidas de austeridade aos aposentados e reformados, quando a realidade é que dois milhões de aposentados franceses vivem abaixo do limiar da pobreza e 60% recebem uma pensão abaixo do valor mínimo.

Esta acção insere-se numa agenda de luta que a CGT e outros sindicatos garantem que não irá parar enquanto o governo não responder às exigências populares.

A insatisfação social cresce em França, e os sindicatos prometem intensificar as acções caso o governo insista em manter uma política de austeridade sobre os direitos dos trabalhadores e aposentados.

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