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Importância da cruzada de alfabetização relembrada na Nicarágua

Enfrentando uma das heranças negras da ditadura somozista – metade da população analfabeta –, há 45 anos a Frente Sandinista lançou a campanha de alfabetização, durante a qual 406 mil pessoas aprenderam a ler e a escrever.

Estudando experiências realizadas em países como Cuba, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, etc., e consultando especialistas na matéria, a FSLN começou a traçar a campanha de alfabetização logo 15 dias após o triunfo da revolução, em Julho de 1979 
Com a campanha de alfabetização, de 23 de Março a 23 de Agosto de 1980, mais de 400 mil nicaraguenses aprenderam a ler e a escrever Créditos / UNAN-Managua

Ao apresentar, em Manágua, o programa de comemorações dos 45 anos dessa gesta, o director geral de educação de jovens e adultos do Ministério nicaraguense da Educação, Omar Cortedano, destacou a importância da Cruzada Nacional de Alfabetização, em 1980.

Em declarações à imprensa, relembrou que a campanha, iniciada a de 23 de Março e concluída a 23 de Agosto de 1980, permitiu a centenas de milhares de nicaraguenses aprender a ler e a escrever, e que a taxa de analfabetismo, que a ditadura deixara nos 50,35%, desceu para 12,96%.

Sublinhando os avanços alcançados no sector graças à revolução sandinista, Cortedano afirmou que essa campanha estava contemplada no programa histórico de 1969 da Frente Sandinista de Libertação Nacional (FSLN), tendo representado «a maior epopeia do país centro-americano», que foi reconhecida pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco).

Na mesma ocasião, esta semana, disse que o governo «continua a alfabetizar e a lutar pelo bem-estar do povo», nomeadamente por via dos programas de educação existentes para jovens e adultos, em articulação com o trabalho de formação na área da produção e economia levado a cabo pelo Instituto Nacional Tecnológico, refere o portal el19digital.com.

Também a vice-presidente do país, Rosa Murillo, destacou, esta quarta-feira, as comemorações e a gesta de 1980, e voltou a agradecer o papel assumido por Cuba, que participou no processo com profissionais da educação e na formação de pessoal qualificado para assumir a docência.

Um apoio que, lembrou Murillo, não se circunscreveu à fase da cruzada, mas que continuou anos mais tarde com o programa de aprendizagem «Yo sí puedo» (Sim, eu posso).

Cruzada, recuos com os governos neoliberais e novos avanços com a FSLN

Estudando experiências que haviam tido lugar em países como Cuba, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, entre outros, e consultando especialistas na matéria, a FSLN começou a traçar a campanha de alfabetização logo após o triunfo da revolução, em Julho de 1979.

Então, cerca de 100 mil jovens e adolescentes aderiram à iniciativa de ensinar a ler e a escrever a milhares de pessoas esquecidas pelo país fora. Um candeeiro Coleman (tipo Petromax) tornou-se um dos símbolos associados àqueles que andaram por montanhas e caminhos longínquos.

Em poucos meses, mais de 400 mil nicaraguenses aprenderam a ler e a escrever, e, quando a oficialmente designada Cruzada Nacional de Alfabetização «Heróis e Mártires pela Libertação da Nicarágua» chegou ao fim, a taxa de analfabetismo passou de 50,35% para 12,96%.

No entanto, durante os governos de direita (1990-2006), o analfabetismo voltou a aumentar no país, chegando aos 23 pontos percentuais. Com o regresso da FSLN ao poder, em 2007, regressou à Nicarágua a determinação em acabar com o analfabetismo.

Dois anos mais tarde, a taxa desceu para 4,7% e, depois, para 3,56%, uma conquista que a Unesco reconheceu, declarando o país livre de analfabetismo.

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