|Nicarágua

Campanha de alfabetização, outro exemplo de transformação social na Nicarágua

A Cruzada Nacional de Alfabetização, cuja primeira etapa terminou há 43 anos, constitui para os nicaraguenses um dos momentos mais importantes na história do país, símbolo de esperança e transformação.

Créditos / Prensa Latina

Estudando experiências realizadas em países como Cuba, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, etc., e consultando especialistas na matéria, a Frente Sandinista de Libertação Nacional (FSLN) começou a traçar a campanha de alfabetização logo 15 dias após o triunfo da revolução, em Julho de 1979.

Lançada a 23 de Março de 1980, a campanha prolongou-se até 23 de Agosto desse ano, com o objectivo de combater uma de várias heranças negras da ditadura somozista: metade da população analfabeta.

Mais de 100 mil jovens e adolescentes aderiram à iniciativa de ensinar a ler e a escrever a milhares de pessoas esquecidas pelo país fora. Um candeeiro Coleman (tipo Petromax) tornou-se um dos símbolos associados à gesta de quem andou por montanhas e caminhos longínquos.

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Nicarágua assinalou 41.º aniversário da campanha de alfabetização

Os nicaraguenses festejaram este domingo os 41 anos da Cruzada Nacional de Alfabetização, um marco classificado como o acontecimento cultural mais importante da história do país.

Estudando experiências realizadas em países como Cuba, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, etc., e consultando especialistas na matéria, a FSLN começou a traçar a campanha de alfabetização logo 15 dias após o triunfo da revolução, em Julho de 1979 
Créditos / UNAN-Managua

Os festejos ficaram marcados pelo acender de um candeeiro Coleman (tipo Petromax), um dos símbolos associados a uma campanha que foi concebida logo após o triunfo da Revolução Sandinista, em 1979, que seria lançada a 23 de Março de 1980 e se prolongou até 23 de Agosto desse ano, com o objectivo de combater uma de várias heranças negras da ditadura somozista: metade da população analfabeta.

A cultura – refere a agência Prensa Latina – foi a grande protagonista da jornada nacional de celebrações, com danças típicas, música e muitas actividades, que contaram com ampla participação dos jovens.

Arturo Collado, representante na Nicarágua da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), sublinhou o empenho do país centro-americano em deixar para trás o analfabetismo, cujo fim oficial foi declarado em 2009.

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Pandemia não faz esquecer conquistas da Revolução Sandinista

A 19 de Julho de 1979, as forças da Frente Sandinista de Libertação Nacional entraram em Manágua, pondo fim a décadas de ditadura apoiada pelos EUA. Desde então, o país sofreu um grande desenvolvimento.

Este ano, devido ao contexto de pandemia, não se realizou a habitual concentração de celebração do triunfo da Revolução Sandinista em Manágua, mas o legado e os desafios continuam bem presentes no país da América Central
Créditos / Barricada

O 41.º aniversário da revolução que pôs fim à ditadura sangrenta da dinastia Somoza calhou a um domingo e, assim, de acordo com o artigo 66.º do Código do Trabalho, o feriado nacional é gozado hoje.

Este ano, a efeméride esteve marcada pela pandemia de Covid-19 no país centro-americano, não tendo sido convocada a concentração que, por norma, reúne muitos milhares de pessoas em Manágua.

Numa cerimónia mais simples, o presidente nicaraguense, Daniel Ortega, dirigiu-se este domingo aos seus compatriotas a partir da Praça da Revolução, tendo exortado o povo a combater unido a Covid-19 e a manter o país a funcionar nas actuais condições, mas cumprindo as medidas decretadas pelas autoridades de saúde, indica a Prensa Latina.

No dia anterior, um canal da televisão nacional transmitiu, a partir do Teatro Nacional Rubén Darío, o concerto virtual «Cantos a la Revolución», uma antologia de mais de duas horas de canções e hinos que foram a narrativa musical da gesta da revolução desde a fase da insurreição até ao presente.

O leque de canções enalteceu as figuras do herói anti-imperialista Augusto César Sandino, que liderou a expulsão da Nicarágua das tropas intervencionistas norte-americanas em 1933, e Carlos Fonseca Amador, líder da luta contra a ditadura de Anastasio Somoza.

Avanços sociais e económicos

Já passaram 41 anos deste o triunfo da Revolução Sandinista e os avanços que o país latino-americano conheceu são inegáveis. Os desafios do actual governo de Daniel Ortega passam pela erradicação da pobreza extrema e por manter a senda do progresso económico, apesar das sanções, da ameaça de golpe por parte dos EUA e do forte abalo que a Nicarágua sofre com a tentativa fracassada de golpe de Estado de Abril-Julho de 2018, também alimentado por Washington.

A Educação gratuita e de qualidade, a cobertura universal da Saúde, a democratização da propriedade da terra e o combate à pobreza destacam-se entre as grandes transformações levadas a cabo pelos governos sandinistas.

Na área da Saúde, verificou-se uma grande aposta na construção de infra-estruturas (ao nível dos cuidados primários, hospitais nacionais e departamentais); a mortalidade materna diminiu 59% entre 2006 e 2018, e a mortalidade infantil, 58%, refere a TeleSur.

A gratuitidade da saúde para todo o povo da Nicarágua foi declarada com a chegada ao poder da Frente Sandinista de Libertação Nacional (FSLN), em 1979. Com o novo modelo, foi possível acabar com a poliomelite (em 1982) e controlar doenças como a tosse convulsa e o sarampo.

A área da Educação fica marcada pela Cruzada Nacional de Alfabetização, promovida pelo governo sandinista logo após o triunfo da revolução e que permitiu reduzir o analfabetismo no país de níveis superiores a 50% para 12% – um avanço que foi reconhecido pela Unesco em 1981.

A par do carácter gratuito e de qualidade, a partir de 2007 o governo de Daniel Ortega apostou na valorização profissional dos docentes, bem como numa série de programas de apoio social aos estudantes.

O combate à pobreza (que foi reduzida de 48% para metade) e à pobreza extrema (que diminuiu 20%, passando para 6,3%, segundo dados da TeleSur) esteve e continua a estar entre as metas dos sandinistas.

Com o triunfo da revolução e as políticas a favor do povo, muitos nicaraguenses tiveram acesso à habitação, a água potável e saneamento. Para além disso, foi construída uma extensa rede rodoviária, de estradas e caminhos, e alargou-se a cobertura da rede eléctrica nacional, que hoje abrange mais de 97% do território.

As mulheres passaram a assumir um papel mais destacado na sociedade, a nível social, político e económico, e a segurança aumentou – ao ponto de a Nicarágua ocupar o primeiro lugar entre os países centro-americanos, segundo refere a TeleSur.

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Quando a oficialmente designada Cruzada Nacional de Alfabetização «Heróis e Mártires pela Libertação da Nicarágua» chegou ao fim, a taxa de analfabetismo desceu de 50,35% para 12,96%. No entanto, durante os governos de direita (1990-2006), o analfabetismo voltou a aumentar no país, chegando aos 21 pontos percentuais.

A Frente Sandinista de Libertação Nacional (FSLN) voltou ao poder em 2007 e, com isso, regressou à Nicarágua a determinação em acabar com o analfabetismo. Dois anos mais tarde, a taxa desceu para 3,56%, uma conquista que a Unesco reconheceu, declarando o país livre de analfabetismo.

Agora, uma das prioridades do governo de Daniel Ortega é a eliminação absoluta do fenómeno, contando para tal com o apoio de organizações de docentes que estão comprometidas em atingir essa meta.

Agradecimento a Cuba

Na jornada nacional, não faltou o agradecimento ao povo de Cuba pelo contributo dado à campanha de alfabetização no maior país da América Central, pois a Ilha participou nesse processo com profissionais da educação e na formação de pessoal qualificado para assumir a docência.

Esse apoio, lembrou Orlando Pineda, presidente da Asociación de Educación Popular, não se circunscreveu apenas à fase da cruzada, mas continuou anos mais tarde com o programa de aprendizagem «Yo sí puedo» (Sim, eu posso).

De acordo com dados oficiais, entre 2002 e 2016, mais de dez milhões de pessoas em 30 países aprenderam a ler e a escrever com esta ferramenta de ensino, que permitiu a vários países do continente serem declarados livres de analfabetismo pela Unesco.

Pelos seus excelentes resultados, o programa recebeu o Prémio Unesco de Alfabetização 2006 Rei Sejong, que foi atribuído ao Instituto Pedagógico Latino-americano e das Caraíbas, com sede em Cuba.

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«Tinham grande vontade de o fazer, ajudar, entregar-se, porque não se pode fazer alfabetização sem entrega, não se pode fazer alfabetização sem amor», disse à Prensa Latina o professor Orlando Pineda, que integrou esse contingente.

Em poucos meses, a epopeia conseguiu reduzir o analfabetismo de 50,3% para 12,9%; mais de 400 mil nicaraguenses aprenderam, então, a ler e a escrever.

Orlando Pineda, que é também presidente da Asociación de Educación Popular Carlos Fonseca Amador, acrescentou que a cruzada estabeleceu as bases fundamentais para se poder dizer hoje que a segunda tarefa é conseguir diminuir a pobreza.

Hoje, o governo sandinista implementa políticas com vista a «entregar ao povo uma educação gratuita e de qualidade», mas a ministra da Educação, Lilliam Herrera, não esquece o tempo em que a revolução assumiu a alfabetização como uma das primeiras tarefas, de modo a restituir um direito ao povo nicaraguense e «enterrar para sempre a escuridão a que foi submetido o povo pela sangrenta ditadura somozista».

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50 anos do Dia Internacional da Alfabetização

América Latina na vanguarda da luta contra o analfabetismo

O relatório da Unesco de 2015 refere que 98% da população jovem latino-americana estuda e possui níveis básicos de educação e alfabetização. Cuba, Venezuela, Bolívia, Equador e Nicarágua são países livres de analfabetismo.

Com o programa «Yo, sí puedo» foram alfabetizadas cerca de oito milhões de pessoas em todo o mundo
CréditosGranma

Há 50 anos, a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco, na sigla em inglês) declarou 8 de Setembro como Dia Internacional da Alfabetização, tendo como propósito mobilizar a comunidade internacional para a questão, e fomentando a alfabetização como instrumento de poder para as pessoas, as comunidades e as sociedades.

O 50.º aniversário da declaração do Dia Internacional da Alfabetização é comemorado pela Unesco sob o lema «Ler o passado, escrever o futuro» e visa assinalar cinco décadas de esforços e progressos, realizados à escala nacional e internacional, para aumentar as taxas de alfabetização no mundo, informa a TeleSur.

América Latina na vanguarda

O último relatório da Unesco, relativo a 2015, aponta os grandes avanços registados na América Latina e nas Caraíbas, sendo que 98% da sua população jovem estuda e possui níveis básicos de educação e alfabetização – o que a situa muito à frente de outras regiões do mundo.

Ainda assim e de acordo com os dados a Comissão Económica para a América Latina e as Caraíbas (Cepal), 9% da população latino-americana encontra-se em situação de analfabetismo absoluto.

No ano 2000, a Unesco estabeleceu um conjunto de objectivos a alcançar no âmbito do programa Educação para Todos (EPT). No relatório de monitoramento publicado o ano passado, intitulado «Educação para Todos 2000-2015: progressos e desafios», refere-se que apenas um em cada três países alcançaram essas metas – e Cuba foi o único no contexto da América Latina e das Caraíbas.

Com o programa de alfabetização «Yo, sí puedo» [Sim, eu posso], criado em Março de 2001, estima-se que a ilha caribenha tenha ajudado a alfabetizar oito milhões de pessoas em 30 países, incluindo a Venezuela e a Bolívia, que foram declarados livres de analfabetismo em 2005 e 2008, respectivamente.

Em 2009, também o Equador e a Nicarágua passaram a ser reconhecidos como países de onde o analfabetismo foi erradicado. Em Setembro de 2014, o Equador recebeu, da Unesco, o prémio de alfabetização «Rei Sejong», para destacar a excelência e a inovação nesta área.

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Redução drástica do analfabetismo

Baseando-se em dados de diversas entidades, como a Unesco e a Cepal, a TeleSur sublinha que, nos últimos cinco anos, a taxa de analfabetismo na América Latina e nas Caraíbas sofreu uma redução de 38%, persistindo, no entanto, indicadores preocupantes em diversos países.

Os países com o menor índice de analfabetismo são, de acordo com os dados referidos, o Uruguai (1,7%), a Argentina (1,9%), o Chile (4,2%) e o Paraguai (5,4%).

Países como o Peru (6,3%), o México (7,2%), a República Dominicana (9,7%), El Salvador (11,8%), o Brasil (14%) e a Guatemala (23,2%) são apontados como estando «no caminho para erradicar o analfabetismo». No caso da Guatemala e das Honduras, refere-se ainda que entre 10% e 14% dos jovens não sabem ler nem escrever.

Programas na Argentina e no Brasil com futuro?

O Programa Brasil Alfabetizado (PBA) foi criado em 2003 pelo Ministério da Educação brasileiro, com o intuito de combater o analfabetismo entre os jovens com mais de 15 anos, os adultos e os idosos. O programa, que envolve um grande número de entidades, formadores e alunos, desenvolve-se em todo o território brasileiro, com especial incidência nos municípios onde as taxas de analfabetismo são mais elevadas.

No entanto, o programa pode estar em risco, na sequência do golpe parlamentar contra a presidente Dilma Rousseff e com os pacotes de medidas neoliberais anunciados e já implementados pelo presidente em exercício, Michel Temer.

Também na Argentina a questão do risco se coloca, uma vez que o actual presidente, Mauricio Macri, não tem sido parco na aplicação de medidas contra as camadas populacionais mais desfavorecidas. O Programa Nacional de Educação Básica para Jovens e Adultos, lançado em 2004 e fomentado pelos governos kirchneristas através do Ministério da Educação, Ciência e Tecnologia, visa alcançar 100 mil analfabetos, reduzindo de forma drástica o número de pessoas que não sabem ler e escrever.

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Por seu lado, a deputada na Assembleia Nacional Isaura Chavarría (FSLN) lembrou que a alfabetização «não é um simples acto educativo, mas uma ruptura de dominação profunda».

Chavarría referiu-se a essa campanha, que em 1981 foi enaltecida pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), como um acto de libertação, de rebelião contra a injustiça, a opressão e a dominação.

Neste sentido, sublinhou que, antes do triunfo da revolução popular sandinista, as famílias eram alvo de enganos, humilhações e injustiças, «uma autêntica herança nefasta do empobrecimento em que o povo estava mergulhado», disse.

Um espaço para a história

Com o intuito de mostrar às novas gerações a história da grande cruzada nacional de alfabetização, foi reinaugurado na Universidade Nacional Casimiro Sotelo um museu a ela dedicado, por ocasião do 43.º aniversário.

No recinto, indica a Prensa Latina, é possível consultar o arquivo da campanha, que contém diários de brigadistas, lâmpadas, cartilhas, livros e exibe a cotona (camisa típica) utilizada pelos alfabetizadores, entre outros objetos.

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Poucos países fizeram tanto como Cuba para ensinar

«Poucos países fizeram tanto como Cuba no nobre propósito de ensinar os nossos cidadãos e de outros países do mundo», afirmou Miguel Díaz-Canel a propósito do Dia Mundial da Alfabetização.

Créditos / @DiazCanelB

Na sua conta de Twitter, o presidente cubano lembrou que o ensino foi um dos grandes esforços de Fidel e da Revolução que triunfou na Ilha em 1959.

A campanha de alfabetização, cuja execução e resultados são reconhecidos pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), marcou a evolução do país antilhano, onde, no início de 1961, havia mais de 970 mil analfabetos e onde mais de 800 mil crianças, com idades entre os cinco e os 15 anos, não frequentavam a escola.

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«Fidel Castro, ¿qué se encontró al triunfo de la Revolución?», acessível em pdf

Para enfrentar a manipulação histórica e a ofensiva mediática que procura apresentar Cuba dos anos 40 e 50 como país de abundância e glamour, o acesso ao livro «contra a desmemória» tornou-se mais fácil.

Nos campos de Cuba, 200 mil famílias sem uma vara de terra para cultivar umas hortaliças para os filhos. Viviam em cabanas com tectos de guano, chão de terra, sem saneamento nem latrina, sem água corrente
Créditos / medium.com

Os portais Cubadebate e Fidel Soldado de las Ideas convidam os seus leitores a fazer o download gratuito da obra Fidel Castro, ¿qué se encontró al triunfo de la Revolución?, compilada por Juan Carlos Rodríguez e publicada em 2016 pela editorial Capitán San Luis, em Havana.

Com uma linguagem acessível e amplamente ilustrado, o livro aborda a entrada de Fidel em Havana e os primeiros meses da Revolução. «Através da fotografia, da imprensa da época e alguns testemunhos, o volume dá conta da Cuba que encontraram os barbudos» e da transformação que o país caribenho sofreu às mãos do governo revolucionário: campanha de alfabetização, Reforma Agrária, criação do Instituto Cubano de Arte e Indústria Cinematográficos (Icaic), cuidados de saúde, refere o Cubadebate.

A realidade com que Fidel se deparou no triunfo da Revolução, em 1959, é muito distante do «salão de jogos, festas e luxos» que alguns queriam vender como postal de Havana e da Ilha. Nos campos de Cuba, despejos de camponeses, tempo morto, fome e miséria. Duzentas mil famílias sem uma vara de terra para cultivar umas hortaliças para os filhos. Viviam em cabanas com tectos de guano, chão de terra, sem saneamento nem latrina, sem água corrente.

«Do malecón habanero, a cidade mostrava a sua melhor cara, enfeitada com uma fita luminosa. Mais atrás escondia-se a penúria e a miséria mais dolorosa. A tragédia do mundo rural expressava-se em textos de escritores e em estúdios de investigadores das mais variadas tendências ideológicas. Eram as crianças raquíticas, devoradas pelos parasitas, os adultos consumidos pela tuberculose».

«Quando vieram a Havana, em 1959, desdentados e macilentos, em muitos casos, habitantes de uma ilha comprida e estreita não tinham visto o mar nem sabiam o que era a electricidade. Pesava sobre eles o analfabetismo, a desprotecção sanitária, a sujeição à interminável cadeia de arrendatários, subarrendatários, à ausência de caminhos para vender o resultado das suas pobres colheitas. Não conheciam o cinema e, muito menos, a televisão», lê-se na obra [tradução nossa].

Que encontrou Fidel quando a Revolução triunfou?

Nos anos 50 eram divulgados os números da «prosperidade»: aumento do número de automóveis que circulavam nas cidades, residências e casas de apartamentos, introdução da televisão no país. Mas, nota o portal, aquilo não representava uma melhoria geral do nível de vida, uma vez que Cuba tinha mais de seis milhões de habitantes e o dito progresso alcançava algumas dezenas de milhares.

Os bairros eram insalubres, havia despejos, o preço dos alugueres era elevado e o das tarifas eléctricas não estava ao alcance dos mais pobres, revela o sítio cubano. «Em 1953, 22% das casas em Cuba pertenciam aos seus ocupantes; 65% careciam de canalização e 72% não possuíam serviço de saneamento próprio; 42% não tinham serviço de electricidade e 13% dispunham de um só quarto».

No campo, «55% de todas as casas careciam de sanita ou mesmo de latrina, o que explicava, em parte, o espantoso apogeu do parasitismo. 14% dos trabalhadores agrícolas tiveram tuberculose, 13% tiveram febre tifóide e 36% diziam ter parasitas».

Havia crianças que viviam nas ruas e dormiam onde calhava. Muitas viam-se obrigadas a trabalhar para ajudar a economia empobrecida da casa. Vendiam bilhetes de lotaria, jornais e revistas, engraxavam sapatos ou pediam esmola nas ruas – por vezes, pediam umas moedas aos passageiros de autocarros depois de improvisarem um canto.

«Crianças que passavam fome. Nenhuma ia à escola», num país onde havia 600 mil desempregados e onde 1,5 milhões de cubanos, maiores de seis anos – numa população de seis milhões – não possuíam aprovação em qualquer grau de escolaridade, indica o portal cubano.


As zonas costeiras estavam nas mãos de entidades privadas. Em 1959, acabou o regime de exclusivismo e diversas formas de discriminação racial que eram praticadas nesses locais, e foi declarado o acesso público às praias.

Apesar de tudo isto, dos avanços alcançados e reconhecidos internacionalmente, designadamente ao nível da Educação e da Saúde, num contexto agressivo de bloqueio, a ofensiva mediática e manipulação persistem, tentando passar junto de gerações que não tiveram contacto com a realidade de Cuba pré-revolucionária a imagem dos anos 40 e 50 do século XX como uma «época dourada», como explica Fabio Fernández Batista, professor de História de Cuba na Universidade de Havana, numa entrevista recente ao diário Granma – «Los cubanos de hoy ante la manipulación histórica y la guerra mediática».

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Com o propósito de ampliar as garantias educativas no país, levando a educação até aos locais mais remotos do território cubano, dezenas de milhares de trabalhadores e professores foram convocados pelo líder da Revolução, Fidel Castro, para a campanha que teve início a 1 de Janeiro de 1961.

O intenso trabalho desenvolvido permitiu declarar o país como Território Livre de Analfabetismo a 22 de Dezembro desse ano – data em que se celebra, em Cuba, o Dia do Educador.

Como resultado da campanha, mais de 700 mil analfabetos aprenderam a ler e escrever. A taxa de analfabetismo foi reduzida para 3,9%, num país onde o acesso aos diferentes níveis de ensino se tornou gratuito e universal.

«A Revolução não obriga ninguém a ler e a escrever; a Revolução sabe muito bem a tristeza e a dor em que vive a pessoa que não sabe ler nem escrever; a Revolução sabe que é impossível que nenhuma pessoa renuncie a essa oportunidade», disse Fidel, citado pela Prensa Latina.

Educação como factor de dignidade

A Unesco celebra o Dia Mundial da Alfabetização desde 1967, para recordar a importância da educação como factor de dignidade e de direitos humanos, e alcançar avanços com vista a uma sociedade mais instruída e sustentável.

Campanha de alfabetização em Cuba / @DiazCanelB

O lema deste ano é «Transformar os espaços de aprendizagem da alfabetização», com o qual o organismo internacional pretende desenvolver e garantir uma educação de qualidade, equitativa e inclusiva para todos.

Na sua página de Internet, a Unesco afirma que é possível que, devido à pandemia de Covid-19, quase 24 milhões de estudantes jamais regressem a uma educação formal; destes, estima que 11 milhões sejam meninas e mulheres jovens.

«Apesar dos avanços alcançados, os desafios persistem, já que 773 milhões de adultos no mundo não possuem, actualmente, competências básicas de leitura e escrita», afirma.

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Nas palavras do reitor da universidade, Alejandro Enrique Genet, o museu tem as portas abertas ao povo da Nicarágua, para que «conheça e valorize a verdadeira história», bem como o modo «como a revolução segue na vanguarda das mudanças e transformações que beneficiam todos».

Quando a oficialmente designada Cruzada Nacional de Alfabetização «Heróis e Mártires pela Libertação da Nicarágua» chegou ao fim, a taxa de analfabetismo desceu de 50,35% para 12,96%. No entanto, durante os governos de direita (1990-2006), o analfabetismo voltou a aumentar no país, chegando aos 21 pontos percentuais.

Com o regresso da FSLN ao poder, em 2007, regressou à Nicarágua a determinação em acabar com o analfabetismo. Dois anos mais tarde, a taxa desceu para 3,56%, uma conquista que a Unesco reconheceu, declarando o país livre de analfabetismo.

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