Os festejos ficaram marcados pelo acender de um candeeiro Coleman (tipo Petromax), um dos símbolos associados a uma campanha que foi concebida logo após o triunfo da Revolução Sandinista, em 1979, que seria lançada a 23 de Março de 1980 e se prolongou até 23 de Agosto desse ano, com o objectivo de combater uma de várias heranças negras da ditadura somozista: metade da população analfabeta.
A cultura – refere a agência Prensa Latina – foi a grande protagonista da jornada nacional de celebrações, com danças típicas, música e muitas actividades, que contaram com ampla participação dos jovens.
Arturo Collado, representante na Nicarágua da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), sublinhou o empenho do país centro-americano em deixar para trás o analfabetismo, cujo fim oficial foi declarado em 2009.
A 19 de Julho de 1979, as forças da Frente Sandinista de Libertação Nacional entraram em Manágua, pondo fim a décadas de ditadura apoiada pelos EUA. Desde então, o país sofreu um grande desenvolvimento. O 41.º aniversário da revolução que pôs fim à ditadura sangrenta da dinastia Somoza calhou a um domingo e, assim, de acordo com o artigo 66.º do Código do Trabalho, o feriado nacional é gozado hoje. Este ano, a efeméride esteve marcada pela pandemia de Covid-19 no país centro-americano, não tendo sido convocada a concentração que, por norma, reúne muitos milhares de pessoas em Manágua. Numa cerimónia mais simples, o presidente nicaraguense, Daniel Ortega, dirigiu-se este domingo aos seus compatriotas a partir da Praça da Revolução, tendo exortado o povo a combater unido a Covid-19 e a manter o país a funcionar nas actuais condições, mas cumprindo as medidas decretadas pelas autoridades de saúde, indica a Prensa Latina. No dia anterior, um canal da televisão nacional transmitiu, a partir do Teatro Nacional Rubén Darío, o concerto virtual «Cantos a la Revolución», uma antologia de mais de duas horas de canções e hinos que foram a narrativa musical da gesta da revolução desde a fase da insurreição até ao presente. O leque de canções enalteceu as figuras do herói anti-imperialista Augusto César Sandino, que liderou a expulsão da Nicarágua das tropas intervencionistas norte-americanas em 1933, e Carlos Fonseca Amador, líder da luta contra a ditadura de Anastasio Somoza. Já passaram 41 anos deste o triunfo da Revolução Sandinista e os avanços que o país latino-americano conheceu são inegáveis. Os desafios do actual governo de Daniel Ortega passam pela erradicação da pobreza extrema e por manter a senda do progresso económico, apesar das sanções, da ameaça de golpe por parte dos EUA e do forte abalo que a Nicarágua sofre com a tentativa fracassada de golpe de Estado de Abril-Julho de 2018, também alimentado por Washington. A Educação gratuita e de qualidade, a cobertura universal da Saúde, a democratização da propriedade da terra e o combate à pobreza destacam-se entre as grandes transformações levadas a cabo pelos governos sandinistas. Na área da Saúde, verificou-se uma grande aposta na construção de infra-estruturas (ao nível dos cuidados primários, hospitais nacionais e departamentais); a mortalidade materna diminiu 59% entre 2006 e 2018, e a mortalidade infantil, 58%, refere a TeleSur. A gratuitidade da saúde para todo o povo da Nicarágua foi declarada com a chegada ao poder da Frente Sandinista de Libertação Nacional (FSLN), em 1979. Com o novo modelo, foi possível acabar com a poliomelite (em 1982) e controlar doenças como a tosse convulsa e o sarampo. A área da Educação fica marcada pela Cruzada Nacional de Alfabetização, promovida pelo governo sandinista logo após o triunfo da revolução e que permitiu reduzir o analfabetismo no país de níveis superiores a 50% para 12% – um avanço que foi reconhecido pela Unesco em 1981. A par do carácter gratuito e de qualidade, a partir de 2007 o governo de Daniel Ortega apostou na valorização profissional dos docentes, bem como numa série de programas de apoio social aos estudantes. O combate à pobreza (que foi reduzida de 48% para metade) e à pobreza extrema (que diminuiu 20%, passando para 6,3%, segundo dados da TeleSur) esteve e continua a estar entre as metas dos sandinistas. Com o triunfo da revolução e as políticas a favor do povo, muitos nicaraguenses tiveram acesso à habitação, a água potável e saneamento. Para além disso, foi construída uma extensa rede rodoviária, de estradas e caminhos, e alargou-se a cobertura da rede eléctrica nacional, que hoje abrange mais de 97% do território. As mulheres passaram a assumir um papel mais destacado na sociedade, a nível social, político e económico, e a segurança aumentou – ao ponto de a Nicarágua ocupar o primeiro lugar entre os países centro-americanos, segundo refere a TeleSur. Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz. O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença.Internacional|
Pandemia não faz esquecer conquistas da Revolução Sandinista
Avanços sociais e económicos
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Quando a oficialmente designada Cruzada Nacional de Alfabetização «Heróis e Mártires pela Libertação da Nicarágua» chegou ao fim, a taxa de analfabetismo desceu de 50,35% para 12,96%. No entanto, durante os governos de direita (1990-2006), o analfabetismo voltou a aumentar no país, chegando aos 21 pontos percentuais.
A Frente Sandinista de Libertação Nacional (FSLN) voltou ao poder em 2007 e, com isso, regressou à Nicarágua a determinação em acabar com o analfabetismo. Dois anos mais tarde, a taxa desceu para 3,56%, uma conquista que a Unesco reconheceu, declarando o país livre de analfabetismo.
Agora, uma das prioridades do governo de Daniel Ortega é a eliminação absoluta do fenómeno, contando para tal com o apoio de organizações de docentes que estão comprometidas em atingir essa meta.
Agradecimento a Cuba
Na jornada nacional, não faltou o agradecimento ao povo de Cuba pelo contributo dado à campanha de alfabetização no maior país da América Central, pois a Ilha participou nesse processo com profissionais da educação e na formação de pessoal qualificado para assumir a docência.
Esse apoio, lembrou Orlando Pineda, presidente da Asociación de Educación Popular, não se circunscreveu apenas à fase da cruzada, mas continuou anos mais tarde com o programa de aprendizagem «Yo sí puedo» (Sim, eu posso).
De acordo com dados oficiais, entre 2002 e 2016, mais de dez milhões de pessoas em 30 países aprenderam a ler e a escrever com esta ferramenta de ensino, que permitiu a vários países do continente serem declarados livres de analfabetismo pela Unesco.
Pelos seus excelentes resultados, o programa recebeu o Prémio Unesco de Alfabetização 2006 Rei Sejong, que foi atribuído ao Instituto Pedagógico Latino-americano e das Caraíbas, com sede em Cuba.
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