Cerca de duas dezenas de pessoas, incluindo membros de várias associações solidárias e deputados forais, juntaram-se ontem no terminal do Aeroporto de Noain com bandeiras saarauís para receber a comitiva que se tinha deslocado até aos territórios ocupados do Saara Ocidental para verificar no local a situação dos direitos humanos e denunciar o bloqueio mediático imposto por Marrocos, indica o Noticias de Navarra.
A delegação que viajou até El Aaiun era integrada pelos deputados bascos Mikel Arruabarrena (EAJ-PNV), Amancay Villalba (EH Bildu) e Jon Hernández (Misto-Sumar), e por representantes da Euskal Fondoa – Associação de Entidades Locais Bascas Cooperantes.
Segundo revelou o Parlamento de Gasteiz, o objectivo era «constatar a situação dos direitos humanos na região, concretamente no que respeita à população saarauí», mas os membros da delegação nem sequer puseram os pés em terra, uma vez que as autoridades da ocupação não o permitiram.
Não é a primeira vez que tal acontece. Pelo contrário, tem sido frequente a expulsão, por Marrocos, de representantes políticos, activistas e jornalistas dos territórios ocupados.
Os membros da delegação tinham noção desta realidade e afirmaram, antes de partir, que esperavam poder entrar desta vez em El Aaiun e que não acontecesse «o mesmo que em ocasiões anteriores, quando as autoridades marroquinas nem sequer deixaram sair do avião diversos representantes institucionais».
Numa nota, o Parlamento basco disse que os membros da delegação «foram devolvidos» sem qualquer explicação e denunciou a «atitude vergonhosa e inaceitável de Marrocos».
Expulsão de dois activistas e um jornalista espanhóis
Recorde-se que, no passado dia 19, as autoridades marroquinas expulsaram de Dakhla, nos territórios ocupados do Saara Ocidental, dois activistas e um jornalista espanhóis que, de acordo com um comunicado da Coordenadora Estatal de Associações Solidárias com o Saara (CEAS), participavam numa missão de observação da alarmante situação dos direitos humanos que a população saarauí vive nas zonas ocupadas do Saara Ocidental.
Num comunicado divulgado este domingo no portal ecsaharaui.com, a Federação Espanhola de Instituições Solidárias com o Saara (Fedissah) explicou que os três espanhóis tinham chegado a Dakhla num voo proveniente de Madrid, operado pela Ryanair, e que procuravam assim denunciar a ilegalidade da abertura desta rota, que contribui directamente para a consolidação da ocupação do Saara Ocidental por Marrocos.
Sobre a expulsão, a Fedissah declarou que «não é um facto isolado, mas uma nova manifestação da repressão e da falta de respeito pelos direitos fundamentais do povo saarauí por parte do regime marroquino».
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