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Saara Ocidental: brutal repressão a activistas pelas forças de ocupação

O espancamento de uma jornalista e de uma defensora dos direitos humanos saarauís, na cidade ocupada de El Aiun, é apontado como parte da «campanha frenética de repressão» por parte das forças marroquinas.

Créditos / SPS

Fontes locais, referidas pela agência Sahara Press Service (SPS), informaram que Mahfuda Lefkir e a jornalista Salha Boutenkiza foram «brutalmente agredidas» na segunda-feira por agentes da Polícia marroquina, que lhes deram socos e pontapés, «deixando-lhes cicatrizes e feridas por todo o corpo».

De acordo com a fonte, Marrocos mantém uma «frenética campanha de repressão, perseguição e acosso a activistas dos direitos humanos» como «represália pelo seu activismo, as suas reivindicações de um Saara Livre e contra a ocupação marroquina».

A agência lembra que diversos países e organismos – Espanha, Marrocos, União Africana e Nações Unidas – detêm especiais responsabilidades «na protecção dos cidadãos e activistas saarauís» e que a repressão tem lugar à vista de todos, numa «violação declarada dos preceitos e sentenças dos organismos internacionais».

Familiares de Presos e Desaparecidos condenam expulsão de juristas espanhóis

Também na segunda-feira, a Associação de Familiares de Presos e Desaparecidos Saarauís (Afapredesa) condenou a expulsão do Saara Ocidental de uma delegação de advogados espanhóis, no sábado anterior, por parte das autoridades da ocupação.

SPS

O objectivo era, de acordo com a nota divulgada pela SPS, «documentar as graves violações dos direitos humanos contra o povo saarauí, reunir-se com as famílias dos desaparecidos e presos políticos, e analisar o saque dos recursos naturais sob a ocupação ilegal de Marrocos».

Desde o início do ano, Marrocos expulsou uma dezena de pessoas – deputados, observadores e jornalistas estrangeiros –, lembrou a associação, sublinhando que esta forma de actuar «reflecte a política sistemática do Reino de Marrocos para silenciar a verdade e perpetuar a impunidade nos territórios ocupados».

Frente Polisário lembra a «traição de Sánchez»

Há três anos, o governo espanhol, sintonizado com as teses de Rabat, indicou que o plano de autonomia de Marrocos para o Saara Ocidental, apresentado em 2007, é «a base mais séria, realista e credível» para a resolução do conflito.

A decisão foi muito criticada em Espanha, onde existe um amplo movimento de solidariedade com o povo saarauí, e pela Frente Polisário, que a classificou como «imoral e vergonhosa».

A três anos da «traição de Sánchez», a Frente Polisário voltou a lamentar e a denunciar a mudança unilateral de posição espanhola relativamente ao Saara Ocidental, sublinhando que, três anos volvidos, tal decisão apenas serviu para «evidenciar o seu isolamento político e a falta de coerência na política externa do Estado espanhol», sem garantir a estabilidade então anunciada nas relações bilaterais hispano-marroquinas.

«O povo saarauí, representado legitimamente pela Frente Polisário, continuará a utilizar todas as vias disponíveis para exercer o seu direito inalienável à autodeterminação e independência», refere em comunicado.

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