Andamos há oito anos a pagar falências de bancos. Em 2008 o BPN foi a primeira peça a cair, e o Tribunal de Contas, num relatório divulgado esta semana, afirma que o Estado já lá deixou mais de 3 mil milhões de euros, um número que sobe a cada ano. Um ano depois, foi o BPP a cair, um banco que tinha uma garantia pública de 650 milhões de euros.
Em 2014, chegou a vez do gigante BES, onde a factura pública chegou aos 4,4 mil milhões de euros. No final do ano passado, foram 3,3 mil milhões a seguir caminho rumo à resolução do Banif.
Andamos há oito anos a pagar falências para ficar sem bancos. O BPN foi vendido por 40 milhões de euros ao BIC, que só no ano passado registou lucros de 15 milhões. O Banif foi imediatamente entregue ao Santander, que beneficiou de garantias públicas na ordem dos 2 mil milhões de euros mas só pagou 150 milhões pelo banco e na primeira metade deste ano já regista um crescimento de mais de 90% nos seus lucros. E o Novo Banco pode seguir pelo mesmo caminho.
Curiosamente, os mesmos que enterraram milhares de milhões na banca privada insurgem-se hoje contra a recapitalização pública da Caixa Geral de Depósitos, um banco com capitais integralmente públicos.
Ao mesmo tempo, caminhamos para uma realidade em que a Caixa será o único grande banco nacional: o BCP está dividido entre capital angolano e espanhol, e pode tornar-se, também, chinês; o BPI caminha para ser engolido pelo gigante espanhol Caixabank; o Novo Banco, a ser vendido, passará para mãos estrangeiras.
Estes desenvolvimentos reforçam a necessidade de um efectivo controlo público sobre o sistema financeiro, porque os bancos são demasiado importantes para estar nas mãos de banqueiros que, ao longo dos anos, perseguiram o lucro e a distribuição de dividendos, muitas vezes de forma criminosa. Não esquecendo que, desde 2008 e mesmo em anos de lucros, os trabalhadores bancários sofreram com despedimentos (mais de 8000) e cortes nos direitos e salários (como recentemente no Montepio).
Nos últimos oito anos o Estado entregou – entre falências, auxílios, garantias e benefícios fiscais – mais de 20 mil milhões de euros ao sector financeiro. Já que estamos a pagar os bancos, ao menos que fiquemos com eles! Porque a banca privada já provou que não serve as necessidade da economia e o interesse nacional.
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