À saída da reunião comissão política do PS, António Costa assumiu que «estão reunidas as condições» para a formação de governo «com perspectivas de estabilidade no horizonte da legislatura». Esta reunião ocorreu na sequência de uma ronda de encontros com partidos de esquerda, como BE, PCP, PEV e Livre, e com o PAN, e da auscultação dos parceiros sociais.
O recém-indigitado primeiro-ministro salientou que a sua governação será conjugada com a «vontade do conjunto destas forças políticas para dialogar permanentemente ao longo da legislatura, tendo em vista encontrar soluções e proceder-se à avaliação prévia de orçamentos e de outros documentos considerados de política fundamental».
Fica assim de fora o primeiro cenário colocado pelo BE, que pretendia vir a ser parte de uma solução de governo. Nas declarações de Catarina Martins, líder dos bloquistas, à saída da reunião com o PS, ficou expressa a disponibilidade do seu partido para um «entendimento inicial que possa estar plasmado no programa de governo», com o objectivo de defender a «estabilidade» com «um horizonte de legislatura». Não obstante, a coordenadora do BE nunca afastou que, caso tal caminho não fosse possível, se viessem a negociar medidas caso a caso.
Já Jerónimo de Sousa, do PCP, tinha vindo explicar que, por um lado, a «estabilidade governativa depende do PS» e que, por outro, o partido aprovará, caso a caso, todas as medidas «benéficas para os trabalhadores, o povo e o País», e rejeitará tudo que for negativo para estes, como de resto foi a sua postura nos últimos quatro anos.
Estão em cima da mesa importantes desafios para a concretização de uma política que prossiga reposição de direitos e rendimentos, que promova uma melhor distribuição de riqueza e mais justiça social. Estas questões têm sido colocadas em cima da mesa em particular por PCP e BE, e também por Arménio Carlos, que, à saída da reunião da CGTP-IN com o PS, realçou que o combate à precariedade e a melhoria das condições de trabalho são elementos imprescindíveis à estabilidade do País.
António Costa não deixou, todavia, de clarificar que partia «para estes quatro anos com um PS claramente reforçado e, portanto, com melhores condições de governação [do que] aquelas que existiam em 2015», deixando antever que poderão, caso a caso, ser feitos entendimentos com a direita, como ocorreu, de resto, no decorrer da legislatura que agora cessa, nomeadamente com a recente aprovação de normas gravosas da legislação laboral.
Registe-se, aliás, o que disse o líder da Confederação Empresarial de Portugal (CIP), que, na sequência da reunião com o PS, lembrou que estão presentes na Assembleia da República outros partidos do centro-direita, nomeadamente o PSD, com os quais a definição da política do próximo governo do PS pode e deve contar.
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