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Protesto contra a desumanização dos horários de trabalho

Um cordão humano de trabalhadores do comércio e serviços manifestou-se junto ao Vasco da Gama, em Lisboa, para exigir melhores salários, horários dignos e a conciliação entre trabalho e a vida familiar.

CréditosMário Cruz / Agência Lusa

Em declarações aos jornalistas, o secretário geral da CGTP-IN, Arménio Carlos, disse que o Centro Comercial Vasco da Gama é um local «onde as empresas ganham muito dinheiro e que cada vez pagam pior aos trabalhadores». E prosseguiu: «É um local onde os trabalhadores trabalham muito, são sujeitos a intensíssimos ritmos de trabalho e onde são confrontados com a desregulação dos horários pondo em causa a sua vida pessoal e familiar», sendo que também «são sujeitos a assédio».

Daí que tenha realçado que, «num quadro de aproximação do Natal […], aqueles que falam de solidariedade deviam ter mais responsabilidade social, aumentar os salários dos trabalhadores, respeitar os seus horários e acabar com a intensificação dos ritmos der trabalho e do assédio», frisou o líder sindical.

Durante a acção de protesto e sensibilização organizada pelo Sindicato dos Trabalhadores do Comércio, Escritórios e Serviços de Portugal (CESP/CGTP-IN), os trabalhadores empunhavam faixas e distribuíam panfletos em que se condenava, nomeadamente, a «violência e desumanização dos horários de trabalho» que impendem acompanhar os filhos menores e gritavam palavras de ordem tais como: «É justo e necessário o aumento do salário» ou «Fim aos precários!».


Arménio Carlos disse também aos jornalistas que é preciso acabar com as injustiças laborais nas grandes empresas de distribuição (supermercados, hipermercados e grandes armazéns especializados) e nos centros comerciais e aumentar os salários, concluindo que «é isto que precisa de ser feito e que é isto que não está a ser feito».

O líder sindical lamentou que as pessoas em geral não saibam, por exemplo, que «o contrato retalhista não é negociado desde 2008 e que, nomeadamente, os das lojas têm um salário mínimo nacional ou um pouco acima disso».

«É por isso mesmo que apelamos à população que seja solidária com os trabalhadores neste caso concreto dos supermercados, mas não só, também das lojas e que não se esqueçam de ser solidários com a luta que eles têm desde há muitos anos e que tem a ver com descansarem ao domingo», enfatizou o dirigente da CGTP-IN.

Para o líder da CGTP-IN, «o domingo é um dia de família, o domingo é para todos e esta é uma luta para que estes trabalhadores possam estar com as suas famílias».

«Isto não é futuro para ninguém»

Em declarações à agência Lusa, Luísa Alves, trabalhadora do Pingo Doce, lamentou os baixos salários e as condições de trabalho e disse que «os horários de trabalho são completamente desregulados». Lembrou ainda que têm uma «influência negativa» do ponto de vista pessoal e familiar, advertindo que são «destrutivos até do ponto de vista psicológico».

Arménio Carlos referiu também que «não é possível que um sector com esta natureza, que promove tanto negócio e tem tantos lucros continue a pagar tão mal e a desrespeitar os trabalhadores».

«Empresas desta natureza que acumulam lucros sobre lucros e que continuam a insistir no âmbito da negociação em, nomeadamente, introduzir bancos de horas individuais para não pagarem trabalho extraordinário e que continuam a insistir na desregulação dos horários, é caso para dizer isto não é futuro para ninguém», sobretudo porque estes sectores empregam «um número muito significativo» de mulheres.

O líder sindical advertiu também para o papel que a Autoridade para as Condições do Trabalho (ACT) deveria ter, mas que «não tem».

Com agência Lusa

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