Amigos como Sempre

A relação de proximidade entre os EUA e Israel está assegurada, qualquer que venha a ser o próximo presidente dos EUA.

Hillary aprendeu a agradar ao lobby pró-Israel e este tem-lhe dado o seu apoio e confiança
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Os EUA e Israel firmaram um novo acordo de assistência militar que irá abranger o período de 2018/2019 e que representa um aumento de 8 mil milhões de dólares anuais face ao actual acordo, que termina em 2018.

O pacote de assistência de 38 mil milhões de dólares inclui uma modificação face a anteriores acordos, que é propagado como uma concessão. Antes Israel podia gastar até 26% do apoio financeiro comprando material militar a empresas israelitas. Agora todo o apoio terá de ser gasto com empresas dos EUA. Como é hábito, o acordo é silencioso sobre o cumprimento da Lei Internacional por parte de Israel no que toca ao Estado da Palestina. Pelo contrário, este acordo reforça a posição de Israel como o país que mais apoio financeiro militar recebe dos EUA. 

A relação de proximidade entre os EUA e Israel está assegurada, qualquer que venha a ser o próximo presidente dos EUA. Trump e Hillary discursaram recentemente na convenção do Comité de Assuntos Públicos EUA-Israel (AIPAC), o forte lobby pro-israelita nos EUA, ambos declarando-se como amigos de Israel. 

Trump diabolizou os palestinianos, cuja realidade foi resumida a actos de terrorismo, sentimentos de ódio e recusas de negociação. Declarou que as Nações Unidas (NU) «não são um amigo da democracia, nem amigo da liberdade, nem mesmo dos EUA, e certamente não são um amigo de Israel», prometendo que vetaria qualquer resolução das NU que pretendesse um acordo entre Israel e a Palestina. E prometeu transferir a embaixada dos EUA em Israel para Jerusalem.

O discurso de Clinton foi também recheado de obséquios, o habitual desde que Hillary começou a sua carreira política autónoma. Hillary chegou a visitar a Faixa de Gaza – o primeiro candidato presidencial de um grande partido a tê-lo feito. Numa visita histórica, Hillary acompanhou o então Presidente Bill Clinton numa visita oficial em Dezembro de 1998, durante a qual inauguraram o Aeroporto Internacional de Gaza ao lado de Yasser Arafat. Meses depois ainda nenhum vôo comercial havia sido. E passado um ano, o Aeroporto Yasser Arafat foi destruído por bombas de aviões israelitas. 

Ainda enquanto primeira-dama, em 1999, Hillary recebeu fortes críticas após ter beijado Suha Arafat (a mulher de Yasser Arafat) – aliás a direita ainda hoje recorda esse momento para afirmar que Hillary é anti-semita. Quando concorreu para o Senado, pelo Estado de Nova Yorque, Hillary já havia aprendido a lição: para ganhar eleições e angariar fundos é preciso deferir perante Israel. Durante a campanha visitou Israel e reconheceu Jerusalém como a «capital eterna e indivisível» de Israel.

Como Senadora visitou e elogiou o muro Israelita em Gaza e reafirmou o estatuto de Jerusalém como capital de Israel. Enquanto Secretária de Estado, Hillary aprovou os aumentos de apoio financeiro, que agora se renovam, recebendo elogios de Netanyahu como tendo apoiado a cooperação sem precendentes com Israel.

A principal diferença entre os discursos de Trump e Hillary foram as suas posições face ao acordo celebrado entre os países membros do Conselho de Segurança das NU e o Irão, embora ambos tenham convergido na descrição do Irão como maléfico. É de recordar a resposta de Hillary, também na convenção da AIPAC, durante as eleições primárias de 2008, quando questionada sobre o que faria se o Irão atacasse Israel: «Quero que os iranianos saibam que se eu for presidente vamos atacar o Irão. Nos próximos dez anos, durante os quais eles poderão insensatamente lançar um ataque contra Israel, nós seremos capazes de os obliterar totalmente.»

Hillary aprendeu a agradar ao lobby pró-Israel e este tem-lhe dado o seu apoio e confiança. O multimilionário Haim Saban, de dupla cidadania, israelita e estadunidense, tem doado milhões ao Partido Democrata, à Biblioteca Presidencial de Bill Clinton, à Clinton Foundation e às campanhas de Hillary Clinton (em 2008 e à actual). Saban declara-se «um homem de um só tema, e o meu tema é Israel».

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