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Trabalhadores do comércio da Ilha Terceira avançam para a greve

Os trabalhadores denunciam os baixos salários praticados no sector e os horários de trabalho «instáveis e desregulados», que não asseguram a conciliação da actividade profissional com a vida pessoal.

Imagem de arquivo 
Créditos / União dos Sindicatos de Angra do Heroísmo

De acordo com o aviso prévio emitido, que abrange todo o sector do comércio na Ilha Terceira, no Grupo Central dos Açores, os trabalhadores irão exercer o direito à greve entre as 0h e as 24h dos dias 6, 7 e 8 deste mês.

Em nota de imprensa, fonte sindical explica que a luta tem como objectivos, entre outros, o direito à contratação colectiva consagrado na Constituição da República Portuguesa; a dignificação e valorização do trabalho; a conciliação da vida profissional com a vida pessoal e familiar; o subsídio de alimentação, bem como impedir a transferência de local de trabalho sempre que esta provoque prejuízos sérios aos trabalhadores.

A contextualizar a acção de luta, o Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias Transformadoras, Alimentação, Bebidas e Similares, Comércio Escritórios e Serviços, Hotelaria e Turismo dos Açores (SITACEHT/CGTP-IN) afirma que, «devido à falta de trabalhadores nas diversas secções, os ritmos de trabalho são muito intensos e põem em causa, de forma grave, a saúde dos trabalhadores e a qualidade de serviço».

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Novo sindicato nos Açores para unir e organizar os trabalhadores

O novo sindicato, SITACEHT, filiado na CGTP-IN, tem representação de quatro sectores de actividade: Indústria Transformadora, Alimentação e Bebidas, Comércio, e Hotelaria e Turismo.

Créditos / SITACEHT/AÇORES

Em comunicado divulgado à imprensa, a direcção do Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias Transformadoras, Alimentação, Bebidas e Similares, Comércio Escritórios e Serviços, Hotelaria e Turismo dos Açores (SITACEHT Açores/CGTP-IN), afirmou que «os trabalhadores açorianos e as suas estruturas representativas cada vez mais têm de estar preparados para a luta».

«Os trabalhadores, unidos e organizados, são uma força inabalável, capaz de ultrapassar todos os obstáculos», frisou a direcção do novo sindicato cujo surgimento resulta de um processo de reestruturação sindical para «dar a devida resposta aos trabalhadores do sector privado, que abrange as nove ilhas dos Açores», sendo o primeiro sindicato regional nestas áreas.

O SITACEHT/Açores assume como principais objectivos a luta pela melhoria das condições de trabalho, o trabalho com direitos, o aumento dos salários, o combate à precariedade laboral, a defesa da contratação colectiva, a igualdade de género, as condições de saúde e segurança no trabalho e os serviços públicos de qualidade.

Considerando que o movimento sindical enfrenta «grandes desafios», o sindicato pretende assumir um papel e um espaço de intervenção «no combate permanente a todas as formas de exploração».

A estrutura sindical avalia como muito difícil a situação em que se encontram os trabalhadores açorianos, muitos dos quais «não têm outra alternativa senão emigrar», o que contribui para a diminuição da população, que no caso de algumas ilhas é «preocupante, porque poderá levar à sua desertificação».

«Cresce a desigualdade de que são vítimas os trabalhadores açorianos, que têm de suportar também um custo de vida agravado pela insularidade e agora pelo turismo, com rendimentos reduzidos, aumentando, assim, a disparidade remuneratória, com prejuízo da coesão social nacional.», pode ler-se na nota.

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Considerando também que as empresas não valorizam o trabalho prestado ao fim-de-semana, o sindicato adverte que são «cada vez mais os trabalhadores efectivos a demitir-se nos super e hipermercados da Ilha Terceira e a mudar de profissão e de sector de actividade».

Confrontados com estas dificuldades, trabalhadores e SITACEHT «exigem um contrato colectivo de trabalho que dignifique e respeite os trabalhadores», da mesma forma que reivindicam a valorização das carreiras e das profissões, a reposição dos valores pagos por trabalho suplementar, o pagamento de diuturnidades e do subsídio de alimentação ou o reconhecimento das características penosas específicas do trabalho nocturno e por turnos.

Reivindicam igualmente a valorização geral das remunerações e complementos remuneratórios, tanto por questões de justiça social e de uma mais justa distribuição da riqueza, como por razões de carácter económico, «uma vez que assume especial importância no aumento do poder de compra, na dinamização da economia e do mercado interno e no aumento da receita da segurança social», afirma o documento.

«Lamentavelmente, a contratação colectiva, que devia ser a mola impulsionadora para alterar o actual paradigma laboral, não tem correspondido às legítimas aspirações dos trabalhadores», alerta o SITACEHT, sublinhando que, «em alguns casos, os contratos celebrados por sindicatos não filiados na CGTP-IN levaram mesmo à perda de direitos por parte dos trabalhadores em sectores em evidente crescimento».

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