|Índia

Índia: professores mobilizam-se em defesa da Educação pública

Num protesto em Calcutá organizado pela Associação dos Professores de Bengala (ABTA), afirmou-se a necessidade de um movimento unitário em defesa do sistema público de Educação.

Num protesto em Calcutá, docentes defenderam a Educação pública, alertaram para as privatizações e denunciaram a tentativa de disseminaçáo de «um espírito não científico» no país 
Créditos / Newsclick

Na mobilização, que juntou milhares de docentes no centro da cidade, a estrutura sindical acusou o governo central e o governo do estado de Bengala Ocidental de estarem a tentar destruir a Educação pública.

Como resultado das medidas governamentais, «a educação está a tornar-se cada vez mais cara para crianças de famílias pobres e desfavorecidas», denunciou o sindicato dos professores, esta terça-feira, num protesto em que apresentou um conjunto de reivindicações, indica o Newsclick.

Sublinhando a necessidade de um movimento unitário em defesa do sistema público de Educação, o ABTA exigiu a «contratação rápida e transparente» de docentes e que sejam punidos todos os envolvidos em esquemas de corrupção nos processos de recrutamento e transferências.

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Empregados bancários da Índia contra a destruição do sector público

A propósito do 54.º aniversário da nacionalização da banca, a Federação de Empregados Bancários da Índia está a realizar um rali de 4000 km em defesa do sector público, das cooperativas e dos bancos rurais.

Empregados bancários de Chennai a serem recebidos em Tambaram 
Créditos / Newsclick

A iniciativa, organizada pela estrutura sindical (BEFI, na sigla em inglês), está a decorrer no estado de Tamil Nadu, no Sul do país, sob o lema «Salvem os bancos, salvem a Índia».

Quatro caravanas, que partiram dia 19 de Chennai, Tuticorin, Hosur e Coimbatore, vão juntar-se este sábado na cidade de Tiruchirappalli (também conhecida como Trichy). No total, são cerca de 4000 quilómetros para defender «a necessidade de proteger o sector público, as cooperativas e os bancos rurais».

Com o rali, os empregados bancários querem também reivindicar a renacionalização da banca entretanto alienada, afirmaram os organizadores.

T. Ravikumar, secretário-geral da BEFI a nível estadual, disse à imprensa, no lançamento da campanha em Chennai: «No 54.º aniversário da nacionalização da banca privada (19 de Julho de 1969), os bancos do sector público devem ser reforçados e protegidos.»

«Depois da nacionalização da banca, o sector bancário cresceu de 8000 agências para mais de 100 mil. As cooperativas, dependentes do governo estadual, e os bancos rurais também cresceram muitíssimo», disse.

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Índia: alienação da banca serve interesses dos capitalistas, não o povo

A propósito do 53.º aniversário da nacionalização da banca na Índia (19 de Julho de 1969), sindicatos e PCI (M) realizaram iniciativas, em Bengala Ocidental, para denunciar o actual rumo de privatizações.

«A nacionalização da banca é para o desenvolvimento geral do país e o bem-estar dos cidadãos. Em sentido inverso, a privatização não serve as pessoas comuns», afirmou-se em Calcutá 
Créditos / Newsclick

A 19 de Julho de 1969, a banca foi nacionalizada – não para benefício exclusivo de um punhado de industriais ricos, mas com o intuito de melhorar a economia do país.

Os resultados foram imediatamente visíveis, mas, hoje, o governo central indiano segue um rumo diferente, tentando alienar os bancos para benefício dos capitalistas, sem olhar ao interesse das pessoas comuns, denunciou, em Calcutá, Sanjay Das, secretário-geral da Federação Indiana de Funcionários da Banca Nacionalizada (Ainbof, na sigla em inglês).

Tendo como motivo o Dia da Nacionalização da Banca, a federação promoveu, na capital de Bengala Ocidental, uma acção de protesto contra as fusões e privatizações em curso de bancos do Estado.

Segundo refere o NewsClick, os dirigentes sindicais mobilizaram-se para denunciar «o saque dos depósitos das pessoas comuns do país, por via da entrega de activos que pertencem ao Estado a várias empresas».

Seguiu-se uma sessão de esclarecimento, em que participaram diversas figuras, economistas, dirigentes e activistas sindicais.

Sanjay Das sublinhou que a nacionalização da banca serve o desenvolvimento geral do país e o bem-estar dos cidadãos. Em sentido inverso, a privatização não serve as pessoas comuns, nem melhora a infra-estrutura do sistema bancário.

A maior parte do povo indiano são trabalhadores. Colocam as suas esperanças e depositam a sua confiança nos bancos do Estado, porque, depois da nacionalização, nem um único banco teve problemas. Pelo contrário, 38 bancos privados fecharam portas desde 1991 para cá – disse Das.

Várias figuras públicas, economistas, dirigentes sindicais participaram em Calcutá numa sessão sobre a nacionalização da banca / Newsclick

O dirigente sindical afirmou ainda que a actual política de privatização do governo de Modi vai conduzir a Índia a tempos pré-1969, quando o principal objectivo do sistema Mahajani era explorar os trabalhadores.

«A economia indiana sofreu bastante depois da pandemia de Covid-19. Esta política de privatização vai acelerar o processo de redução de gastos e atrasar o processo de contratações», explicou.

«Com isso, a juventude do país vai sofrer muito. Em vez de contratarem pessoas para postos permanentes, estão a contratar trabalhadores precários, para abrir caminho à repressão, à exploração e ao trabalho mal pago», alertou.

Uma outra iniciativa teve lugar em Siliguri, no Norte de Bengala Ocidental, onde o secretário-geral estadual do Partido Comunista da Índia (Marxista), Mohammed Salim, disse que o propósito da nacionalização dos bancos era o de fazer com que as pessoas comuns usufruíssem dos serviços bancários.

«Hoje, a banca é só para [Gautam] Adani e [Mukesh] Ambani [milionários indianos]. Agora, os bancos não estão a contratar. Os depósitos dos trabalhadores estão em risco. O estado dos bancos deteriora-se, juntamente com a economia do país. Estão a ser feitas tentativas para levar os bancos à bancarrota. Estão a ser feitas tentativas para transferir todos os activos do Estado para mãos privadas. E nós opomo-nos a isso», declarou Salim.

Com o lema «Bank Bachao, Desh Bachao» (salvem os bancos, salvem o país), houve concentrações, marchas e debates em vários pontos de Bengala Ocidental. A maior iniciativa teve lugar em Calcutá.

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Ravikumar acusou o governo de Narendra Modi de «estar a destruir o sector público, as cooperativas e os bancos rurais».

«O Orçamento para 2021 contemplava a privatização de dois bancos públicos. Os assessores do governo recomendam que se privatizem todos os bancos públicos. Este processo só foi atrasado graças à luta unida dos empregados bancários», sublinhou, referindo-se às greves de Março e de Dezembro último para protestar contra o processo de privatizações no sector.

Proteger os bancos rurais e os mais pobres

A Federação de Empregados Bancários da Índia (BEFI) coloca especial ênfase na protecção dos bancos rurais, sublinhando que, quando foram criados, o seu objectivo era «servir os pobres».

Se desaparecerem, «as pessoas comuns vão sofrer», uma vez que estas estruturas são responsáveis por 90% do crédito às camadas mais pobres no campo.

De acordo com C.P. Krishnan, secretário-adjunto da BEFI, a intenção do governo central é, para já, vender 49% das acções destes bancos a agentes privados, indica o Newsclick.

Salvar a banca e os seus trabalhadores

Em comunicado, a federação denunciou ainda o «ataque» à banca pública em geral: as agências estão a ser encerradas, há 500 mil vagas por preencher e o atendimento ao cliente é severamente afectado pela falta de pessoal.

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Índia: milhões de trabalhadores fazem greve para defender o futuro

Lembrando que a Índia celebra 75 anos de independência, Modi fala de «prosperidade», apostando nas privatizações e na precariedade. No primeiro dia de greve geral, milhões mostraram que querem outro rumo.

Trabalhadores em greve manifestam-se no estado de Andhra Pradesh, a 28 de Março 
Créditos / @cpimspeak

A plataforma de dez sindicatos que convocou a Bharat Band de 48 horas fala em jornada «histórica» e em «grande êxito», devido à «adesão massiva dos trabalhadores», de múltiplos sectores de actividade, no primeiro dia. 

No essencial, o protesto visa denunciar as «políticas contra o povo e os agricultores» promovidas pelo governo do actual primeiro-ministro, Narendra Modi.

O Centro dos Sindicatos Indianos (CITU) explicou que a convocatória de greve geral não estava apenas relacionada com exigências imediatas dos trabalhadores, mas visava posicionar-se contra as políticas destrutivas do governo central para a soberania nacional.

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Milhões de trabalhadores indianos dizem «não» às políticas de Modi

Mais de 250 milhões de trabalhadores participaram na greve geral convocada em protesto contra as políticas do governo de Modi, em que se inclui legislação laboral gravosa e a privatização do sector público.

Mobilização em Khammam, no estado de Telangana, no contexto da greve geral de 26 de Novembro
Créditos / AIKS

A jornada de protesto desta quinta-feira, convocada por diversos sindicatos, teve uma «resposta imensa» em todo o país, com forte adesão à greve geral dos trabalhadores portuários e mineiros, das telecomunicações e energia, dos transportes, construção e produção de aço, bem como dos funcionários públicos, dos trabalhadores dos bancos, dos seguros e do sector informal, segundo revelou o Partido Comunista da Índia (Marxista) numa nota de imprensa.

Também o fizeram, em grande escala, os trabalhadores agrícolas, que, representados por mais de 300 organizações, prolongam o protesto esta sexta-feira, em coordenação com as centrais sindicais.

Num comunicado em que saudou as centenas de milhões de trabalhadores e agricultores indianos, por terem erguido a sua a voz unidos, o Centro de Sindicatos Indianos (CITU, na sigla em inglês) afirmou que «a atmosfera em vários estados, incluindo Kerala, Bengala Ocidental, Tripura, entre outros, era de paralisação total, com os transportes parados e as fábricas, as lojas, os escritórios e outros estabelecimentos comerciais a apresentarem um ar deserto».

A greve geral foi também um êxito nos estados de Assam, Karnataka, Bihar, entre outros.

Repressão e tentativa de intimidação

Tanto o PCI (M) como o CITU, que lhe é afecto, denunciaram com veemência a forte repressão exercida sobre os trabalhadores, na greve geral de ontem, pelo governo central e, a nível local, sobretudo nos estados governados pelo Partido do Povo Indiano (BJP, do primeiro-ministro Narendra Modi).

Em Déli, a Polícia ergueu barreiras nas auto-estradas para impedir a marcha dos agricultores e, acusa o CITU, prendeu centenas de agricultores e dirigentes sindicais, como forma de intimidação. No estado de Tripura, a Polícia e «brutamontes» com o apoio tácito do governo local tentaram forçar lojas a abrir e atacaram escritórios de sindicatos e partidos de esquerda.

Ainda de acordo com o CITU, em todo o país foram presos cerca de 700 trabalhadores da construção e vários dirigentes sindicais foram «detidos preventivamente» no estado de Andhra Pradesh. Vários activistas e dirigentes sindicais foram presos em todo o país.

O PCI (M), que «condena fortemente a repressão» ontem verificada, afirma que Modi e o seu governo devem pensar duas vezes, tendo em conta a dimensão do protesto a nível nacional contra as políticas que «estão a destruir a vida de milhões de pessoas e a impor mais miséria ao país».

Em defesa dos direitos e de melhores condições de vida

Na greve geral desta quinta-feira, os trabalhadores denunciam as medidas gravosas aprovadas pelo governo de Narendra Modi que permitem ao patronato aumentar a carga de trabalho e diminuir os salários, facilitam os despedimentos e a precariedade, entre outros aspectos. A pandemia de Covid-19 serviu de pretexto para agravar a exploração.

Os trabalhadores, que exigem um salário mínimo, incluem nas suas reivindicações a revogação das normas laborais gravosas aprovadas, bem como de três leis agrícolas que abrem o sector ao agronegócio, a atribuição de dez quilos de alimentos às famílias necessitadas, o reforço do sistema de distribuição pública.

Exigem ainda que 5% do PIB seja destinado à Educação e 6% à Saúde (e que a lei garanta cuidados de saúde para todos), bem como o fim do desinvestimento nas empresas públicas e da política de privatizações e de saque aos recursos nacionais.

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Numa nota de imprensa, a estrutura sindical referiu que as zonas industriais na maioria dos estados do país sul-asiático estiveram encerradas e a greve teve grande impacto na cintura industrial de Déli.

Dezenas de milhões de trabalhadores dos transportes, da ferrovia, da electricidade e dos telefones, do carvão e do aço, da banca e dos seguros, dos correios e dos impostos participaram no primeiro dia de greve.

Em Kerala, verificou-se uma «paralisação total» (mesmo com o Supremo Tribunal do estado a proibir os funcionários governamentais de participar no protesto). Em estados como Tripura, Tamil Nadu, Haryana, Bengala Ocidental e Assam o impacto foi grande.

Já em estados como Maharashtra, Déli, Telangana, Karnataka e Haryana, a paralisação fez-se sentir sobretudo no sector industrial, explicou o CITU, que valorizou igualmente a elevada participação de sectores não organizados e onde predomina a precariedade. De acordo com o sindicato, cerca de 800 mil destes trabalhadores participaram activamente na construção na greve.

Trabalhadores em luta no estado de Punjabe / @cpimspeak

Trabalhadores vivem tempos de «angústia», Modi fala em «prosperidade»

A anteceder a greve, a plataforma de sindicatos apresentou um documento com 12 reivindicações fundamentais, lembrando que os trabalhadores do país vivem tempos de angústia, marcados pelo elevado desemprego, salários baixos e preços dos bens a subir.

As lutas travadas pelos trabalhadores – como a dos agricultores, ao longo de um ano – evitaram danos ainda maiores, mas, refere o texto citado pelo Newsclick, tratou-se apenas de «um passo numa luta mais ampla para salvar o povo da miséria e da exploração extremas».

Entre as reivindicações, contam-se matérias pelas quais os trabalhadores lutam há vários anos e outras mais recentes, relacionadas com a deterioração do nível de vida dos trabalhadores devida à pandemia e às medidas que foram tomadas. É por isso que, explica o texto, se exige a atribuição de um apoio financeiro imediato às famílias que vivem dificuldades.

Operários e camponeses exigem a eliminação dos quatro códigos laborais, que promovem a precarização, diluem a fixação dos salários, aumentam as horas de trabalho e favorecem o despedimento fácil.

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Privatizações e leis contra o povo no centro dos protestos «Dia de Salvar a Índia»

Milhares de trabalhadores responderam, esta segunda-feira, ao apelo de sindicatos e organizações agrícolas para denunciar as políticas neoliberais e contra o povo implementadas pelo governo de Modi.

Trabalhadores em protesto contra as medidas do governo de Modi em Chennai, capital do estado de Tamil Nadu 
Créditos / Newsclick

Por todo o país, houve concentrações e manifestações para exigir a revogação das leis que prejudicam os agricultores, contra a legislação laboral, as privatizações, os aumentos de preços, entre outras reivindicações.

A jornada nacional de protesto, designada como «Save India Day», foi convocada pelo Centro de Sindicatos Indianos (CITU), o Sindicato dos Agricultores de Toda a Índia (AIKS) e o Sindicato dos Trabalhadores Agrícolas de Toda a Índia (AIAWU), e contou com a adesão de muitos outros sindicatos e organizações nos vários estados, num dia em que se assinalava também o início do Movimento Quit India (Deixem a Índia) contra os colonizadores britânicos.

Em Nova Déli, centenas de trabalhadores de vários sectores de actividade participaram numa concentração organizada por dez sindicatos, com intenção de seguir para o Parlamento para denunciar as «medidas draconianas» tomadas pelo governo de Narendra Modi contra o povo da Índia e «salvar a Índia» de tal governo, mas tal não foi permitido pela Polícia de Déli, noticia o Newsclick.

Na mobilização, ficaram patentes as diversas preocupações dos trabalhadores, que exigiram a reversão do actual rumo do país e apresentaram uma lista com 11 reivindicações. Tapan Sen, secretário-geral do CITU, disse ao Newsclick que, se os rendimentos dos trabalhadores «morrerem», então «não haverá nada neste país».

No estado de Assam, manifestaram-se mais de 20 mil trabalhadores / Newsclick

Em Uttar Pradesh, agricultores e trabalhadores de outros sectores, coordenados pelos sindicatos, mobilizaram-se em 45 distritos do estado, fazendo ouvir palavras de ordem contra o primeiro-ministro, Narendra Modi, e as grandes empresas.

Mukut Singh, secretário-geral da AIKS em Uttar Pradesh, disse que as mobilizações a nível nacional visavam condenar o saque da riqueza pública na Índia. «Todas as políticas do governo de Modi são contra o povo e os agricultores mas amigas dos empresários», disse Singh.

Por seu lado, o secretário-geral do CITU no estado, Prem Nath Rai, afirmou que «o governo do BJP [partido nacionalista hindu] está a tentar privatizar o sector agrícola para beneficiar uns quantos agentes privados», sublinhando que a legislação agrícola que o governo se recusa a revogar representa um «duro golpe» para os agricultores.

Em Tamil Nadu, milhares de trabalhadores, camponeses, mulheres aderiram à jornada de luta, tendo realizado cadeias humanas e manifestações contras as políticas do governo de Modi lesivas para os trabalhadores e os agricultores, dando especial ênfase à questão das privatizações em curso do sector público.

S. Kannan, dirigente do CITU no estado, acusou o governo central de explorar os trabalhadores para satisfazer as exigências dos empresários, tendo denunciado a aprovação da legislação laboral, que «terá um impacto adverso duradouro para os trabalhadores».

Em Assam, o Newsclick estima que mais de 20 mil pessoas tenham participado na jornada de protesto, que teve expressão em todos os distritos do estado. A quase uma dezena de centrais sindicais, juntaram-se organizações de agricultores, de estudantes e de jovens.

Tapan Sarma, dirigente do CITU em Assam, destacou a repressão levada a cabo pelo BJP: «Os governos central e estadual do BJP estão empenhados na entrega dos recursos naturais aos capitalistas para que estes lucrem; depois, estão a pôr atrás das grades quem os questiona», denunciou.

No estado de Madhya Pradesh, houve protestos em 30 distritos, dinamizados pelo Madhya Pradesh Trade Union Sanyukt Morcha, que reúne 12 sindicatos e entregou às autoridades estaduais, em Bhopal, uma carta com mais de uma dezena de reivindicações.

Num parque da capital, os trabalhadores gritaram palavras de ordem contra a inflação galopante, a exigir a eliminação da legislação danosa para o sector agrícola, contra a política de privatizações, a reforma do sector eléctrico e a legislação laboral.

Mobilização em Calcutá / Newsclick 

Em Calcutá, capital do estado de Bengala Ocidental, várias organizações promoveram a realização de uma concentração em que ecoaram as mesmas preocupações do resto do país.

Ao discursar, Sanjoy Putatunda, dirigente da AIKS, afirmou que é tempo de correr com os «saqueadores» do país, e o dirigente do CITU, Debanjan Chakraborty, destacou a unidade da luta dos agricultores e dos demais trabalhadores da Índia.

No estado de Kerala, onde governa a Frente de Esquerda, os partidos de esquerda uniram-se aos protestos organizados pelos sindicatos e associações de agricultores em vários distritos.

Anathalavattom Anandan, presidente do Comité Estadual de Kerala do CITU, afirmou que «as medidas do governo central contra o povo e a favor das empresas equivaleram a ceder a soberania do país aos interesses das grandes empresas e do capital financeiro internacional».

«O governo está a trabalhar sob o comando das empresas e a aprovar leis negras que visam facilitar o saque dos bens públicos por elas, num momento em que as pessoas ainda não conseguiram aguentar o impacto resultante da pandemia», frisou.

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No documento, os sindicatos exigem também ao governo que aceite as seis reclamações da coligação de sindicatos agrícolas Samyukta Kisan Morcha; abandone o caminho da privatização das empresas do sector público e a concessão a longo prazo de activos físicos como os da ferrovia, sistemas de transmissão de energia e telecomunicações, que implicará a perda de postos de trabalho.

Exigem ainda que seja ampliado o programa de garantia de emprego nas zonas urbanas e rurais, e que seja garantida a cobertura de segurança social a todos os trabalhadores do sector informal.

Também reclamam a atribuição de um salário mínimo e a cobertura da segurança social aos trabalhadores precários; o aumento do investimento público na agricultura, educação, saúde e outros serviços públicos essenciais; a diminuição do imposto sobre os combustíveis e a regularização dos trabalhadores precários, entre outros aspectos.

No documento, os sindicatos avisam Narendra Modi e o seu partido nacionalista hindu que as suas vitórias eleitorais, com recurso à religião para dividir o povo e ao desvio das atenções das questões económicas prementes, serão «efémeras», porque «cada vez mais pessoas estão a ser esmagadas pela crise económica».

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Além disso, refere o documento, trabalhadores não qualificados são contratados temporariamente e centenas de milhares de funcionários são submetidos a uma enorme exploração.

Outro aspecto denunciado pela estrutura sindical é o facto de aos clientes serem cobrados milhões de rupias pelos mais variados serviços – SMS, uso das caixas de Multibanco, pagamentos, passaportes, etc.

Com os grandes capitalistas, a atitude é diferente: as suas enormes dívidas são perdoadas, tendo o Banco da Reserva da Índia resgatado alguns defraudadores por via de «acordos de compromisso», denuncia.

No comunicado, a BEFI lembra que a «banca privada é movida exclusivamente pelo lucro», sem interesse em manter o crédito que os bancos rurais e a banca pública em geral concedem aos cidadãos comuns.

«Isto é prejudicial para o bem-estar do país como um todo e para o bem-estar do povo indiano», sublinha o documento.

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Em simultâneo, exigiu o fim das discriminações salariais existentes, renumerações iguais para os docentes nas cooperativas, bem como a inclusão de todos os professores no sistema de protecção de saúde.

Sukumar Pain, secretário-geral da organização sindical, falou no protesto, tendo afirmado que «o sistema de educação universal está em perigo» no estado de Bengala Ocidental.

«O sistema educativo do estado tem sido contaminado pela corrupção e pela politização contínuas», denunciou, acrescentando que a administração gasta «dinheiro em feiras, festivais e subvenções, ao mesmo tempo que priva os professores dos seus direitos enquanto profissionais».

Governo de Modi tenta disseminar «um espírito não científico»

Também presente no protesto, Bikash Ranjan Bhattacharya, advogado, militante do Partido Comunista da Índia (Marxista) e membro da Rajya Sabha (Câmara Alta do Parlamento), denunciou que o governo liderado por Narendra Modi «está a tentar espalhar um espírito não científico no país» e alertou que «as atrocidades cometidas contra os dalits [intocáveis] e as minorias estão a aumentar».

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Em Déli, um mar de vermelho contra as políticas de Modi

Vindos de todos os cantos da Índia, muitos milhares de trabalhadores juntaram-se na capital para protestar contra o ataque contínuo aos seus rendimentos, o aumento da inflação e do desemprego.

Milhares de pessoas mobilizaram-se em Nova Déli contra as políticas de Narendra Modi 
Créditos / @cpimspeak

Designada Mazdoor-Kisan Sangharsh, a mobilização desta semana foi convocada pelo Centro de Sindicatos Indianos (CITU), o Sindicato dos Agricultores de Toda a Índia (AIKS) e o Sindicato dos Trabalhadores Agrícolas de Toda a Índia (AIAWU).

O resultado foi um mar vermelho nos terrenos do Ramlila Ground, em Nova Déli, com milhares de trabalhadores, agricultores e assalariados rurais a alertarem para a perda de rendimentos e a exigirem ao governo de Narendra Modi que ponha fim às políticas anti-populares, leve a efeito o preço mínimo garantido à produção, reverta os códigos laborais lesivos para os trabalhadores e crie mais emprego para a mão-de-obra rural, ao abrigo do esquema nacional Mahatma Gandhi.

Em nota de imprensa, as organizações promotoras deram conta da grande adesão à jornada de luta em todo o país subcontinental, tendo registo de trabalhadores de pelo menos 20 estados a dirigirem-se esta quarta-feira para a capital – culminando uma intensa campanha de seis meses de mobilização em distritos urbanos e rurais.

Newsclick

Os dirigentes sindicais que falaram à multidão avisaram o governo central que a dimensão da manifestação era um sinal da revolta crescente dos trabalhadores indianos perante o desprezo com que são tratadas as suas necessidades básicas, enquanto «sobre as grandes empresas chovem benefícios».

«A destruição deliberada da riqueza, vendendo a privados grandes empresas do sector público desenvolvidas ao longo de décadas a preços irrisórios, a privação dos trabalhadores e camponeses dos seus direitos básicos, o convite ao capital estrangeiro para capturar os sectores agrícola e lácteo indianos, a complacência face aos saques por vigaristas corruptos do dinheiro duramente ganho pelas pessoas, tudo isso está a ser cada vez mais fomentado pelo actual governo», afirmaram as organizações da mobilização na nota divulgada pelo Newsclick.

Enquadrando a enorme manifestação na capital, o texto afirma ainda que «os trabalhadores e os agricultores deram as mãos para criar um movimento incessante e intensificado» contra «tais perigos e para impedir o país de ser capturado por uns quantos cartéis empresariais ricos».

Promessas não cumpridas, face à miséria que aumenta

Em declarações ao Newsclick, Vijoo Krishnan, secretário-geral do Sindicato dos Agricultores de Toda a Índia (AIKS), recordou que o governo de Modi foi eleito depois de várias promessas feitas aos agricultores – que passavam por duplicar os seus rendimentos, subsídios, empréstimos a baixo custo e seguro de perda de colheitas. «No entanto, nenhuma destas promessas foi cumprida», denunciou.

@cpimspeak

«Se olharmos para os números dos últimos nove anos de governo de Modi, mais de 100 mil agricultores cometeram suicídio. No mesmo período, 250 mil trabalhadores assalariados suicidaram-se. Estes também vêm de um meio agrário, o que mostra bem a dimensão que a miséria atingiu no campo e como este governo não fez nada para resolver a crise», alertou.

Krishnan lembrou os ataques que os trabalhadores e agricultores têm sofrido, de forma consistente, durante a governação de Modi e acrescentou que, sempre que há sinais de união e força entre os trabalhadores, se assiste à utilização das lutas sectárias para perturbar essa força – tendo dado como exemplo o caso recente dos ataques a mesquitas no estado de Bihar.

O dirigente sindical disse ainda que nenhum membro do executivo os abordou para tratar das reivindicações apresentadas e que não existem quaisquer reuniões marcadas. «Isto mostra a arrogância do governo e como precisa de ser derrotado para que os direitos do povo, a Constituição e o próprio país sejam defendidos», afirmou.

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«O domínio das castas superiores [no sistema hindu] está a aumentar. O direito à educação, que é reconhecido pela Constituição, está hoje a ser diluído», alertou, sublinhando que o plano do governo passa por «encerrar escolas públicas» e que é preciso «lutar contra essa mentalidade».

No que respeita a Bengala Ocidental, o dirigente comunista disse que «muitas escolas primárias enfrentam o encerramento». «Depois disso, escolas secundárias, faculdades e universidades serão fechadas de forma gradual. O governo quer livrar-se de todas as suas responsabilidades», frisou.

«O número de escolas e faculdades privadas está a aumentar», afirmou, acrescentando que «a Educação está a ser entregue às corporações».

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