Nos vários ramos das artes têm-se levantado preocupações relativas à Inteligência Artificial (IA). Não é preciso recuar muitos meses para ir buscar a luta dos actores norte-americanos que, entre as várias reivindicações, colocavam também a necessidade de um maior controlo no recurso à badala tecnologia que pode substituir humanos nas várias esferas da vida.
Claro está que o debate, no caso do sector artístico, é mais profundo. Não está somente em causa o desemprego que a IA pode causar, mas está também a própria concepção de arte e o valor artístico das obras produzidas.
Chegou agora a vez dos músicos se posicionarem nesta luta. A organização sem fins lucrativos, a Artist Rights Alliance, juntou mais 200 músicos que assinaram um manifesto intitulado «Parem de desvalorizar a música». Entre os subscritores encontram-se vários portugueses como Sérgio Godinho, Carlão, António Zambujo ou T-Rex.
No essencial são pedidas duas coisas: a não utilização ou implementação de tecnologia para gerar música com IA de forma a substituir a capacidade artística humana dos compositores e artistas e uma compensação justa pelo trabalho produzido. Segundo os signatários, algumas empresas estão a recorrer à IA e os mesmos consideram que tal constitui uma «sabotagem da criatividade e uma ameaça a artistas, compositores, músicos e donos de direitos de autor».
O manifesto chega mesmo a considerar que ante a utilização indevida de IA, «este assalto à criatividade humana deve parar». O documento conclui dizendo «nós apelamos a quem desenvolve IA, empresas tecnológicas, plataformas e serviços de música digitais a que se comprometam não desenvolver ou implantarem tecnologia de AI que desenvolva música, conteúdos ou ferramentas que memorizem ou substituam a arte humana de compor canções e artistas ou neguem uma justa compensação pelo nosso trabalho».
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