«Nós, artistas e defensores dos direitos humanos, muitos de nós judeus, condenamos a vergonhosa decisão da Royal Academy of Arts de censurar obras de arte de jovens artistas que respondem ao genocídio de Israel contra os palestinianos em Gaza», lê-se na missiva lançada na passada segunda-feira e que, desde então, foi subscrita por mais de 760 artistas e figuras públicas.
Uma obra, criada por um artista de 18 anos, mostra uma fotografia de um manifestante a segurar um cartaz que diz «Os judeus dizem: parem o genocídio contra os palestinianos: não em nosso nome».
A outra é um desenho enviado por um jovem de 16 anos que mostra uma suástica por cima de uma mulher de lenço na cabeça e a gritar, refere o periódico Morning Star.
Ambas foram retiradas da Mostra de Verão de Jovens Artistas (Young Artists’ Summer Show), da Academia Real Inglesa (Royal Academy of Arts), em Londres, depois de o Conselho de Deputados dos Judeus Britânicos (Board of Deputies of British Jews) ter levantado «preocupações sérias» sobre as obras, descrevendo-as como contendo «tropos e mensagens anti-semitas».
Na carta aberta publicada pela Artists for Palestine, artistas e escritores como Rosalind Nashashibi, Adam Broomberg, Natasha Walter, Kamila Shamsie, Sabrina Mahfouz, Fatima Bhutto e Gillian Slovo são alguns dos que criticam a decisão «vergonhosa» da Royal Academy of Arts.
À designer Bella Freud, aos realizadores Mike Leigh, Peter Kosminsky, Asif Kapadia e Farah Nabulsi, aos músicos Brian Eno, Ana Tijoux e Robert Wyatt, ao fotógrafo Shahidul Alam e aos actores Juliet Stevenson, Alia Shawkat e Adam Bakri juntam-se várias organizações judaicas, incluindo o Jewish Socialists’ Group.
Em seu entender, a Academia «estigmatizou o trabalho dos jovens artistas» e «conspirou para apagar o contributo judaico para a solidariedade com os palestinianos».
Acrescenta: «Longe de proteger os judeus, a Royal Academy está a apoiar uma campanha racista e anti-palestiniana que visa silenciar as expressões de apoio ao povo palestiniano.»
Por seu lado, a Palestine Solidarity Campaign (PSC) pediu aos seus 330 mil apoiantes que enviem uma carta por e-mail ao director executivo da Academia Real Inglesa.
Nela, a organização solidária acusa a instituição britânica de violar o direito à liberdade de expressão e de contribuir para a desumanização do povo palestiniano e o apagamento de factos históricos.
«Ao silenciar a solidariedade para com a Palestina, a Academia Real é cúmplice da protecção do Estado de Israel da responsabilização pelas suas acções», afirma a PSC, acrescentando que não deve «ser considerado como inerentemente ilegítimo que os artistas façam comparações entre um genocídio e outros na história».
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