A Unione Sindacale di Base (USB) anuncia que no próximo dia 5 de Abril vai estar nas ruas para trazer à ribalta a questão da renovação dos contratos e dizer «não» ao aumento das despesas militares.
Num comunicado divulgado no seu portal, o sindicato sublinha que «o movimento operário nunca apoiou a guerra» e que «é inaceitável que a [sua] longa tradição antimilitarista […] seja impunemente espezinhada».
Neste sentido, considera que está na hora de os trabalhadores italianos e todo o país transalpino debaterem as escolhas que «estão a arrastar Itália para um pesadelo sem futuro».
Mantendo o lema «Baixem as armas, subam os salários» e declarando que «o rearmamento não é solução, as despesas sociais sim», a estrutura sindical alerta para o aumento das tarifas de gás, electricidade e transportes, para a deterioração do serviço de saúde pública e a queda do poder de compra de salários e pensões, sublinhando que são «o outro lado» da «opção militarista do governo [italiano] e da UE [União Europeia].
«A defesa das nossas condições de vida está directamente ligada à necessidade de o país seguir por outro caminho, romper com as opções da guerra da UE e orientar a política económica e industrial para o relançamento do mercado interno», declara o texto.
Para tal, a USB defende que é preciso dar «prioridade às necessidades de desenvolvimento de todo o sistema de serviços e infra-estruturas, ao cuidado do território, ao relançamento do sistema de habitação social e à intervenção para reduzir as fortes disparidades regionais».
Aumenta o número de trabalhadores pobres
Num outro comunicado, emitido a 21 de Fevereiro, o sindicato já tinha apelado à mobilização dos trabalhadores italianos, sublinhando a necessidade de medidas, por parte do governo de Meloni, muito diferentes das da política da guerra, da demagogia e do ataque aos migrantes.
O combate aos baixos salários, a defesa do poder de compra e o controlo dos preços foram algumas das medidas propostas pela organização sindical, que chamou a atenção para a precariedade das condições laborais, o «aumento alarmante de trabalhadores pobres» e o facto de «há já algum tempo trabalhar não ser condição suficiente para cobrir as despesas essenciais».
No caso dos trabalhadores migrantes, a situação agrava-se, porque são submetidos à chantagem da autorização de residência e a outras, que provocam «irregularidade e exploração».
A sua regularização «daria um impulso aos salários e aos direitos para todos», afirma a USB, frisando que «os baixos salários têm um efeito depressivo em toda a economia» e advertindo que o «nível de vida geral se está a deteriorar» e, em muitos sectores, «está literalmente a cair a pique».
Dificuldades económicas dos trabalhadores não são alheias às despesas militares
«Para a UE, o governo de Meloni e a oposição parlamentar, o aumento das despesas militares parece ser um ponto inquestionável», denuncia a USB, afirmando que «a transferência de recursos para o sector militar […] representa a solução que a UE identificou para fazer face à crise industrial».
Neste contexto, o sindicato italiano lembra que anda há meses a denunciar «a transição para uma economia de guerra como um processo involutivo para toda a nossa sociedade», e que há pelo menos dois anos apoia o lema «Baixem as armas, aumentem os salários» como «síntese eficaz da ligação cada vez mais estreita entre as dificuldades económicas vividas por milhões de trabalhadores e as despesas militares cada vez mais desproporcionais».
«Agora estamos a assistir a um verdadeiro salto qualitativo», afirma o texto, destacando o modo como «a questão da segurança nacional se está a tornar o leitmotiv da propaganda governamental, utilizado a todo o momento».
O rearmamento – alerta a USB – «não é apenas uma enorme transferência de recursos para a indústria bélica e a compra de novo armamento», é também «uma intoxicação militarista da vida do país. E isso correspondeu sempre a uma redução drástica das liberdades».
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