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Milhares pela paz e contra o «rearmamento» nas ruas de Roma

Em Roma, milhares mobilizaram-se contra a guerra e o militarismo da UE. Quando os governos querem gastar 800 mil milhões nas armas, acentua-se a degradação salarial e das condições de vida, denunciou a USB.

Faixa na manifestação deste sábado em Roma a reclamar melhores salários e menos armamento CréditosPatrizia Cortellessa / contropiano.org

Das manifestações contra o «rearmamento europeu» realizadas este sábado no país transalpino a mais participada teve lugar na capital, convocada pelo Movimento 5 Estrelas (M5E), a que aderiram PD, Refundação Comunista, Aliança Verdes e Esquerda Italiana, juntamente a Associação Nacional de Partisans de Itália, organizações sindicais e estudantis.

De acordo com os promotores, entre 80 mil e 100 mil pessoas participaram na marcha, exibindo faixas em que se lia «Não ao rearmamento», «Basta de dinheiro para as armas», a afirmar que a Rússia não é o inimigo, a defender a resistência na Palestina ou a exigir a saída de Itália da NATO.

Sem se furtar a apontar divergências e contradições entre os promotores, o portal contropiano.org destaca o carácter claramente «popular» e de oposição à guerra da mobilização, com elevada participação de jovens, e onde se ouviram canções como «Bella Ciao» e «Give peace a chance», e palavras de ordem como «Fascistas fora do Estado».

Cartazes na mobilização convocada pela M5E // Patrizia Cortellessa / contropiano.org

No apelo à mobilização, o M5E alertou para as intenções de rearmamento da União Europeia (UE) e do governo de Melloni, e para o aumento das despesas militares, num momento de «dificuldades económicas» para muitas famílias.

Já na mobilização, um representante do Movimento reafirmou a oposição a «um plano de rearmamento de 800 mil milhões de euros» quando a Europa devia ser «protagonista» de «um caminho para a paz».

Por seu lado, um grupo de deputados do M5E divulgou um comunicado em que se afirma que «os cidadãos italianos não precisam de mais armas, mais tanques ou mais mísseis», mas de «mais médicos e enfermeiros, de cuidados de saúde mais eficazes».

«Pelo salário, não ao rearmamento»

Também em Roma, este sábado, a Unione Sindacale di Base (USB) promoveu uma mobilização para denunciar os planos «rearmamento» da UE e do governo italiano, quando as necessidades prementes são a valorização salarial dos trabalhadores, a recuperação do poder de compra perdido nos últimos anos, fazer frente à precariedade, aos acidentes de trabalho e ao empobrecimento.

Intervenção durante a mobilização convocada pela USB em defesa dos salários e contra o militarismo / contropiano.org

Reafirmando o lema que mantém há anos – «Baixem as armas, subam os salários» –, a central sindical fez questão de destacar que dizer «não» ao militarismo e à guerra se tornou uma questão central para milhares de trabalhadores.

Delegados sindicais de diversos sectores intervieram para alertar para a estagnação salarial, a precariedade e a desvalorização salarial decorrente dos elevados custos com a habitação, da especulação, das despesas com a saúde.

«Esta tendência levar-nos-á em dez anos a quinze milhões de pessoas em situação de pobreza absoluta e 22 milhões em pobreza relativa», afirmou Guido Lutrario, citado pelo contropiano.org.

Neste contexto, em que prevalece o ataque aos serviços públicos, à saúde e à educação – depois de anos de políticas de cortes, de austeridade e restrições orçamentais –, os trabalhadores denunciaram a facilidade com que «aparecem» 800 mil milhões para os governos europeus gastarem em «rearmamentos e despesas militares» e reafirmaram o «não» à guerra.

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