Os partidos da direita aparecem agora como os grandes defensores dos mais pobres e dos mais desfavorecidos, depois de os terem esmifrado durante quatro anos de governação.
As declarações do PSD e do CDS-PP, feitas ontem a propósito da proposta de Orçamento do Estado para 2017, revelam o maior descaramento e falta de vergonha de quem, ao longo de quatro anos, se mostrou insaciável no roubo aos trabalhadores e aos reformados. Os mesmos que agora, demagogicamente, se põem em bicos de pés em defesa da chamada classe média que quase deixaram na penúria, quando foram empurrados para fora do governo.
Uma direita que, entre outras malfeitorias, se propunha manter a Sobretaxa do IRS e os cortes nos salários da Administração Pública e que, segundo os dados estatísticos da União Europeia, conduziu Portugal para uma situação tal que, em 2014, um em cada cinco portugueses estava em risco de pobreza. Para não falarmos no grande embuste que foi o compromisso de haver devoluções aos contribuintes, caso a receita fiscal no IVA e no IRS ficasse acima do que tinham projectado. Uma mentira que PSD e CDS-PP alimentaram até às eleições, quando se confirmou que, ao contrário de números sucessivamente avançados durante meses, não haveria devoluções para ninguém.
Não deixa mesmo de ser ridículo o desafio do CDS-PP ao PCP e ao BE para apoiarem a sua proposta de aumento das pensões mínimas. Nem se percebe bem o alcance deste desafio feito aos comunistas, dado que estes defenderam e continuam a defender um aumento de dez euros para todas as pensões.
Aliás, provavelmente o PS e o BE não iriam além da aplicação da lei de 2006 a que corresponderiam aumentos nas pensões do regime contributivo de 0,7% para pensões até 633 euros, de 0,2 para pensões entre os 633 e os 2532 euros, ficando as pensões acima deste valor sem aumento. Ora, a teimosia dos comunistas nesta matéria permitiu que fossem já atingidos, para o regime contributivo, um aumento extraordinário de dez euros para as pensões até 633 euros e de 0,7% até 844 euros (e não de 0,2% para aquelas entre os 633 e os 844 euros, como previsto na lei de 2006), incluindo todas as pensões que tenham, no mínimo, quinze anos de carreira contributiva.
Depois, andam à procuram de medidas para combater a elevada abstenção, como a que aconteceu no passado domingo nos Açores, e de justificações para aquilo a que chamam afastamento dos portugueses da política. E que tal saírem do pântano da mentira e da mistificação em que vivem, falarem verdade aos portugueses e cumprirem o que prometem. Talvez não fosse má ideia!
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