Diogo Lopes, dirigente do Sindicato dos Trabalhadores da Agricultura e das Indústrias da Alimentação, Bebidas e Tabacos de Portugal (SINTAB/CGTP-IN), traça um retrato sombrio sobre as condições de trabalho na Nobre, empresa líder no sector da charcutaria: a maior parte dos trabalhadores recebe o Salário Mínimo Nacional (SMN), outros recebem 5 euros acima do mínimo e os trabalhadores com mais anos de casa recebem um acréscimo de dez euros, o que eleva o seu escalão e resulta em salários inferiores ao SMN, explicou o dirigente sindical ao AbrilAbril.
A Nobre anunciou, no início do ano, que estaria indisponível em 2025 para qualquer negociação sobre aumentos ou a aplicação de qualquer direito. Uma posição muito mal vista por parte dos seus trabalhadores, que convocaram, com o SINTAB, uma greve de 24 horas para o dia 11 de Abril, a segunda em 2025, a 19.ª desde o início de 2023.
Em causa está a exigência de aumentos de salariais de 150 euros, a redução faseada para uma jornada semanal de 35h, o fim dos vínculos precários dos trabalhadores que ocupam postos permanentes na Nobre, 25 dias de férias, um subsídio de frio para os trabalhadores expostos a temperaturas inferiores a 8ºC, um subsídio de alimentação de 8,5 euros e a dispensa no dia de aniversário, assim como no aniversário de filhos até aos 12 anos.
Nobre tenta isolar sindicato para travar reivindicações dos trabalhadores
Em comunicado, o SINTAB acusa ainda a empresa de «transmitir informações erradas» sobre o sindicato, numa tentativa de fragilizar a ligação dos trabalhadores com esta estrutura sindical. Foi uma estratégia de contra-informação que falhou, «rapidamente desmascarada» como se comprova pela convocação de uma nova acção de luta na Nobre.
Numa outra linha de ataque, a Nobre começou a «negar o direito a crédito de horas às delegadas sindicais do SINTAB, assim como à dirigente da União dos Sindicatos de Santarém» (uma situação «denunciada junto das entidades competentes», procurando privilegiar «outra organização sindical sem representatividade, numa clara opção de confronto».
Os dirigentes sindicais têm direito, como está estipulado na Lei portuguesa, a um crédito de horas, correspondente a quatro dias de trabalho por mês, que podem ser gozados em períodos de meio dia, para desenvolver a sua actividade enquanto representantes dos trabalhadores.
A denúncia do sindicato contrasta com a resposta que a Nobre deu à Agência Lusa: a empresa afirma estar atenta «às necessidades» dos trabalhadores e que mantêm «reuniões frequentes e construtivas com os sindicatos para abordar as questões em causa de forma positiva e transparente», uma versão muito diferente da denunciada pelo SINTAB.
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