|Nobre

Greve na Nobre contra a «política de salário mínimo nacional»

Nem «a tecnologia de ponta e os altos padrões de qualidade alimentar» alteram um príncipio fundamental da Nobre, empresa do sector da alimentação: o trabalhador só merece o salário mínimo.

Concentração de trabalhadores realizada a 21 de Maio
Créditos / SINTAB

A acção de luta, que se vai realizar no próximo dia 28 de Abril, na unidade de Rio Maior, ao longo de 24h, foi decidida pelos trabalhadores nos plenários realizados no passado dia 18 de Abril, com o apoio do Sindicato dos Trabalhadores da Agricultura e das Indústrias de Alimentação, Bebidas e Tabacos de Portugal (SINTAB/CGTP-IN) e do Sindicato Nacional dos Trabalhadores da Indústria Alimentar (STIAC/CGTP-IN).

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Protesto demonstra descontentamento pela ausência de aumentos salariais há vários anos

Trabalhadores da Nobre em greve

Os trabalhadores da Nobre Alimentação, no concelho de Rio Maior, distrito de Santarém, estão esta quinta-feira em greve, por aumentos salariais de 50 euros, pela melhoria das condições de trabalho e a integração da hora de almoço no horário de trabalho.

Foto de arquivo: concentração de trabalhadores junto à Academia Nobre
Créditos / SINTAB

Em nota, a União de Sindicato de Santarém (USS/CGTP-IN) explica que a greve, do meio-dia à meia-noite, é complementada com uma concentração à tarde, junto às instalações da Academia Nobre, seguida de uma manifestação até à Câmara Municipal de Rio Maior, onde está marcado um encontro com a presidente.

Em declarações ao AbrilAbril, Rui Matias, dirigente do Sindicato dos Trabalhadores da Agricultura e das Indústrias de Alimentação, Bebidas e Tabacos de Portugal (SINTAB/CGTP-IN), afirmou que a greve tem como objectivos imediatos aumentos salariais de 50 euros, com retroactivos a Janeiro, e a integração da hora de almoço no horário de trabalho.

Além disso, com os protestos os trabalhadores visam denunciar algumas «situações pouco dignas que se vivenciam no quotidiano daquela empresa», exigir o cumprimento da lei no que diz respeito aos horários de trabalho, a atribuição de horas de amamentação a trabalhadoras lactantes e a redução dos vínculos de trabalho precários na empresa.

O facto de o protesto se realizar no Dia Internacional da Mulher não é por acaso, explicou Rui Matias, tendo em conta que «nesta empresa cerca de 80% dos trabalhadores são mulheres». A sua manifestação, «com o envolvimento dos próprios filhos e companheiros», tem como objectivo demonstrar à população a sua luta e sensibilizar para as questões de trabalho que estas mulheres lidam diariamente, afirmou o dirigente.

De 5 a 9 de Março, a CGTP-IN tem promovido várias acções por todo o País, no âmbito da «Semana da Igualdade», uma campanha que quer alertar para várias temáticas que afectam, em particular, as mulheres trabalhadoras. Entre estas, discriminação salarial, precariedade, repressão patronal, maternidade e da conciliação do trabalho com a vida familiar e pessoal.

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Protesto demonstra descontentamento pela ausência de aumentos salariais há vários anos
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Os trabalhadores vão denunciar a «falta de vontade da empresa para negociar o caderno reivindicativo» e a política perversa mantida pela Nobre Alimentação de se recusar a pagar acima do salário mínimo nacional a praticamente todos os trabalhadores.

Independentemente das funções desempenhadas, os trabalhadores são, todos, classificados como salsicheiros, não existindo qualquer perspectiva de progressão na carreira.

Esta é a segunda greve que se realiza na empresa em 2023, após a acção de dia 9 de Fevereiro, no contexto do Dia Nacional de Indignação, Protesto e Luta convocado pela CGTP. À Agência Lusa, Diogo Lopes, do SINTAB, lamentou a postura incompreensível de uma empresa «que pertence a um grupo internacional e [que] tem tido bastantes lucros». 

A secretária-geral da CGTP, Isabel Camarinha, vai participar no piquete de greve destes trabalhadores, às 8h30, na fábrica da Nobre em Rio Maior.

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