«A produção de produtos farmacêuticos continua a ser um sector com resultados financeiros bastante positivos e com lucros colossais», refere, em comunicado, a Federação Intersindical das Indústrias Metalúrgicas, Químicas, Eléctricas, Farmacêutica, Celulose, Papel, Gráfica, Imprensa, Energia e Minas (Fiequimetal/CGTP-IN). No entanto, a actualização salarial deverá limitar-se aos 5%.
Cento e dois mil milhões de dólares: as projecções da farmacêutica são ambiciosas, mas não impossíveis. Como atingir este valor? Basta excluir os pobres da equação, focando todo o negócio nos mais ricos. Os dados anunciados ontem terão certamente entusiasmado os accionistas. No último trimeste de 2021, a receita da Pfizer duplicou face às expectativas e as perspectivas para 2022 são ainda melhores: a empresa prevê arrecadar 54 mil milhões de dólares de receita através da venda da vacina contra a Covid-19, a que se juntam 22 mil milhões de dólares do novo anti-viral produzido pela empresa. Estes resultados obscenos contrastam com o total abandono a que foram votadas, no acesso à vacina, as populações dos países mais pobres. Num comunicado à imprensa, Robbie Silverman, da Oxfam, organização não-governamental de luta contra a pobreza, denunciou o total desinteresse das farmacêuticas no apoio às pessoas mais fragilizadas. A variante «nu» é considerada a mais perigosa de sempre e os cientistas põem a hipótese de não ser combatida pelas vacinas. A multiplicação de variantes resulta de apenas os países mais ricos estarem a vacinar as suas populações. Estão disponíveis treze vacinas para combater a Covid-19, mas a taxa de cobertura é muito desigual nas várias zona do planeta. Em África, as taxas de vacinação são ainda muito baixas. Nos Camarões, apenas 0,6% da população está totalmente vacinada, no Egipto 8%. Mas noutros continentes, mesmo tendo desenvolvido vacinas antes dos outros, não é sinónimo de adesão da população ou da eficácia da campanha de vacinação, como se pode ver na Rússia, em que apenas 32% da população está totalmente vacinada, e nos Estados Unidos, com os seus 58%. Enquanto se verifica esta desigualdade que permite a multiplicação da doença e o aparecimento de novas variantes do vírus, o Centro Europeu de Prevenção e Controlo das Doenças (CEPCD) recomendou uma terceira dose para toda a população adulta, com especial incidência nas pessoas com 40 anos ou mais, seis meses após a segunda injecção. Os cientistas detectaram uma nova variante da Covid-19 classificada B.1.1.529, com origem na África do Sul. Existem até agora pouco mais de uma centena de casos, desta variante, confirmados na África do Sul, Hong Kong e Botswana. De acordo com o sistema de nomenclatura utilizado pela Organização Mundial de Saúde (OMS), a variante será identificada como «nu». A variante B.1.1.529 tem uma combinação preocupante de mutações que os cientistas dizem poder tornar o vírus mais contagioso e ajudá-lo a fugir à resposta imunitária do corpo. Qualquer nova variante capaz de escapar à protecção vacinal ou de se espalhar mais rapidamente do que a actualmente predominante variante delta poderia ameaçar seriamente a saída global da pandemia. A Organização Mundial da Saúde está reunida esta sexta-feira para avaliar esta nova variante. Determinará se se trata de uma variante de «preocupação» ou «interesse», relata o The Guardian. Decidirá também a designação oficial utilizando o alfabeto grego, tal como fez com as variantes anteriores. A próxima carta disponível é nu. As primeiras indicações dos laboratórios de diagnóstico sugerem que a variante aumentou rapidamente na província de Gauteng, na África do Sul, e pode já estar presente nas outras oito províncias do país. No seu relatório diário de casos confirmados a nível nacional, o Instituto Nacional de Doenças Transmissíveis da África do Sul (NICD, acrónimo em inglês) relatou 2465 novas infecções de Covid-19, quase o dobro do número do dia anterior. O NICD não atribuiu o aumento dos casos à nova variante, embora alguns dos principais cientistas locais suspeitem que é a causa. A África do Sul confirmou cerca de 100 casos com a variante B.1.1.529, mas também foi encontrada no Botswana e em Hong Kong (na cidade asiática, a portadora é uma pessoa que chega da África do Sul). Os cientistas acreditam que até 90% dos novos casos em Gauteng podem ser causados pela variante B.1.1.529. Pelo menos um caso de infecção com esta variante também foi detectado em Israel. Os cientistas consultados descrevem nu como a pior variante desde o início da pandemia. Tem 32 mutações na proteína spicule, que por sua vez é a parte do vírus utilizada pela maioria das vacinas para treinar o sistema imunitário contra a Covid-19. Este número de mutações é cerca do dobro do número associado com a variante delta. As mutações nesta proteína podem afectar a capacidade do vírus de infectar as células e de se espalhar, mas também tornar mais difícil para as células imunitárias atacarem o agente patogénico. A variante delta foi detectada pela primeira vez na Índia no final da década de 2020 e, desde então, espalhou-se por todo o mundo, levando a um aumento das taxas de infecção e de casos fatais. Outras variantes do coronavírus incluem alfa (detectada em Kent, Reino Unido), beta (primeiro detectada na África do Sul) e gama (detectada no Brasil). Após o declínio dos casos no Japão, foi sugerido que as variantes podem «sofrer uma mutação para fora da existência». A Comissão Europeia recomendou a suspensão dos voos para a África do Sul e outros destinos na região. Vários países europeus já suspenderam todas as ligações, incluindo a Alemanha e a Itália. O Reino Unido também colocou a África do Sul, Namíbia, Lesoto, Botswana, Eswatini e Zimbabwe na sua lista vermelha de restrições de viagem, o que significa que os viajantes provenientes destas áreas serão proibidos, com poucas excepções, e quaisquer passageiros que cheguem ao Reino Unido terão de ser estritamente colocados em quarentena num hotel vigiado. A Itália e a Alemanha vão proibir a entrada nos seus territórios de viajantes da África Austral devido à nova variante da Covid-19 detetada na África do Sul, anunciaram esta quinta-feira os ministros da saúde alemão e italiano. E pelo menos quatro países – Áustria, Itália, Israel e Singapura – proibiram esta sexta-feira a entrada de viajantes provenientes de Moçambique, a par de outros países da África Austral, como medida de precaução devido à nova variante do coronavírus detetada na África do Sul. Israel anunciou também que proibirá os seus cidadãos de viajar para a África Austral, uma restrição que afecta os mesmos seis países da lista vermelha do Reino Unido, mais Moçambique. Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz. O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença. «Os resultados divulgados pela Pfizer demonstram como a empresa fez uso do seu monopólio para enriquecer os seus accionistas à custa de quase metade da população mundial, que continua sem acesso às vacinas». É particularmente grotesco que empresas como a Pfizer dêem «prioridade aos lucros em vez de salvar vidas», isto enquanto milhares de pessoas em África morrem, todos os dias, de Covid-19. Como ficou patente no caso português, a maior parte destas mortes seria facilmente evitável, e para isso bastava a empresa querer, distribuíndo as vacinas. Têm a faca (os meios de distribuição) e o queijo (as vacinas) na mão. Continuámos a permitir, à medida que a pandemia se foi agravando, que as farmacêuticas fossem pondo o lucro acima da nossa humanidade: «nenhuma corporação empresarial deve ter o direito a decidir quem vive e quem morre», afirmou Silverman. Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz. O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença.Internacional|
Esqueçam a humanidade, a opção da Pfizer é o lucro
Internacional|
Nova variante da Covid-19 põe a nu as desigualdades na vacinação
A última das variantes até à próxima
Uma variante que pode escapar às vacinas
Europa suspende voos com África
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É um valor que «não traduz o desempenho do sector, nem é suficiente para enfrentar a situação actual». A situação é particulamente grave, já que «todos os indicadores apontam num agravamento da situação já de si muito preocupante e que se tem traduzido numa perda de rendimento brutal das famílias e do poder de compra das mesmas».
As negociações persistem entre as estruturas sindicais e a APIFARMA. A Fiequimetal não abdica da reivindicação de 125 euros de aumento nos salários, a «redução progressiva do horário de trabalho para as 35 horas semanais, sem perda de retribuição», a regulamentação do trabalho por turnos, o «direito a folgar no dia de aniversário e a instituição dos 25 dias úteis de férias para todos os trabalhadores, sem nenhum condicionalismo».
A federação sindical não deixa ainda de ressalvar a necessidade da criação de um regulamento de trabalho por turnos para o sector. A Fiequimetal insta todos os trabalhadores das empresas do sector farmacêutico, conjuntamente com os nossos sindicatos, a tomar a iniciativa de colocar este assunto na ordem do dia, onde quer que o trabalho por turnos exista.
Através de acções colectivas (como «abaixo-assinados»), é indispensável fazer chegar esta exigências às administrações de empresas, refere a estrutura sindical.
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