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Arranca hoje o primeiro Festival de Avignon com direcção de Tiago Rodrigues

Na 77.ª edição do Festival de Avignon, a língua inglesa é a convidada para «construir pontes onde outros gostariam de impor muros». Programação conta com mais de 250 representações. 

CréditosAndré Kosters / Agência Lusa

O espectáculos G.R.O.O.V.E, de Bintou Dembélé, e Welfare, baseado no filme de Frederick Wiseman, encenado por Julie Deliquet, marcam o arranque do primeiro Festival de Avignon com direcção artística de Tiago Rodrigues.

O espectáculo de dança de Bintou Dembélé subirá ao palco da Opéra Grand Avignon enquanto a peça de teatro encenada por Julie Deliquet, que é adaptada de um documentário de Frederick Wiseman, será representada no Cour d'Honneur do Palais des Papes.

Nesta edição do Festival, o primeiro texto e encenação de Tiago Rodrigues a representar é Dans la mesure de l'imposssible («Na medida do impossível»), no dia 13, na Opéra Grand Avignon.

O espectáculo toma por referência entrevistas a cerca de 30 colaboradores do Comité Internacional da Cruz Vermelha e dos Médicos sem Fronteiras sobre a vida em campos de refugiados e escolhas de vida e de morte que se impõem. Este espectáculo terá mais três representações nos três dias consecutivos.

A interpretar estarão Beatriz Brás, Isabelle Caillat, Baptiste Coustenoble, Adama Diop e o músico Gabriel Ferrandini, que assina as composições. Com tradução de Thomas Resendes, o espectáculo tem cenografia de Laurent Junod, Wendy Tukuoka e Laura Fleury.

Quarenta e quatro espectáculos de sala preenchem a programação do certame, que integra ainda actividades paralelas como exposições de artes visuais, leituras, projecções de filmes, criações radiofónicas, bem como o espaço de convívio Café des Idées e Mahabharata, o bar de artistas do festival, aberto a todos os públicos.

Na contagem decrescente para o início do festival, Tiago Rodrigues tem vindo a destacar alguns dos espectáculos nas redes sociais, como os de abertura, e também A noiva e o boa noite Cinderela, da brasileira Carolina Bianchi, Exit above, a nova criação da coreógrafa belga Anne Teresa De Keersmaeker, Inventions, dos espanhóis Mal Pelo, de Pep Reims e Maria Muñoz, o texto All of it, do britânico Alistair McDowall, na interpretação de Kate O’Flynn, e as duas criações do também britânico Tim Crouch, An oak tree e Truth's a dog must to kennel («Na verdade, um cão tem de ir para o canil», em tradução livre), «uma viagem delirante» em volta do Rei Lear, de Shakespeare.

Na 77.ª edição do Festival de Avignon, a decorrer até 25 de Julho nesta cidade francesa, a língua inglesa é a convidada para «construir pontes onde outros gostariam de impor muros», lê-se na programação do certame. «Não nos contentamos com um mundo dividido por fronteiras», sublinha o texto.

«Talvez, neste primeiro ano, o facto de eu ser português tenha influenciado pela negativa a presença da criação portuguesa ou de língua portuguesa por uma espécie de pudor, muito português, mas que não será levado ao exagero, porque não é o facto de eu ter nacionalidade portuguesa que deve prejudicar a criação portuguesa», disse Tiago Rodrigues numa entrevista em Abril.

By heart, uma criação datada de 2013 de Tiago Rodrigues, é o espectáculo que encerra esta edição do festival. A obra foi inspirada na história de uma das avós do encenador e dramaturgo, que procurou um último livro para aprender de cor, quando ficou cega. By heart, no Cour d´Honneur do Palais des Papes, encontra-se esgotado há muito, segundo a programação do certame.


Com agência Lusa

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