«Continua a ser o festival que não se concentra em nenhum género ou formato, continua a fazer jus ao facto de dar igual importância a curtas e longas, a documentário, ficção, animação, experimental, ensaio. É a característica mais distintiva», disse Susana Rodrigues, uma das directoras e programadoras do festival à Lusa, tendo ainda em mente os princípios que norteiam o festival, de mostrar novos realizadores e filmes que não passam nos circuitos comerciais.
A 22.ª edição do IndieLisboa abrirá no cinema São Jorge com a comédia do absurdo Une Langue Universelle, do realizador canadiano Matthew Rankin, que imagina um Canadá onde todos falam persa. O filme foi escolhido pelo Canadá para a corrida aos Óscares. O fecho do festival será com Caught by the tides, do realizador chinês Jia Zhang-ke, sobre uma bailarina e um duvidoso produtor de música, tendo uma China como pano de fundo ao longo de duas décadas.
Entre estes dois filmes há dezenas de propostas, repartidas por secções competitivas, como as competições nacional, internacional e Novíssimos, e retrospetivas.
O IndieLisboa apontará ainda o foco ao artista britânico Charlie Shackleton, que estará em Lisboa para apresentar os seus filmes, incluindo Paint Drying, obra experimental e de protesto contra a entidade britânica que atribui e cobra pela classificação de filmes. Paint Drying, um plano estático de uma parede de tijolo pintada de fresco, tem dez horas de duração, e vai ser projectado na Sala Rank, do Cinema São Jorge, usada durante a ditadura fascista para censura prévia aos filmes.
Haverá também cinema para ver dentro da piscina municipal da Penha de França e a maratona de madrugada «Boca do Inferno».
«Tentamos fazer um trabalho específico em relação a tentar criar uma experiência, em tentar reinventar formas de trazer o público às salas, de falar com eles, de criar um espírito de comunidade, falar sobre os filmes, fazer alguma reinvenção que nos divirta a nós próprios também», descreveu Susana Rodrigues.
A competição nacional apresenta dez longas-metragens, um número inédito no festival, e 16 curtas-metragens, além de existir uma presença maior de filmes portugueses no conjunto da programação. Alguns dos filmes estão em estreia nacional depois de terem passado pelo circuito de festivais estrangeiros, e outros em primeira exibição.
Em estreia mundial estarão A vida luminosa, primeira longa-metragem de ficção de João Rosas, ou as curtas-metragens Um dia, depois outro, de Catarina Romano, e Antígona ou a história de Sara Benoliel, de Francisca Mira Godinho.
A eles juntam-se o já premiado Hanami, da luso-cabo-verdiana Denise Fernandes, Duas vezes João Liberada, de Paula Tomás Marques, ou Pai Nosso – Os últimos dias de Salazar, de José Filipe Costa.
«Não sei se é uma consequência de um certo tempo de pausa e gestação durante a pandemia, mas a verdade é que deixámos vários filmes de fora que poderiam e mereciam estar no programa», disse Susana Rodrigues, a propósito do aumento de filmes portugueses.
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