Óscar Luso de Freitas Lopes nasceu em 1917 em Leça da Palmeira. Licenciado em Filologia Clássica pela Faculdade de Letras de Lisboa, em 1941, e mais tarde em Ciências Histórico-Filosóficas na Universidade de Coimbra, cursou no Conservatório de Música do Porto e no Instituto Britânico daquela cidade.
Autor de uma vasta e diversificada obra na área da Linguística e da crítica literária, o ensaísta Óscar Lopes tem na Gramática Simbólica do Português um dos seus mais reconhecidos trabalhos.
A entrada na docência na Faculdade de Letras do Porto fez-se tarde, fruto da sua militância no PCP. Antes disso foi professor do Ensino Secundário, entre 1941 e 1974, afirmando-se como um crítico exigente e um versátil e rigoroso ensaísta, versando sobre história, literatura e filosofia.
A par do notável trabalho intelectual, Óscar Lopes participou activamente, desde 1942, em vários movimentos democráticos antifascistas e na luta pela paz.
Preso duas vezes pela PIDE, a primeira das quais em 1955, no âmbito do processo dos partidários da paz, foi durante largos anos impedido de sair do País, proibido de publicar em nome próprio e impedido de leccionar no ensino oficial. Óscar Lopes não cedeu à repressão fascista de Salazar e, logo a seguir à Revolução dos Cravos, foi eleito presidente do Conselho Directivo da Faculdade de Letras da Universidade do Porto, tendo exercido o cargo de vice-reitor.
No PCP, partido em que militou desde os 28 anos, Óscar Lopes foi eleito para o Comité Central no VIII Congresso, realizado em 1976, onde permaneceu até 1996. Foi eleito à Assembleia Municipal do Porto e deputado à Assembleia da República.
Homem de Cultura
Do seu currículo destaca-se ainda a colaboração com revistas, como a Vértice, Seara Nova, e nas publicações das Faculdades de Letras do Porto e de Lisboa. Enquanto crítico literário colaborou com vários jornais diários nacionais, como o Jornal de Letras, e internacionais, designadamente no Brasil, o Estado de S. Paulo.
Prefaciou obras de Jorge Amado, Guimarães Rosa e de vários escritores portugueses, entre os quais Urbano Tavares Rodrigues, Eugénio de Andrade e de Manuel Tiago, pseudónimo usado por Álvaro Cunhal no romance Até amanhã, camaradas. Presidiu à Associação Portuguesa de Escritores, dirigiu a Associação de Jornalistas e Homens de Letras do Porto e foi um dos fundadores da Universidade Popular do Porto.
Em 1985 a Associação Portuguesa dos Críticos Literários atribuiu-lhe o Prémio Jacinto Prado Coelho. Óscar Lopes reagiu assim: «De qualquer modo, aproveito para declarar mais uma vez que não perfilho nem a estética, nem a filosofia da ambiguidade. Por muito confusa e indecisa que seja a nossa experiência humana, palavras como eu e nós carregam toda a evidência de uma complexa história de assimilação ou acomodação, e palavras como aqui e agora ligam-se à evidência de enquadramentos, dentro dos quais se nos impõe fazer qualquer coisa, entre um passado que está ainda presente sob a forma de resultados e representações, e um futuro evidenciado por um conjunto presente de expectativas a ponderar, e de alternativas a escolher».
Para homenagear esta «figura maior da cultura portuguesa», o PCP organizou uma exposição que se inaugura esta quinta-feira, pelas 18h, no Clube dos Fenianos Portuenses, junto à Câmara Municipal do Porto, com a participação do dirigente comunista Albano Nunes. A mostra estará patente ao público até 2 de Maio.
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