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Pessoas devem ver candidatura de Évora a Capital Europeia da Cultura «como sua»

A candidatura de Évora a Capital Europeia da Cultura 2027 vai aceitar convites para visitar associações, escolas e até particulares para lhes apresentar o conceito e pedir contributos para a estratégia.

O centro histórico de Évora foi classificado como Património Mundial da UNESCO em 1986
Créditos

«Não é tanto transmitir a candidatura, mas é para que as pessoas assumam a candidatura como sua e possam dar um contributo seu, individual ou colectivo», explicou hoje o presidente da Câmara Municipal de Évora, Carlos Pinto de Sá.

O autarca alentejano falava aos jornalistas no final de uma sessão de apresentação pública do dossiê de candidatura de Évora a Capital Europeia da Cultura (CEC) em 2027, realizada junto ao Mercado Municipal da cidade.

Na sessão, foi anunciado o arranque de um programa, denominado «À mesa com», que prevê que a equipa de missão aceite convites para visitar associações, escolas e até casas particulares para apresentar o conceito da candidatura.

«Queremos chegar ao cidadão comum e que o cidadão comum sinta a candidatura como sua e possa dar o seu contributo», pois no Alentejo «o saber fazer» surge da «experiência própria de cada um», sublinhou Carlos Pinto de Sá.

Segundo o autarca, a equipa de missão já está disponível para receber convites para iniciar este programa. Realçando que a sessão de hoje foi «a primeira» aberta ao público, Pinto de Sá lembrou que a programação inicial da candidatura, que previa visitas a «escolas, associações e bairros», foi alterada, devido à Covid-19.

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Évora a Capital Europeia da Cultura em 2027

A Candidatura foi ontem entregue pela Câmara Municipal de Évora ao Ministério da Cultura, ressalvando a «herança cultural, intangibilidade e biodiversidade» da cidade.

Évora 
Créditos / Agência Lusa

O mote é dado pela palavra alentejana «vagar». A candidatura de Évora a capital europeia da cultura em 2027 «pretende tornar a cidade e a região num centro de cultura e de pensamento sobre a acção da Humanidade a partir da cultura holística do Alentejo», afirma o comunicado da Câmara Municipal de Évora (CME) divulgado ontem.

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Festival Imaterial em Évora: «Um diálogo entre culturas distintas»

A iniciativa, que termina já este fim-de-semana, nasceu na cidade alentejana, que em 1986 foi reconhecida como património material pela UNESCO, com o intuito de celebrar a cultura imaterial do mundo. 

O centro histórico de Évora foi classificado como Património Mundial da UNESCO em 1986
Créditos

Hoje será a vez de Marc Lints, administrador do grupo Creoles Cultures, apresentar a «iniciativa de candidatura das culturas crioulas no património cultural imaterial da UNESCO» que tem vindo a ser preparada nos últimos anos. O processo tem por objectivo assegurar a «preservação de práticas artísticas concretas e à sensibilização de artistas e instituições para a promoção das suas culturas» nas comunidades crioulas.

Esta iniciativa, que decorrerá no Salão Nobre do Teatro Garcia de Resende, dará, de seguida, lugar a uma conferência sobre o património imaterial, onde se discutirão «os efeitos positivos e negativos da inclusão de várias expressões na lista da UNESCO». Será também dado destaque às consequências que advêm «dos movimentos migratórios nas culturas de raiz local e a responsabilidade comum para com estas expressões».

O festival, organizado pela Câmara Municipal de Évora, entende que «a cidade, a sua envolvência e toda a região do Alentejo Central tornam-se o palco perfeito para que as músicas que são património da humanidade se apresentem em lugares carregados de História e possam com cada um deles encetar um diálogo único».

Partindo da celebração da consagração do Cante Alentejano em 2014, a organização defende que, «num tempo em que muros, fronteiras e isolamentos tentam separar-nos do outro, o Imaterial é também um palco aberto para essa noção de que o outro é, afinal, cada um de nós nascido noutra circunstância».

Serão vários os concertos até ao próximo sábado, dia 26 de Junho, com showcases de grupos como Magalí Sare & Manel Fortià, da Catalunha, O Gajo e, a encerrar esta semana de concertos, Los Hermanos Cubero, de Castela, entre muitos outros que ocuparam na última semana o património da cidade de Évora de música e conferências.

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«O conceito é materializado através do programa cultural e artístico», apresentado ao júri, composto por 12 elementos, que vai anunciar a sua decisão no final de 2022/início de 2023. O projecto «reflecte um processo de auscultação que foi desenvolvido na cidade e na região durante cerca de um ano e meio».

«Évora 2027 centra-se nos desafios que a sociedade partilha enquanto colectivo, partindo do território para abordar questões como as alterações climáticas, as migrações forçadas, a cooperação global ou até mesmo a transformação digital». Esta candidatura é «uma oportunidade para reforçar o diálogo activo do sector cultural e criativo local, criando pontes com outras áreas da sociedade, com o resto do país e com a Europa».

Além da CME, que chefia a candidatura, a comissão executiva integra um conjunto de várias entidades municipais e culturais, como a Direcção Regional de Cultura do Alentejo, a Universidade de Évora, a Comunidade Intermunicipal do Alentejo Central ou a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Alentejo, a Entidade Regional de Turismo do Alentejo e Ribatejo, a Fundação Eugénio de Almeida e a Agência Regional de Promoção Turística do Alentejo.

Na corrida estão outras 11 cidades portuguesas: Aveiro, Coimbra, Braga, Faro, Funchal, Guarda, Leiria, Oeiras, Ponta Delgada, Viana do Castelo e Vila Real.

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«Agora, esperando que a pandemia nos dê tréguas, queremos fazer o que já queríamos ter feito anteriormente, que é pôr na rua a candidatura e, sobretudo, que as pessoas assumam a candidatura e a vejam como sua», insistiu.

Para o presidente da câmara municipal, o conceito da candidatura de Évora a CEC 2027, que tem como mote a palavra «vagar», está a ser «muito bem recebido e as pessoas identificam-se».

«O vagar não é no sentido que muitas vezes é atribuído aos alentejanos da preguiça ou da lentidão, mas é um conceito que pretende transformar, a partir da identidade cultural, a sociedade», disse.

A mudança pretendida, salientou Pinto de Sá, passa por as pessoas voltarem a «ter tempo para pensar, conviver com outras, passear e poderem em conjunto reflectir sobre o que é possível fazer para transformar a sociedade».

A lista das cidades candidatas a CEC 2027 vai ser anunciada no próximo dia 11 de Março. Quanto à decisão final do júri, composto por 12 elementos, dois deles portugueses, será conhecida em Dezembro de 2022 ou Janeiro de 2023, segundo a equipa de missão.


Com agência Lusa

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