Num discurso proferido na abertura da Conferência do Ministério dos Negócios Estrangeiros, em Damasco, o presidente sírio lembrou que, ao longo da história, a Síria tem sido um alvo para aqueles que querem ter maior controlo sobre o Médio Oriente e, dessa forma, maior influência no espaço internacional.
Ao abordar a natureza da guerra que o seu país enfrenta, Assad sublinhou que o Ocidente falhou na implementação do seu «projecto para a Síria», mas que tal não significa uma garantia de vitória e que a «batalha continua», refere a agência Sana.
A este propósito, o chefe de Estado enalteceu as conquistas diárias do Exército Árabe Sírio (EAS), o papel que os seus militares desempenharam e estão a desempenhar na luta contra o terrorismo, salientando que a possibilidade de tais avanços no terreno «foi maior e as baixas foram menores graças ao apoio político, económico e militar directo dos nossos amigos», aludindo à «colaboração inestimável» de diversos países com a Síria.
Sobre o futuro do país, Bashar al-Assad advertiu que tudo o que com ele se relaciona é uma questão «100% síria», deixando claro que «a unidade do território sírio é evidente por si mesma e não está sujeita a discussão».
A tempestade, o bulldozer e a guilhotina
Apesar de «ser verdade que o país perdeu a sua juventude e infra-estrutura», «o preço da resistência é bem inferior ao da rendição», afirmou o presidente sírio, que, perspectivando a guerra de agressão num contexto mais amplo, aludiu a um discurso que proferiu há 12 anos, reafirmando o que então disse.
Em 2005, falava-se na «árvore e na tempestade», e dizia-se que bastava à árvore dobrar-se quando a tempestade passasse para, no final, continuar de pé. No entanto, recordou Assad, quando o problema não fosse uma tempestade mas um bulldozer, «dobrar-se já não bastaria». «A única solução é ter raízes sólidas» para poder enfrentar o bulldozer.
Doze anos volvidos, «há quem não tenha aprendido a lição», disse o presidente sírio, frisando que, hoje, há «uma guilhotina sobre as cabeças de toda a gente na região», que «já tirou a vida a milhões» e que «vergar-se não serve de nada». A única solução é «destruir as guilhotinas», enfatizou.
Estratégias do Ocidente
Bashar al-Assad manifestou pouca consideração pelas mudanças recentes de posicionamento expressas por alguns países ocidentais sobre o governo sírio, afirmando que isso não evidencia uma «mudança de políticas», revela a Sana.
Comparando o Ocidente a «uma cobra, que muda de pele conforme as circunstâncias», o presidente sírio sublinhou que as potências ocidentais fracassaram na tentativa de criação de um «movimento popular» e, depois, no apoio às claras a grupos terroristas, sob a etiqueta de «oposição».
Agora, o Ocidente passou para o «produto humanitário e é nessa fase que estamos», disse, denunciando o «silêncio» existente quando os terroristas avançam e os pedidos de tréguas que se escutam quando os avanços no terreno são do EAS – sob o pretexto da «assistência humanitária», mas que visam dar aos terroristas a possibilidade de se reorganizarem. Neste contexto, abordou igualmente a guerra mediática e psicológica a que o país tem sido submetido nos últimos anos, mas sem ter afectado a sua luta determinada contra o terrorismo.
Diálogo e resultados modestos
Bashar al-Assad destacou a «flexibilidade» mantida pelo seu país no que respeita à participação nas várias iniciativas de diálogo lançadas, apesar de o governo saber de antemão que, da parte dos terroristas, apenas se procurava «alcançar resultados concretos que não lhes tinha sido possível obter no terreno».
A Síria participou nas conversações de Astana, no Cazaquistão, tendo «uma clara visão nacional e confiança nos seus amigos, o Irão e a Rússia». No entanto, os «resultados foram modestos, ou, se quisermos falar francamente, os resultados destas iniciativas não existiram», frisou Assad, citado pela Sana.
Sobre o papel da Turquia e do seu presidente, Recep Tayyip Erdogan, disse: «Desde que foi exposto o seu apoio aos terroristas, assume o seu papel de pedinte político. Não consideramos o lado turco como um parceiro ou um garante, nem confiamos nele».
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