|Síria

Caças israelitas escudaram-se em aviões civis para atacar território sírio

No ataque perpetrado quarta-feira contra alvos na província de Homs, Israel voltou a usar a aviação civil como escudo contra o sistema de defesa aéreo da Síria, acusou um oficial russo.

Ataque aéreo israelita contra os arredores de Damasco (imagem de arquivo) 
Créditos / al-Ikhbariyah / PressTV

O contra-almirante Vadim Kulit, vice-chefe do centro russo para a reconciliação na Síria, confirmou esta quinta-feira que, no dia anterior, quatro caças F-16 Sufa da Força Aérea Israelita entraram em território sírio, nas proximidades de al-Tanf, numa zona ocupada pelos Estados Unidos junto à fronteira com a Jordânia e o Iraque, e levaram a cabo um ataque.

Usando mísseis de longo alcance, entre as 23h35 e as 23h39 de dia 13, os caças atingiram uma unidade de processamento de minério de fosfato e destruíram uma torre de comunicações perto da cidade de Palmira, disse o militar russo em conferência de imprensa, acrescentando que «um soldado do Exército Árabe Sírio foi morto e três outros ficaram feridos na sequência do ataque».

Vadim Kulit disse ainda que o comando militar sírio decidiu não activar as defesas anti-aéreas porque, quando os caças israelitas levaram a cabo o ataque, dois aviões civis de passageiros voavam sobre a zona de destruição, revela a agência Sputnik. A TASS acrescenta que um dos aviões seguia do Dubai para Beirute e o outro de Bagdade para Damasco.

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Rússia responsabiliza Israel por abate de avião Il-20 na Síria

Um avião russo foi destruído pela defesa anti-aérea síria. Os militares russos afirmam que a «provocação israelita» está na origem do sucedido e reservam-se «o direito de responder em conformidade».

Ataque ao porto de Latakia levado a cabo pelas forças israelitas
Créditos / Twitter

O comando da base aérea russa de Khmeimim, na província síria de Latakia, perdeu o contacto com o Il-20 ontem à noite, pelas 23h (hora local), quando o avião se encontrava sobre o Mar Mediterrâneo, a cerca de 35 quilómetros da referida base, indicou hoje em comunicado o Ministério russo da Defesa.

O desaparecimento ocorreu no momento em que quatro caças israelitas F-16 lançaram um ataque contra alvos em Latakia. De acordo com os militares russos, os aviões israelitas usaram o avião de transporte militar Il-20 «como escudo, expondo-o ao fogo da defesa anti-aérea síria».

Assim, «como a superfície reflectora efectiva» do Il-20 é muito maior que a de um F-16, o primeiro foi abatido por um míssil terra-ar S-200 sírio, precisa a nota.

«Quinze militares russos morreram por culpa das acções irresponsáveis de Israel na Síria», afirma o comunicado, referindo que os aviões israelitas criaram «deliberadamente uma situação perigosa» ao realizar o ataque perto da fragata francesa Auvergne e do avião Il-20, que se preparava para aterrar.

Moscovo, que «se reserva o direito a responder em conformidade», criticou ainda os israelitas por não terem avisado antecipadamente o comando russo sobre a operação. «Fomos avisados por linha directa menos de um minuto antes de começar o ataque, o que não deu tempo para retirar o avião para uma zona segura», afirma o texto, citado pela HispanTV.

Ataques frequentes de Israel à Síria

Israel, como é habitual nestas ocasiões, não fez comentários sobre os raides aéreos na Síria. No entanto, desde o início da guerra de agressão à Síria, têm sido frequentes os ataques aéreos israelitas contra alvos no país vizinho.

Recentemente, militares israelitas reconheceram ter realizado mais de 200 ataques em território sírio nos últimos 18 meses, alegando estar a destruir alvos iranianos. Damasco tem reiterado as acusações contra as forças sionistas de violação da sua soberania e de ajuda militar, médica e logística aos grupos terroristas.

O ataque de ontem dá-se poucas horas depois de, em Sochi (Rússia), os presidentes russo, Vladimir Putin, e turco, Recep Tayyip Erdogan, terem chegado a um acordo para criar uma zona desmilitarizada – com 15 a 20 quilómetros de largura – entre o Exército Árabe Sírio e os grupos terroristas em toda a fronteira administrativa entre a província de Idlib e as de Hama e Alepo. De acordo com o ministro russo da Defesa, Sergei Shoigu, o acordo conta com o apoio de Damasco.

O ataque ocorre também num contexto em que os EUA e vários países-membros da NATO enviam cada vez mais navios de guerra para o Mediterrâneo Oriental, onde a Rússia também mantém forte presença – navios equipados com mísseis de cruzeiro Kalibr e submarinos.

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Não é a primeira vez que Israel, que ataca repetidamente alvos em território sírio, usa a aviação civil como escudo contra o sistema de defesa anti-aéreo sírio, de fabrico russo.

Em Fevereiro deste ano, um avião Airbus A320, com 172 passageiros a bordo e que tinha Damasco como destino, teve de fazer uma aterragem de emergência na base aérea de Khmeimim, na província de Latakia, durante um ataque aéreo israelita.

Em Setembro de 2018, um avião russo Il-20 foi abatido pela defesa anti-aérea síria quando realizava uma operação de supervisão na província de Idlib. Na mesma altura, quatro caças israelitas F-16 estavam a atacar diversos alvos na província de Latakia, usando o avião de reconhecimento russo como escudo.

Quinze militares russos e dois sírios foram mortos. Moscovo responsabilizou Telavive pelo sucedido e, por entre retaliações russas para «arrefecer as cabeças quentes», as autoridades israelitas foram forçadas a pedir desculpas à Rússia.

O ataque israelita de quarta-feira foi o segundo em poucos dias contra território sírio e, concretamente, contra a província de Homs. No dia 8, seis caças entraram em espaço aéreo sírio e lançaram vários mísseis contra a base T-4 – a maioria dos quais, refere a SANA, foi interceptada. Seis soldados sírios ficaram feridos.

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