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Caetano Veloso visitou agricultores do MST na terra onde nasceu

Em Santo Amaro, no Recôncavo da Bahia, onde nasceu, Caetano teve oportunidade de falar com os sem-terra e conhecer melhor a história de luta e resistência do assentamento Paulo Cunha.

Acompanhado pelas famílias do assentamento, Caetano Veloso pôde conhecer a história de luta do assentamento Paulo Cunha, em Santo Amaro
CréditosJonas Santos / MST

O assentamento Paulo Cunha, do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), localizado no município de Santo Amaro, a 52 quilómetros de Salvador, na Bahia, recebeu este domingo a visita do cantor e compositor Caetano Veloso.

Natural deste município da região do Recôncavo Baiano, onde cresceu, o cantor brasileiro visitou algumas das casas das 170 famílias que integram o assentamento Paulo Cunha, procurando aprender com os trabalhadores sem-terra e apoiar a sua luta.

«Eu nasci em Santo Amaro, criei-me em Santo Amaro, eu sou daqui assim como vocês», disse Caetano Veloso, que, acompanhado por várias famílias, pôde conhecer a história da região e, segundo revela o MST no seu portal, «ver de perto as conquistas obtidas com a luta pela terra», que hoje se materializam na produção diversificada de alimentos saudáveis.

Luta, resistência e organização

MST e Brasil de Fato referem que, no âmbito do processo da reforma agrária, a luta pelo direito à terra e à habitação na região ocorreu ao longo dos anos 2000. Com 3115 hectares, o assentamento Paulo Cunha, baptizado em homenagem a um agrónomo apoiante do movimento, localiza-se onde ficava a fazenda de Nossa Senhora do Socorro.

A conquista definitiva do espaço deu-se no final dos anos 2000, após vários despejos, permitido que centenas de sem-terra passassem a ter «uma vida digna», trabalhando a terra e construindo «colectivamente um novo modo de vida».

Um espaço antes dominado pelo capim faz hoje uma aposta decidida na agroecologia e é responsável pelo abastecimento de alimentos saudáveis da cidade de Santo Amaro e de cidades vizinhas. O espaço conta com uma escola do ensino básico, construída pelos habitantes e onde estudam cerca de 50 crianças.

A importância da visita de Caetano

Lucinéia Durães, da direcção nacional do MST, acompanhou de perto a visita de do músico ao assentamento, a que atribuiu uma «simbologia importantíssima». «Caetano sempre foi uma pessoa que se posicionou ao lado dos direitos do povo trabalhador, desde a época da ditadura. Ele ter vindo aqui é mais uma acção do seu posicionamento político», disse a dirigente à página do MST.


A visita de Caetano, que nasceu em Santo Amaro mas vive no Rio de Janeiro, é, no entender de Lucinéia, «um importante passo para o diálogo em torno da Reforma Agrária Popular» – sem desvalorizar as de «tantos outros que visitam o MST pelo Brasil», frisou.

Nos contactos com os sem-terra, antes de concluir a sua temporada de Verão bainano e regressar ao Rio, o músico brasileiro pôde ver de perto «14 anos de história de luta e resistência do assentamento», um espaço onde as famílias têm a agroecologia «como estilo de vida», o que, segundo o MST, possibilita um «grande aumento na produção de alimentos saudáveis».

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