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Campanha israelita de limpeza étnica no Norte de Gaza há mais de 50 dias

As forças de ocupação intensificam os ataques ao Norte do enclave, arrasando bairros inteiros e apertando um cerco que dura há 52 dias, com a população privada de bens essenciais e medicamentos.

Palestinianos das zonas mais a sul do campo de refugiados de Jabalia (Norte da Faixa de Gaza) são deslocados à força pelas tropas israelitas, levando o que podem; a 22 de Outubro de 2024 CréditosDawoud Abo Alkas / Anadolu

Este domingo, a agência Wafa lembrou que mais de 2000 pessoas foram mortas no contexto da ofensiva israelita contra a região mais setentrional da Faixa de Gaza.

«Bairros inteiros foram arrasados ​​​​e mais de metade da população da região, aproximadamente 200 mil pessoas, foi deslocada como consequência dos bombardeamentos incessantes e do bloqueio», nota a fonte.

Nas últimas semanas, o ocupante israelita forçou dezenas de milhares de residentes da província de Gaza Norte a deslocarem-se para sul, sobretudo para a Cidade de Gaza, naquilo que parece ser um esforço sionista para criar uma «zona tampão» ou área de separação.

Apesar deste esforço acrescido da parte israelita, muitos palestinianos recusaram-se a abandonar as suas casas, e as cerca de 80 mil pessoas que ainda permanecem no Norte do enclave costeiro estão a viver em «condições catastróficas», testemunhando diariamente cenas de «destruição e privação implacáveis», sublinha a agência.

Além dos bombardeamentos aéreos, dos disparos de tanques e dos ataques de drones, vivem o agravamento diário da situação humanitária e enfrentam a falta de condições mínimas à sobrevivência, como comida, água potável, medicamentos e cuidados médicos.

«As condições já terríveis pioraram com o início do Inverno, agravando a miséria dos mais de dois milhões de palestinianos deslocados em Gaza. Milhares de famílias vivem agora em tendas improvisadas ou em edifícios inseguros, expostas ao frio e sem meios para sobreviver às duras condições», sublinha a Wafa.

Neste contexto, a agência oficial palestiniana destaca que o sistema de saúde no território se encontra «paralisado», com hospitais «sobrecarregados e incapazes de prestar cuidados ao número crescente de feridos».

Outra consequência do cerco e da destruição incessante impostos por Israel é a fome que alastra no enclave – a situação não é exclusiva ao Norte da Faixa de Gaza –, apesar dos apelos reiterados da parte da Organização das Nações Unidas e (ONU) outros organismos internacionais para que a ajuda humanitária possa ali entrar.

«A ONU alertou que, sem acesso urgente a abastecimentos essenciais, Gaza poderá enfrentar uma catástrofe humanitária em grande escala, com milhões de pessoas em risco de fome e doenças», relembra a fonte.

De acordo com os dados divulgados ontem pelas autoridades de saúde em Gaza, desde 7 de Outubro de 2023, a agressão israelita contra o território provocou 44 211 mortos e 14 567 feridos.

A mesma fonte refere que a maior parte das vítimas são mulheres e crianças, e que muitos corpos continuam sob os escombros ou espalhados pelas estradas, uma vez que as forças de ocupação continuam a colocar entraves às equipas de resgate da Protecção Civil.

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