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Espiões da Mossad apoiam Estado Islâmico no terreno

Nas últimas semanas diversos responsáveis iraquianos, civis e militares, têm acusado Israel de apoio ao Daesh no Iraque, denunciando que espiões da Mossad colaboram no terreno com o grupo terrorista.

Emblema da Mossad.
Créditos / López-Doriga Digital

Jabbar al-Amouri, que preside ao Conselho de Ulemas (eruditos, segundo o Islão) na província iraquiana de Dyala, declarou ao sítio de notícias árabe Baghdad al-Youm «haver muitas provas e evidências do apoio de Israel ao Estado Islâmico (Daesh) no Iraque, por intermédio da Mossad», reporta a agência iraniana Fars News.

O clérigo acrescentou que as forças de segurança iraquianas encontraram medicamentos, bombas e avançados sistemas de comunicação israelitas em bases do Daesh em Amerli e Suleiman Beik, localidades próximas da cidade de Tuz Khormatuz, província de Salahuddin, a norte de Bagdade. Esta questão vital, segundo Al-Amouri, terá passado despercebida aos mídia devido a o foco destes recair sobre o relato dos combates em curso.

Na segunda-feira passada um alto funcionário do Comité de Segurança e Defesa do parlamento iraquiano, Karim al-Mohammadawi, declarou ao sítio de notícias árabe al-Ma'aloumeh que «um largo número» de espiões israelitas se encontram nas bases militares norte-americanas situadas nas províncias iraquianas ocidentais do Iraque ocupadas pelos EUA a pretexto do combate ao Daesh. Uma semana antes um parlamentar iraquiano tinha denunciado a Embaixada dos EUA em Bagdade como sendo «um ninho da Mossad e do Daesh», juntando-se às vozes que exigem o seu encerramento.

Os agentes secretos da Mossad no terreno, em vez de fornecerem informações que permitam destruir os grupos do Daesh ainda em actividade, fornecem a Israel «informações precisas» para que este ataque as forças que enfrentam os terroristas islâmicos, como é o caso da milícia Hashd al-Shaabi (Unidades de Mobilização Popular).

Al-Mohammadawi acusou os agentes da Mossad de serem os transmissores da informação que permitiu à força aérea israelita atacar as posições da Hashd al-Shaabi na província de Salahuddin, onde aquela desenvolve uma ofensiva contra o Daesh.

Na sexta-feira passada, dia 19, vários meios de informação no Médio-Oriente noticiaram um ataque aéreo não reivindicado a uma base da milícia. «A base de Al-Shuhada da Hashd al-Shaabi na região de Amerli foi atingida esta madrugada por drones não identificado», declarou o exército iraquiano no mesmo dia.

O sítio de notícias árabe al-Ahd, citando fontes oficiais de segurança, confirmou que as posições da milícia foram bombardeadas por mísseis-suicidas israelitas Harop, disparados a partir de um avião ou de drones, os quais explodem ao tocar o alvo. A mesma fonte declarou que as cabeças explosivas dos mísseis podem ser controladas remotamente até mil quilómetros de distância, e que «apenas Israel, no Médio-Oriente, possui este tipo de armas».

Israel procura travar ofensiva contra o Daesh?

Nos últimos dois meses o exército iraquiano tem vindo a desenvolver operações para expulsar as forças do Daesh dos montes Jabal Hamrin, no Nordeste do Iraque e não muito distantes da fronteira afegã, onde vários dos seus grupos se entrincheiraram após as derrotas sofridas em 2017.

Na operação os combatentes da Hashd al-Shaabi têm desempenhado um papel determinante. Uma semana antes do ataque israelita, a 13 de Julho, o comandante da sua 24.ª brigada dava conta de um assalto a uma posição inimiga  em Jabal Hamrin e da morte, durante o mesmo, de um comandante do Daesh.

A milícia Hashd al-Shaabi foi formada em 2014 por voluntários xiitas para combater o avanço do Estado Islâmico no Iraque, mas em breve se lhe juntaram voluntários de outras confissões: sunitas, cristãos e yazidis. No entender de especialistas militares, foi esta milícia que «fez a diferença no terreno» para derrotar o Daesh. A partir de 2017 a Hashd al-Shaabi foi integrada no Exército do Iraque como força especial deste.

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