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EUA treinam terroristas para ataques nas ex-repúblicas soviéticas, acusa Moscovo

Forças norte-americanas na Síria estão a recrutar e treinar dezenas de jihadistas para levar a cabo ataques na Rússia e outros estados da ex-União Soviética, revelam os serviços secretos russos.

Forças de ocupação norte-americanas na Síria, em 2018 
CréditosHussein Malla / The Cradle

As forças de ocupação dos EUA na Síria têm estado a treinar pelo menos 60 militantes ligados ao Daesh e à Al-Qaeda, na base de al-Tanf (na Síria, junto à fronteira com a Jordânia e o Iraque), para que realizem ataques no território da Rússia e de outros países da Comunidade dos Estados Independentes (CEI), segundo os serviços secretos russos (SVR).

«De acordo com informações fidedignas recebidas pelo Serviço de Inteligência Externa da Rússia, o Exército norte-americano está a recrutar activamente militantes de grupos jihadistas filiados no Daesh e na Al-Qaeda para levarem a cabo ataques terroristas na Rússia e países da CEI», afirma o SVR num comunicado de 13 de Fevereiro citado pela agência TASS.

No texto, afirma-se que 60 destes terroristas, com experiência de combate no Médio Oriente, foram seleccionados em Janeiro e estão a receber formação acelerada em al-Tanf, para aprender a fazer e a utilizar engenhos explosivos improvisados, bem como métodos subversivos.

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Ucrânia, o rastilho da Europa

Entre a riqueza armamentista e a miséria social, este país a funcionar como base militar da NATO transformou-se num rastilho de guerra, talvez o mais inquietante, susceptível de incendiar a Europa e o mundo.

Militares ucranianos no Donbass (foto de arquivo)
Créditos / Telegraph.ua

A administração colonial formada pelos Estados Unidos e a União Europeia que desde 2014 gere a Ucrânia, com apoio em entidades nazis saudosas de Hitler, criou a maior plataforma de guerra e de provocação que ameaça toda a Europa ao mesmo tempo que transformou o país num espaço de miséria.

Desde 2014 que, à luz do golpe da Praça Maidan dado em nome «da democracia», que Washington e Bruxelas vêm militarizando a Ucrânia recorrendo, sem rebuço nem vergonha, a uma máfia política mergulhada em corrupção e em traficâncias neoliberais; criando assim condições para conduzir uma guerra interna contra as populações russófonas da região do Donbass e desenvolvendo uma atmosfera de hostilidade contra a Rússia e a Bielorrússia propícia às manobras agressivas e provocatórias da NATO.

Nas operações internas tem-se distinguido, pela crueldade exercida contra as populações civis, o instrumento de mão do regime, a Guarda Nacional, corpo criado a partir do golpe de 2014 integrando estruturas retintamente nazis, como é o caso do batalhão Azov. Notícias vindas regularmente a público, mas que não cabem nos pacotes propagandísticos da comunicação social corporativa, dão conta de que estes grupos hitlerianos frequentam as acções de formação ministradas por altos quadros militares norte-americanos e europeus em situação de reserva mas realmente integrados nas estruturas da NATO.

Já em Novembro deste ano o regime de Kiev recebeu mais 60 milhões de dólares em material militar, incluindo 80 toneladas de munições, da administração Biden – a quarta remessa desde Agosto enviada de Washington. Joseph Biden, então como vice-presidente de Obama, foi um dos principais operacionais do golpe de Maidan, recorrendo principalmente aos serviços de campo de Victoria Nuland, quadro superior do Departamento de Estado envolvida directamente na conspiração, na acção e na formação dos primeiros governos do regime. A propósito desta manobra, na qual os Estados Unidos fizeram questão de exercer exclusividade absoluta, Nuland pronunciou a célebre frase «fuck the UE», um escândalo diplomático entre «aliados» que Bruxelas, fiel à sua subserviência em relação a Washington, reduziu a um não-acontecimento. A expressão foi proferida numa conversa com o então embaixador norte-americano em Kiev, Geoffrey E. Pyatt, agora em Atenas conduzindo as acções de conspiração e provocação nos Balcãs.

«Joseph Biden, então como vice-presidente de Obama, foi um dos principais operacionais do golpe de Maidan (...)»

O actual presidente norte-americano tem uma forte ligação «sentimental» à Ucrânia. Utilizando o filho Hunter Biden como testa de ferro, Joseph Biden entrou em força nos negócios de petróleo e gás do país; no seu actual governo colocou na mais elevada das posições, a de secretário de Estado, o norte-americano e ucraniano Anthony Blinken. De 2014 para cá têm passado pela administração ucraniana vários ministros e ministras de nacionalidade e ascendência norte-americana, ou mesmo indivíduos com formação nos Estados Unidos e que já foram presidentes de outros países, como o caso do georgiano corrupto Shakashwili.

Desde o golpe de 2014, segundo o actual secretário da Defesa norte-americano, Lloyd Austin, os Estados Unidos injectaram na Ucrânia mais de 2500 milhões de dólares em material militar, incluindo recentemente os mísseis antitanque Javelin, que já foram utilizados na guerra contra o Donbass, de acordo com Kyrilo Budanov, chefe da espionagem militar de Kiev. Confirmando-se assim que o governo ucraniano tem como política a violação dos acordos de Minsk, que determinam uma solução política e não militar para o conflito na região.

Budanov foi mais longe e assegurou que os mísseis Javelin foram usados igualmente «contra forças russas». Esta afirmação deve ler-se, porém, à luz do facto de Kiev considerar as forças militarizadas de autodefesa do Donbass como «parte do exército russo». Uma asserção que faz parte do discurso provocatório oficial ucraniano.

De realçar ainda que o equipamento das forças militares de influência nazi da Ucrânia foi ainda reforçado recentemente com drones ofensivos Bayraktar, de fabrico turco. O ditador Erdogan é um dos pilares internacionais de sustentação do regime autocrático de Kiev, apesar da crescente degradação das condições económicas do seu país.

Provocação em curso

Há pouco mais de uma semana, os serviços de espionagem norte-americanos municiaram a Comissão Europeia com supostas «informações secretas», segundo as quais a Rússia se prepara para invadir a Ucrânia no início do próximo ano, designadamente a partir da Crimeia e da Bielorrússia.

Embora fazendo parte da alimentação permanente da hostilidade da União Europeia para com a Rússia, esta diligência pode traduzir um novo nível da agressividade da NATO em relação a Moscovo. Há poucos dias, tirando proveito da situação criada com o problema dos refugiados entre a Bielorrússia e a Polónia, a Aliança Atlântica reforçou com mais umas dezenas de tanques o seu dispositivo de guerra alegadamente contra Minsk mas que, em última análise, tem a Rússia como alvo principal.

Na sequência das mais recentes operações militares de Kiev contra o Donbass, utilizando nomeadamente os mísseis de fabrico norte-americano Javelin, como o chefe da espionagem militar ucraniana confirmou, o exército russo reforçou os dispositivos militares na fronteira ucraniana. Algo que Moscovo já fizera anteriormente e que dissuadiu então as forças de Kiev de prosseguirem uma das frequentes ofensivas contra o Leste do país.

Os Estados Unidos pretendem que se interpretem estas movimentações como uma ameaça iminente de invasão da Ucrânia pela Rússia. Washington e a NATO, que se caracterizam por fazer manobras militares agressivas em praticamente todo o mundo, onde dispõem de 800 bases militares muito para além das suas próprias fronteiras, têm assim a desfaçatez de qualificar como indícios de agressão as movimentações militares a que outros países procedem, de maneira soberana, exclusivamente no interior dos seus territórios. A Rússia, recorda-se, está cercada pela presença exorbitante de tropas da NATO nas suas fronteiras, oriundas até de nações muito distantes.

«Washington e a NATO, que se caracterizam por fazer manobras militares agressivas em praticamente todo o mundo, onde dispõem de 800 bases militares muito para além das suas próprias fronteiras, têm assim a desfaçatez de qualificar como indícios de agressão as movimentações militares a que outros países procedem, de maneira soberana, exclusivamente no interior dos seus territórios.»

As acusações de Kiev e da NATO pronunciadas a propósito de supostas intenções agressivas de Moscovo são entre outras coisas, e como é fácil de perceber, cortinas de fumo para tentar resolver militarmente a guerra contra o Donbass e para o reforço cada vez mais intenso do massivo dispositivo da Aliança Atlântica ameaçando a Rússia.

Um regime de miséria

Entre 2013 e 2021 a Ucrânia transformou-se, como um todo, numa das maiores bases militares da NATO. Os armamentos e as capacidades militares presentes no país são absolutamente desproporcionadas e insultuosas em relação às grandes necessidades da esmagadora maioria da população, cada vez mais desprovida de condições essenciais de vida e até de sobrevivência.

O sistema autocrático e castrense instituído em Kiev pela administração colonial de Washington e Bruxelas, em nome «da democracia» e da «ameaça russa», é um regime de autêntica miséria, com estratos sociais reduzidos a uma penúria degradante. A «libertação» consumada a partir da «revolução colorida» de Maidan, que rapidamente se tornou sangrenta através da acção das tropas de choque nazis, conduziu a Ucrânia à cauda da Europa em matéria de condições sociais, económicas e humanas.

Através de dados recolhidos em fontes como o FMI, o Banco Mundial, o serviço oficial de estatísticas de Kiev e o Banco Central da Ucrânia é possível perceber o estado dramático do país, um cenário inversamente proporcional à riqueza das suas aptidões militares.

De 2013 até 2020, a população da Ucrânia reduziu-se de 45,5 milhões de pessoas para 30,1 milhões – ou mesmo para 28 milhões, segundo fontes diferenciadas.

Dessa redução de 15 milhões na população, cerca de 10 milhões deixaram o país em busca de melhores condições de vida em países da União Europeia e na Rússia. Grande parte dessas pessoas adquiriram já as nacionalidades dos países de acolhimento e chamaram as respectivas famílias. Deixaram, em grande parte, de contribuir para a economia ucraniana.

Os restantes cinco milhões de pessoas a menos traduzem o aumento de mortalidade em relação aos valores médios registados até 2013.

«A "libertação" consumada a partir da "revolução colorida" de Maidan, que rapidamente se tornou sangrenta através da acção das tropas de choque nazis, conduziu a Ucrânia à cauda da Europa em matéria de condições sociais, económicas e humanas.»

Segundo elementos fornecidos pelo FMI e pelo Banco Mundial, o Produto Interno Bruto (PIB) ucraniano desceu de 183 300 milhões de dólares em 2013 para 155 500 milhões em 2020, ou seja uma queda da ordem dos 15% desde a instauração «da democracia» por Washington e a UE.

O rendimento médio per capita caiu em média de 4030 dólares em 2013 para 3725 dólares em 2020 – 310 dólares por mês (menos de 300 euros). No entanto, a grande maioria da população, cerca de 70%, tem um rendimento mensal de 210 a 215 dólares, isto é, mais ou menos 200 euros. Naturalmente o poder de compra baixou cerca de 20%. Os preços da alimentação e dos medicamentos são os mais elevados em comparação com os dos países vizinhos.

Dados oficiais revelam ainda que um terço da população, 10 milhões de pessoas, sofre de subnutrição; e dois milhões passam fome num país onde as desigualdades continuam a crescer, como é próprio das ditaduras neoliberais.

A indústria ucraniana colapsou 25% e a dependência energética em combustíveis fósseis e electricidade continua a aumentar, sobretudo em relação à Rússia, país com o qual a Ucrânia se diz «em guerra», e à Bielorrússia, país contra o qual funciona como plataforma de conspiração e actividades subversivas.

Apesar de a Ucrânia se ter transformado num paraíso neoliberal, nem sequer se consegue afirmar como um farol para o investimento estrangeiro, antes pelo contrário: esse valor desceu de 5600 milhões de dólares em 2013 para 800 milhões de dólares em 2020, isto é, sete vezes menos do que antes do golpe.

Neste quadro verdadeiramente trágico, a publicação anual Doing Business do Banco Mundial conseguiu encontrar em 2020 um rating de «sucesso» para a Ucrânia. O resultado foi tão pouco convincente que o próprio Banco Mundial veio a considerá-lo depois como «distorcido», levantando assim suspeitas de que terá sido fabricado graças a incentivos financeiros irregulares. O regime ucraniano, de tão protegido pelos seus gestores internacionais, consegue até exportar corrupção, revelando grandes aptidões na matéria.

Entre a riqueza armamentista e a miséria social, este país a funcionar como base militar da NATO, mesmo sem pertencer formalmente à organização, transformou-se num rastilho de guerra, talvez o mais inquietante, susceptível de incendiar a Europa e o mundo.

Basta uma faúlha. E a NATO, com a colaboração prestimosa da União Europeia, parece andar à procura da maneira de a atear. Condições e marionetas não faltam na Ucrânia.

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«Está a ser dada ênfase particular ao planeamento de ataques contra instalações fortemente guardadas, incluindo missões diplomáticas estrangeiras», alerta o SVR, acrescentando que os planos de Washington passam pelo envio de pequenos grupos de militantes para a Rússia e outros países da CEI.

De acordo com o comunicado do SVR, divulgado pela TASS, este plano envolve a cooperação de células clandestinas de organizações terroristas internacionais, nomeadamente Hizb ut-Tahrir, Jamaat Ansarullah e Movimento Islâmico do Uzbequistão.

«Tais acções colocam Washington em pé de igualdade com os grandes grupos terroristas internacionais», denunciam os serviços russos.

Esta acusação por parte de Moscovo ocorre poucos dias depois de o jornalista Seymour Hersh ter revelado que a administração norte-americana realizou, o ano passado, uma operação secreta em alto mar para fazer explodir o oleoduto russo Nord Stream 2.

Outro aspecto destacado pela imprensa (alguma), a propósito do comunicado desta segunda-feira dos serviços secretos russos, é o de que a Rússia tem acusado reiteradamente os EUA de treinarem centenas de militantes jihadistas – do Daesh, da Al-Qaeda, da Hayat Tahrir al-Sham – nas suas bases na Síria antes de os mandar para os campos de batalha na Ucrânia, na sequência da invasão russa, em Fevereiro de 2022.

O ano passado, Igor Konashenkov, porta-voz do Ministério russo da Defesa, disse que havia mercenários e especialistas militares de 64 países envolvidos no conflito na Ucrânia, refere o portal The Cradle.

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EUA continuam a proteger terroristas na base ilegal de al-Tanf

Washington transfere terroristas para a base ilegal que possui em al-Tanf, junto à fronteira com a Jordânia e o Iraque, onde os apoia, treina e utiliza para desestabilizar a Síria, denunciam as autoridades.

A presença das tropas norte-americanas na Síria foi sempre denunciada e considerada ilegítima pelo governo de Damasco
As autoridades sírias acusam os militares dos EUA de apoiarem e treinarem elementos do Daesh para prolongar a guerra e desestabilizar o país Créditos / drimpic.pw

As forças de ocupação norte-americanas transportaram de helicóptero para a base de al-Tanf 70 terroristas do Daesh que estavam presos na antiga Escola Industrial de Hasaka, no Nordeste da Síria, informou esta segunda-feira a agência estatal SANA.

Trata-se do segundo caso reportado em duas semanas, depois de no passado dia 5 outros 60 terroristas do Daesh terem sido transportados para a mesma base a partir de prisões localizadas na província de Hasaka. De acordo com as autoridades, as prisões estavam sob controlo das chamadas Forças Democráticas Sírias (FDS, na sua maioria curdas).

Na base de al-Tanf, localizada a cerca de 220 quilómetros de Damasco, os militares norte-americanos apoiam e treinam elementos do Daesh, integram-nos noutros grupos, com várias designações, e promovem ataques, sobretudo na vasta região desértica de Al-Badiya, contra o Exército Árabe Sírio.


A denúncia da situação, reiteradamente apontada pelo governo sírio, assim como pela Rússia e o Irão, tem ganho consistência com o testemunho de desertores e elementos do Daesh capturados.

De acordo com Damasco, os ataques recentes do Daesh contra militares e civis no deserto sírio foram planeados e apoiados pelas forças de ocupação dos EUA com o objectivo de prolongar a guerra no país levantino.

Manifestação em Hasaka contra as FDS e a ocupação estrangeira

Dezenas de residentes de Hasaka manifestaram-se na Praça Hafez al-Assad, no centro da cidade, em protesto contra o assédio imposto pelas FDS aos bairros sob controlo do Exército Árabe Sírio e para denunciar os cortes sucessivos no abastecimento de água, levados a cabo pelos ocupantes turcos.

Em declarações à Al Mayadeen, o general Ghassan al-Khalil, governador da província de Hasaka (Nordeste da Síria), denunciou os «crimes cometidos contra o povo sírio» na província, como o corte de água e de electricidade, o corte de estradas e o impedimento à passagem de alimentos, «numa tentativa de subjugar a população à vontade dos ocupantes».

Os manifestantes também consideraram que se trata de uma «pressão para os submeter à ocupação», tanto os bloqueios impostos pelas FDS nos acessos a alguns bairros da cidade, com o apoio dos Estados Unidos, como os cortes de água feitos pelos turcos e os grupos terroristas que lhes são leais.

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Em Maio de 2022, o SVR afirmou que havia aproximadamente 500 terroristas e militantes do Cáucaso e dos países da Ásia Central a receber treino na base de al-Tanf para realizarem acções de sabotagem e terrorismo contra unidades das Forças Armadas russas, tanto na Síria como na Ucrânia.

Os Estados Unidos são há muito acusados – por Damasco e Moscovo – de treinarem e apoiarem militantes terroristas na Síria (e também no Iraque).

Em Agosto de 2022, o embaixador russo junto das Nações Unidas, Vassily Nebenzya, disse ao Conselho de Segurança que a retirada das forças norte-americanas da Síria «acabaria» com a presença de grupos terroristas no país, refere a PressTV.

«A retirada das forças de ocupação dos EUA do território sírio significaria uma rápida e inevitável eliminação da presença terrorista neste país tão sofrido e das redes terroristas nos estados vizinhos», disse então o representante russo.

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